Capítulo 33

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A jovem guerreira estava pronta para enfrentá-los, e não iria recuar. As criaturas avançaram, e em um movimento fluido, ela atacou, sua lâmina cortando o ar com uma precisão letal, enquanto sua magia explodia ao seu redor, envolta em uma aura de fúria e vingança.

Ao decidir liberar todo o poder contido dentro de si, Lia se abriu para a torrente mágica que fervilhava em seu ser, como uma tempestade há muito reprimida que finalmente encontrou sua saída. As barreiras que a mantinham contida foram despedaçadas como correntes enferrujadas cedendo à força bruta. No instante em que o véu foi rompido, sua pele começou a brilhar intensamente, e as runas que adornavam seu corpo acenderam-se como brasas incandescentes, pulsando com uma energia ancestral e feroz.

As criaturas que avançavam em sua direção não estavam preparadas para a explosão de poder que se seguiu. Uma luz branca e cegante emanou das mãos de Lia, espalhando-se como um raio de sol rompendo as trevas. Cada feixe luminoso atingia os inimigos com uma precisão devastadora, envolvendo-os em uma energia antiga e implacável. Os gritos de agonia que ecoavam pela floresta eram uma sinfonia de desespero, marcando a derrota iminente daquelas abominações que ousaram enfrentá-la.

As mãos da elfa brilhavam, irradiando um calor intenso que contrastava com a frieza opressiva do ambiente noturno. Sua pele resplandecia com o fulgor mágico, cada batida de seu coração ecoava como um tambor, pulsando com uma força renovada, alimentada pela liberdade recém-descoberta. Era como se a própria floresta respondesse ao chamado de Lia, sintonizando-se com a magia que ela liberava.

O solo sob seus pés vibrou em resposta à sua vontade. Ao erguer as mãos, as raízes das árvores irromperam do solo, entrelaçando-se em um emaranhado de galhos e folhas. Espinhos brotaram como lanças protetoras, formando uma muralha imponente e intransponível diante das criaturas Tenebrianas. O muro de vegetação se ergueu como uma fortaleza viva, um escudo que Lia conjurou para proteger a si mesma e a Kael.

A sensação de libertação inundava a elfa, e um sorriso malicioso curvou seus lábios enquanto ela sentia o poder fluir livremente. O feitiço que tecia era uma extensão de sua vontade, uma manifestação da força que sempre esteve lá, reprimida por anos de medos e incertezas. Agora, finalmente, essa força estava livre, e Lia estava no controle absoluto.

Depois de um momento, ela arfou, inclinando o corpo enquanto tentava recuperar o fôlego. Seu corpo tremia, ainda sentindo o formigamento nas mãos devido à intensidade da magia que havia canalizado. Kael, observando a obra impressionante que a elfa havia criado, soltou um assovio baixo de admiração.

-Voltando às origens, hein?-ele comentou, ainda com a respiração pesada, mas com um tom de leveza em sua voz.

Lia quase esboçou um sorriso, mas o cansaço a impediu.

-Vamos sair daqui, isso não os deterá por muito tempo-disse rouca, a voz mostrando os primeiros sinais de exaustão.

-Estamos longe da Fortaleza-Kael respondeu, com uma nota de preocupação em sua voz. - Continuamos em Tenebris.

Lia pressionou o manto rasgado contra seu corpo, tentando se proteger do frio que penetrava sua pele. Seus movimentos eram dolorosos, cada passo uma nova fisgada em seu interior, uma luta constante contra a exaustão crescente.

-Precisamos chegar às fronteiras-ela disse, a determinação em sua voz inabalável. -Se passarmos, não podemos ser atacados no território da Ordem.

O feiticeiro soltou uma risada amarga, que se transformou em uma nuvem de vapor ao escapar de seus lábios pálidos.

-Kahlo não respeita mais as leis dos deuses. Tudo ruiu desde a Ascensão.

A elfa piscou algumas vezes em confusão, praguejando em um dialeto de Avalon que Kael não reconheceu. Havia uma fúria reprimida em seus olhos, um brilho perigoso que indicava que ela não estava disposta a se render tão facilmente.

Chamas e Sombras (Livro 1-Nascidos Do Caos)Onde histórias criam vida. Descubra agora