Sacrifício

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Dias depois
Fim de setembro de 2020

Kai e Timo se adaptaram bem ao time, mas não ao ritmo do campeonato inglês. A exigência era alta: o físico e o psicológico deles foi levado ao limite. Por sorte, os companheiros de equipe colaboraram muito e tiveram paciência.

— Não é fácil sair da Bundesliga e vir jogar a Premier League — Kai respondeu a um repórter após um jogo. Era para ele e Timo falarem com a imprensa, mas Werner não quis alimentar a situação. — O ritmo é outro, muitas vezes saímos dos jogos destruídos. Estamos nos acostumando aos poucos. Acredito que, para além de qualquer desafio, devemos focar na adaptação e na criação de oportunidades reais para a equipe.

Havertz terminou a entrevista e caminhou até o vestiário, com dores nas pernas. Mesmo tendo bom preparo físico, a partida foi muito movimentada e exigiu esforço extra. Sentiu-se aliviado ao entrar na banheira com água e gelo. Apesar do choque térmico inicial, conseguiu relaxar.

— Gostei da sua resposta há pouco — Werner disse, sentando-se em uma cadeira próxima. — A imprensa está ficando maldosa comigo e com você.

— Eles que se danem. Fisicamente, estou moído.

— Somos dois.

— Somos três — Mason disse, ao passar perto dos dois. — Do que estão falando?

— Do cansaço. É como se um rolo compressor passasse por cima de mim. Daqueles que fazem obras de estradas, sabe? — Kai comentou, passando a mão no pescoço, que também doía.

— Vocês se acostumam. Joguei a maior parte da minha vida na Inglaterra, só fiquei fora por um tempo. É melhor que saibam... a pressão da torcida é enorme. E a mídia pode ser bem maldosa.

— Kepa comentou sobre isso — Havertz respondeu.

— Não há ninguém melhor para falar sobre isso.

— Foram cruéis com ele, não é?

— Acho que "cruéis" chega a ser um elogio.

Kai saiu da banheira com gelo minutos depois. Quase não sentia as pernas, mas as dores foram muito aliviadas. Tomou banho e se arrumou para ir embora do Stamford Bridge. Ele, Timo e Mason voltaram juntos para o bairro.

— Eu estou morto de fome. Aquele lanche que deram depois do jogo foi tão fraco que nem sei como ainda estou acordado. Vamos passar em algum drive-thru para pegarmos comida?

— Podemos ir direto para a minha casa. Posso cozinhar algo — Havertz sugeriu.

— Kai cozinha bem — Timo elogiou, virando em uma avenida movimentada de Londres.

— Melhor ainda — Mason ficou animado.

Eles foram para a casa do alemão, que colocou a mão na massa, literalmente. Fez uma torta de frango e colocou-a no forno. Enquanto esperaram assar, abriram uma cerveja para cada e ficaram nos fundos da casa conversando. Apesar do tempo ameno, eles estavam confortáveis. Bem perto deles havia uma lareira. Kai a acendeu.

Depois do jantar, Mason foi embora para dormir. Timo deixou a casa do amigo uma hora depois. Havertz lavou a louça e foi para o quarto. Deitou-se e aproveitou que estava sozinho para ler um pouco. Dormiu minutos depois, com o livro sobre o tórax.

Dois dias depois, Kai e Timo se apresentaram à seleção alemã para três jogos: um amistoso e duas partidas pela Liga das Nações. Outra convocação aconteceria em menos de um mês, para mais 3 jogos da mesma forma, dois jogos pela competição da UEFA e um amistoso.

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora