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Safira 🦋

Tô aqui no meu castigo eterno, presa dentro do meu quarto, sem celular, sem nada pra me comunicar e preocupada pra caralho com o Ryan e a Kiara. Só queria saber se eles tão bem.

Vi a porta do meu quarto ser aberta e enxuguei minhas lágrimas vendo minha mãe entrar.

Juliana: você não comeu nada? Assim vai ficar doente Safira.- olhei pra janela ignorando - fala comigo.

Safira: tô sem fome, pode levar.- ela negou e saiu do quarto deixando a comida lá.

Suspirei olhando meu colar que ganhei do Ryan e dei um sorriso fraco lembrando dele.

Levantei indo pra janela e vi a Kiara chegando em casa com a tia Tamires, caralho ela tá bem, até respirei um pouco aliviada, só resta saber do Ryan.

Ela olhou em direção a minha casa e eu acenei pela janela. Ela sorriu e veio andando até minha casa.

Merda, não vão deixar ela entrar. Fiquei na janela esperando pra ver se ela ia sair e vi meu pai entrar no meu quarto com tudo.

Paulo: sai dessa janela agora!- olhei pra ele assustada.

Safira: aí já é demais né, não posso ficar nem na minha janela? Me poupe!- ele bufou e me puxou forte machucando meu braço.

Paulo: tá surda porra?- ele gritou - não quero que você tenha contato com essa garota ou qualquer pessoa relacionada a ele, aquele povo!- bufei olhando feio pra ele.

Safira: me deixa sozinha.

Paulo: olha seu estado, tá toda destruída aí só por causa desse traficante, você merece mais que isso, muito mais.

Safira: eu amo ele, que pena né.- debochei e ele me deu um tapa e eu senti as lágrimas rolarem de novo.

Paulo: você é uma vagabunda! uma vergonha! - ele saiu batendo a porta e trancando a mesma.

Só conseguia chorar, que situação. Meu próprio pai me julga só por amar uma pessoa. Sei que ele tem muitos erros, mas ninguém é perfeito, e muito menos manda no coração.

Fui até o banheiro e lavei o rosto vendo o mesmo inchado de tanto chorar.

Porra eu só queria saber se ele tá bem, se ele tá vivo, essa aflição tá me matando mais ainda.

Voltei pra minha cama e vi minha mãe entrando no quarto.

Juliana: Sasa, olha pra mim.- olhri pra ela - tá me doendo tanto ver você assim, eu te entendo, sei como é amar alguém e ser proibido de ver, amar esse alguém, eu...- ela suspirou - eu vou te ajudar.- olhei pra ela sem entender.

Safira: me ajudar em que?

Juliana: eu falei com a Kiara, ela me disse que esse cara aí levou um tiro.- arregalei os olhos e senti meu coração acelerar.

Safira: aí meu Deus, ele tá vivo? Me diz que ele tá vivo.

Juliana: tá meu amor.- ela enxugou minhas lágrimas - ele tá estável, internado.- respirei aliviada.

Safira: eu queria tanto ver ele, tá lá com ele.- ela engoliu seco.

Juliana: eu vou te ajudar, mas pelo amor de Deus, seja discreta, vou sair com seu pai hoje a noite, seu irmão vai sair, já falei com a empregada, a Kiara vai vim aqui e vocês saem, vai ver ele, mas cuidado, seu pai não pode saber.- sorri abraçando.

Safira: pode deixar, eu te amo.- ela sorriu fraco e me deu um abraço apertado.

Juliana: só quero que você seja feliz.

Safira: meu pai não te merece, para de ser tão pau mandado dele...- ela suspirou.

* * *  

Consegui sair com a Kiara e deixei a janela aberta pra meu pai e meu irmão pensarem que eu fugi por lá, eu não pretendo voltar, sei muito bem o que ele tá planejando pra mim, e eu não quero isso.

Kiara: aí meu Deus, o que fizeram com você?- ela me abraçou.

Safira: muita coisa que me machucou profundamente.- ela enxugou minhas lágrimas e saiu me puxando entrando no uber.

Depois de um tempo entramos na favela e fomos direto pro postinho, entrei na sala que ele tava e vi ele deitado olhando pro teto com cara de tédio.

Ele olhou pra porta e quando me viu deu um sorriso.

Safira: aí meu Deus eu fiquei tão preocupada.- fui até ele abraçando o mesmo.

Ryan: eu mandei mensagem pra te avisar, tentei ligar...- ele viu minha cara péssima - o que rolou? Por que tu tá assim?- suspirei.

Safira: minha família descobriu da gente...

Ryan: o que eles fizeram contigo Safira?

Safira: meu pai surtou, meu irmão é um pau mandado dele, minha mãe faz o que ele quer... Meu pai me falou tanta coisa horrível, me bateu na cara, me privou de qualquer tipo de comunicação...- senti vontade de chorar lembrando o que meu pai me falou.

Ryan: namoral que pau no cu.- ele me abraçou - só por que tu tá comigo?

Safira: é... Mas eu não tenho culpa se eu gosto de você, não posso mandar no meu coração. Eu só queria ter nascido numa família pobre, humilde, mas que me amasse, o dinheiro não compra amor.

Ryan: pode pá, mas tu tá ligada que aqui geral gosta de tu né?- assenti sorrindo fraco - fica aqui pô, com quem te ama de verdade.

Safira: eu quero ficar.- ele me deu um selinho.

Ryan: mas pô, eu tenho medo, tu corre perigo comigo.

Safira: eu já disse que entrei nessa sabendo, eu assumo todas  as consequências, não vou te culpar.- ele negou rindo e me beijou.

Ryan: tu é maluca, papo reto. Eu não confiaria, mas...

Safira: escuta, eu te amo, e tô arriscando tudo pra ficar contigo, mas se não der certo tudo bem, já me acostumei a dar tudo errado na minha vida, mas pelo menos esse tempo que durar pode ter certeza que eu vou ser feliz, muito feliz. Vai valer a pena.- sorri.

Ryan: te amo, papo reto. - ele me beijou.

Eu sei que as chances disso tudo aqui dar errado é de 95%, mas eu quero arriscar, eu tô sendo feliz como nunca fui antes, estar com ele me faz sentir viva, não é um romancezinho monótono, não é uma coisa simples e sem graça.

E o amor é assim, é como um precipício, a gente se joga e torce pra que o chão nunca chegue.

E eu tô cansada do meu pai querer mandar na minha vida, querer me manipular pela droga do dinheiro.



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COVARDIA [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora