Capítulo 43

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Sloan atravessava a ponte que unia Anforth, com o rio Sallow correndo abaixo de seus pés. A cidade vibrava com a agitação habitual, e o entusiasmo com a presença dos Guardiões se espalhava como uma febre. Seus olhos amarelos percorreram as águas onde criaturas marinhas nadavam despreocupadas. Algumas sages e ninfas acenaram para ele antes de desaparecerem novamente nas profundezas. O cheiro dos peixes que chegavam das embarcações o fez torcer o nariz. Ele puxou as mangas da túnica escura, como se isso pudesse afastar o desconforto.

Parando no meio da ponte, Sloan apoiou-se no parapeito rochoso, olhando o horizonte além do rio. Um suspiro pesado escapou de sua garganta. Ficou ali, imóvel, enquanto a maré de pensamentos o arrastava para memórias indesejadas. Desde que a carta de seu pai chegara, sua mente não encontrava paz. As palavras ameaçadoras de Ethel, o rei de Khaz, ecoavam em sua cabeça, trazendo à tona os pesadelos de sua infância. Ele apertou os olhos, tentando afastar a lembrança do chicote cortando sua pele, e mordeu o lábio para conter o rosnado que queria sair.

Então, uma mão apertou seu ombro.

Sloan reagiu instantaneamente, agarrando o pescoço de quem ousava tocá-lo, as garras afiadas prontas para rasgar. Seus olhos arregalaram ao encontrar o rosto familiar de Kurt, que erguia as mãos em rendição.


-Ei, calma! Sou eu-disse Kurt, com uma voz calma, apesar do aperto no pescoço.

Sloan soltou-o de imediato, recuando, os punhos fechados em culpa. Encostou-se novamente à parede da ponte, tentando recuperar o controle. Kurt massageou levemente o pescoço, mas não se afastou.

-Sinto muito-murmurou Sloan, sem conseguir olhar para o ferimento que causara.

Kurt balançou a cabeça, ignorando a dor.

-Está tudo bem. Mas o que diabos está acontecendo com você para reagir assim?-O licantropo o encarava com preocupação, os olhos de lobo atentos a qualquer movimento.

O metamorfo permaneceu em silêncio, o vento frio agitando seus cabelos. Ele cravou as garras nas próprias palmas, o peito subindo e descendo com uma respiração irregular. Kurt não desviou o olhar.

-Sloan?-insistiu, sua voz firme.

Finalmente, o Guardião soltou o peso que o esmagava.

-Recebi uma carta do meu pai. O rei Ethel exige que eu volte para Khaz em algumas semanas.

Kurt franziu o cenho, percebendo a gravidade da situação.

-E você sabe o que isso significa, não sabe?-perguntou, sua voz mais sombria.

Sloan apenas acenou, a amargura estampada em seu rosto. Ele sabia exatamente o que aquilo significava.

O licantropo tocou a atadura no pulso ferido, a lembrança da boca gelada de Devika sobre sua pele ainda o perturbava. O contraste entre o calor de seu corpo e o frio dela o arrepiava, e foi preciso toda a sua força de vontade para afastar a noturna de sua mente.

Chamas e Sombras (Livro 1-Nascidos Do Caos)Onde histórias criam vida. Descubra agora