Séculos após a revelação de uma profecia dos deuses, Freya Krade, a última da sua linhagem, emerge como a personificação de uma linhagem mágica de fogo selvagem e sangue divino. Criada como uma arma pela Irmandade, uma seita caçadora de seres mágico...
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O lamento estridente da mulher ecoou pelo recinto, rivalizando com os trovões que ressoavam na noite tempestuosa. A cabana, solitária no topo da colina, gemia sob o impacto dos ventos impiedosos, as janelas rangiam como se protestassem contra a fúria da tempestade.
Os raios iluminaram o interior rústico da cabana, revelando o rosto contorcido e suado da jovem sobre a cama. Entre as dentes cerrados, ela emitia grunhidos de agonia, enquanto se sentia dilacerada por uma dor que parecia transcender o humano.
A magia dançava no ar, um tumulto energético emanava de Mavka, aquecendo a cabana mesmo sob o impacto da tempestade lá fora.
-Segure firme, querida-murmurou Guenevire, seus dedos acariciando os cabelos úmidos e laranjas da filha. Seus olhos, repletos de preocupação materna, buscavam aliviar a dor, mas mesmo sua magia de cura parecia impotente naquele momento crucial.
Outro grito rompeu o silêncio, entrelaçando-se ao rugir do vento. Gareth, impotente, circulava o pequeno quarto, as botas de couro desgastadas rangendo sobre as tábuas envelhecidas.
-Por que ela está sofrendo tanto?-ele perguntou ofegante, fixando um olhar ansioso na mulher que se contorcia na cama. Em seus olhos, buscava desesperadamente por respostas que não encontrava.
A curandeira ergueu a cabeça, um semblante assombrado enrugando sua expressão envelhecida. Horas haviam se passado desde o início da agonia, e o olhar aflito da curandeira deixava claro para Gareth que algo estava terrivelmente errado. Um peso angustiante se instalou em seu peito.
Mavka, arquejando de dor, apertou com força o colchão, e chamas brotaram de suas mãos, consumindo os lençóis entre seus dedos. Seu rosto, uma palidez aterradora, contrastava com lábios que, antes rosados, agora perdiam sua cor. Com uma respiração cada vez mais lenta, ela conseguiu articular com dificuldade:
-O que está acontecendo?-Sua voz, rouca e exausta pelos gritos, mal conseguia pronunciar as palavras, sua garganta gritava de agonia.
A curandeira apenas engoliu em seco, as mãos tremiam ao tentar conter o sangramento interno da jovem, a luz da sua magia desaparecia dos seus dedos afoitos.
-Responda!-Gareth praticamente berrou, dominado pelo mais puro desespero.
-Ela está perdendo muito sangue-conseguiu dizer, a voz oscilando.
Mavka e Gareth trocaram olhares apreensivos como se soubessem o que aquilo significava.
-Essa criança é portadora de uma magia poderosa demais para seu corpo aguentar trazê-la ao mundo-continuou a curandeira, a testa levemente franzida.
-O que está dizendo?-a voz de Guenevire tremeu ao perguntar.
-Que Mavka morrerá ao dar à luz a essa criança.
Lágrimas ardentes trilharam os contornos do rosto de Mavka, seu peito dolorido se contraiu quando ela fechou os olhos por breves instantes. Gareth, movendo-se com cautela através do ambiente impregnado pela magia descontrolada, aproximou-se da amada. Ignorando o perigo iminente, ele segurou a mão suada dela com firmeza.
