Promessa

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Aachen, Alemanha
1999

Sophie ficou muito próxima do policial que colheu os depoimentos dos sobreviventes em 1996 e acabou se envolvendo com ele meses depois. Anthony Havertz foi designado para auxiliar nas investigações. O homem morava em Aachen e o prédio que foi bombardeado pelo Comando Rubro ficava a poucos quilômetros da cidade.

Em uma noite de 1998, os dois acabaram se relacionando depois de longas horas se divertindo em um bar. Ele tinha um casamento sólido, mas acabou se permitindo viver um relacionamento paralelo — por mais breve que fosse.

Eles só não sabiam que Sophie havia engravidado de Anthony naquela noite. Ela descobriu a gravidez semanas depois, quando teve que ser hospitalizada. Decidiu não contar para ele inicialmente, já que teve medo de Anthony ter alguma reação e se afastar dela. Até então ele era praticamente a única pessoa que a ajudava no dia a dia. Por ser policial e um bom homem, ele colaborava tanto com a segurança quanto com as condições mínimas para a sobrevivência daquela que, até então, era uma amiga.

Com o passar dos meses ficou difícil ocultar a barriga. Ele perguntava se estava tudo bem e Sophie sempre confirmava. Sophie decidiu revelar a gravidez na 14ª semana, quando se encontraram em uma cafeteria no centro da cidade.

— Não pode ser — ele ficou preocupado ao receber a notícia e se manteve em silêncio por alguns segundos. — Fique tranquila... não vamos nos precipitar. É meu filho, então vamos cuidar dele, ok? Só preciso pensar como dizer à minha esposa. Não sei como Maria vai reagir.

— Podemos contar juntos. O que acha?

— Não sei se seria algo positivo... acho melhor vermos isso mais à frente. Você precisa de algo?

— Nada. Consegui um emprego, lembra? Estou trabalhando em um restaurante... está tudo bem agora! — ela sorriu.

— Se precisar de qualquer coisa para o bebê é só me falar — ele riu e comemorou. — Eu vou ser pai! Sabe, eu sempre tive essa vontade!

Sophie ficou aliviada quando soube que Anthony a ajudaria com o bebê. Ela pensou em Timo, que ainda estava em Stuttgart com a família adotiva. Ela mudou de identidade assim que foi dada como morta após o bombardeio. Também alterou o corte e a cor do cabelo para passar despercebida pelo Comando Rubro. Mesmo com a nova identidade, não podia se arriscar a encontrar o filho.

Ainda assim, depois que descobriu a gravidez, ela foi à cidade com Anthony e viu Timo correndo no jardim da mesma casa em que o deixou. Não pôde deixar de notar os cabelos claros do pequeno, que parecia brincar com uma bola. As lágrimas saíam dos olhos da mãe carregadas de saudade e arrependimento, mas ela logo lembrou que foi por um bem maior.

Os meses da gestação se arrastaram. Quando faltavam apenas duas semanas até o nascimento da criança, Anthony e Maria chamaram Sophie para uma conversa. Todos concordaram que o bebê não tinha culpa de nada e que seria amado e cuidado por todos.

— Essa situação toda me lembra de quando eu estava grávida do meu primeiro menino. Desculpem mencionar isso... é que desta vez vou ter um filho para segurar em meus braços e proteger, algo que não pude fazer com Timo.

— Em breve você poderá reencontrá-lo. Nós estamos na torcida para que isso aconteça! Enquanto nada muda nesse cenário, comprei algo para o bebê! — Maria entregou uma caixa levemente envergonhada e sorriu. — Eu sei que é menino, então resolvi escolher o azul para não ter nenhum erro.

Sophie abriu a caixa e encontrou um macacão azul claro dentro dela.

— É lindo! Quanto amor, Maria. Obrigada! — ela sabia que a esposa de Anthony poderia ter uma reação negativa, mas em vez disso amou o bebê como se fosse o próprio filho.

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora