COVARDIA [M]

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Ellen 🌸

Tinha chegado do curso e tava subindo o morro, decidi passar no postinho e entrei pra ver o Ryan. Quando cheguei na porta da sala que ele tava vi pelo vidro pequeno na parte de cima da porta que tinha uma pessoa lá.

Olhei melhor e vi a Safira sentada conversando com ele, e eles parecem estar tão felizes, sorrindo, o jeito que ele olha pra ela... É um jeito que ele nunca olhou pra mim.

Suspirei.

Não vou mentir, tá doendo muito ainda, é recente, e sentimentos não se vão tão fáceis assim, mas eu tô tentando e sei que vou conseguir.

Eu sei que eu mereço ser feliz, eu sou uma pessoa incrível. Mas no momento quero focar em mim, me tornar uma pessoa madura e estável mentalmente e financeiramente.

O Ryan sempre teve bloqueio emocional desde criança, quando alguém dizia que gostava dele ele automaticamente afastava essa pessoa, ou se ele mesmo sentisse algo ele dava um jeito de afastar a pessoa, eu sei, parece loucura, mas acontece.

Lembro que uma vez eu disse a ele que um dia isso tudo ia passar, um dia alguém ia chegar pra mudar tudo, porque sei que ele também sofria com esse bloqueio porque ele sempre acabava magoando as pessoas, e eu pensei que eu seria essa pessoa, mas me enganei, acho que é a Safira.

De uma certa forma eu cheguei a ser essa pessoa também, porque sei que ele me amava, mas os amores são diferentes, eu fui um tipo de amor, talvez como uma amiga, alguém que ele confia pro resto da vida, e ela... ela é o amor que ele precisa, que ele quis, que ele escolheu, a que faz ele feliz.

E sendo sincera, no começo eu odiava ela por isso, mas agora eu não ligo tanto, eu vejo que eles se gostam e torço pra que der certo, amar é isso né, querer ver o outro feliz mesmo que seja sem você.

E ele sempre vai ser meu melhor amigo acima de tudo.

Virei suspirando e fui beber uma água antes de sair do postinho, ainda não tô pronta pra encarar os dois juntos.

Passei pelo corredor apertado e um cara alto esbarrou em mim.

Ellen: porra, tá cego é?- ele virou me olhando sério.

- foi mal aí princesa, corredor apertado, nem vi.- neguei rindo e sai indo até o bebedouro.

Quando tava voltando passei por ele e outro cara na recepção e o mesmo piscou pra mim sorrindo de lado.

Neguei rindo e antes que eu saísse o cara que tava com ele me puxou.

- tu conhece o Ryan? O vulgo dele é Lobo.- assenti e vi que ele tava com uma faixa no braço, deve ser algum dos aliados do Ryan que ajudou a resgatar a Kiara e também levou tiro.

Ellen: quer saber o quarto que ele tá?- ele assentiu e quando eu ia falar escutamos a Kiara entrando.

Kiara: Guga cê veio.- ela abraçou ele sorrindo fraco - nem consegui te agradecer naquele dia, tu foi embora logo.

Guga: precisava de socorro né gata, levei um tiro.- ela negou rindo.

Kiara: já conheceram a Ellen?

Guga: tava perguntando pra ela onde seu irmão ta, aliás, satisfação aí, Guga.- assenti sorrindo fraco.

Ellen: Ellen.- ele sorriu e eu vi o amigo dele me olhando.

- Já que tá todo mundo se apresentando, satisfação mina, Joca.- sorri.

Ellen: agora eu preciso ir, tchau, cês tão em boas mãos.- falei sorrindo simpática.

Kiara: espera a gente, não é bom cê andar sozinha por aí.

Ellen: relaxa, eu vou ficar bem, agora preciso ir mesmo.

Joca: eu acompanho ela até em casa.- olhei com deboche e ele rodou o braço dele no meu saindo pra fora.

Ellen: Iih mó folgado.- falei me soltando e ele riu.

Joca: folgado não, educado, tô te levando pra casa pô.- neguei rindo.

Ellen: cê sabe que eu não pedi né?- falei subindo o morro com ele.

Joca: xiu, vamo.- eu ri.

Como minha casa tava meio perto a gente chegou em uns 5 minutos a pé mesmo.

Ellen: chegamos, obrigada Joca.- ele sorriu de lado.

Joca: vai nem me convidar pra entrar no Palácio princesa?- gargalhei.

Ellen: hmmm...- fiz cara de pensativa - acho que não.- ele fez careta.

Joca: então pelo menos o número tem que dar.- fiz cara de deboche de novo.

Ellen: Iih tá achando que é quem?

Joca: o futuro amor da tua vida, anota aí pô, papo reto.- gargalhei.

Ellen: tô fugindo desse papo de amor, só me fodo. - ele negou.

Joca: desistir logo na primeira desilusão? Desistir é pros fracos ein, e como eu sei que você não é perdedora, toma aqui - ele me entregou o celular pra eu anotar meu número e eu neguei rindo.

Ellen: palhaço.- eu ri e anotei o número entregando a ele.

Joca: garanto que não vai se arrepender.

Ellen: torce pra que eu tenha dado o número certo gato.- mandei beijo debochando e abri a porta entrando.

Joca: eu sei que deu. - ele piscou e saiu andando.

Neguei rindo e entrei em casa.

Karina: e essa carinha aí? Tanto tempo que não te vejo assim.- sai dos meus pensamentos e ri.

Ellen: oi mãe, boa noite né.- ela riu e eu subi.

Ele é até gatinho, mó palhaço gente boa do jeito que eu gosto, mas tô fugindo desses caras que só querem brincar.

O golpe tá aí.

Mas nada me impede de dar uns beijinhos né.

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