Há algo errado

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Longe dali

Timo deu sorte que tinha preparo físico. O corpo começava a dar sinais de exaustão por conta da sede intensa, mas ele resistia bravamente. O sono o dominava, mas ele também resistia. A água era jogada com muita truculência e batia no corpo dele.

O alemão já não tremia mais. A primeira reação do corpo ao frio era aquela, mas parecia que ele já não conseguia mais se proteger. Tentou se manter acordado ao máximo para que não jogassem mais água nele.

Olhou para os próprios braços, que estavam molhados. Werner era branco, não conseguia pegar cor de forma alguma. No máximo, ficava vermelho. Lembrou-se de uma situação em que se esqueceu do protetor solar e ficou com quase o corpo inteiro queimado. Riu baixo. Foi o primeiro momento desde que acordou na cela em que lembrou de algo feliz. Tentaria fazer aquilo com mais frequência.

Ele estava curioso e queria saber o motivo para ter sido levado de casa. Será que queriam um resgate? Ou talvez queriam pressionar Anthony sobre as investigações. Afinal, um dos homens falou russo. Mas se Werner não era filho do detetive, porque o escolheram para capturar e não o próprio Kai?

Ele provavelmente não teria aquela resposta. Desvirtuou-se daqueles pensamentos e começou a contar os tijolos que formavam o fundo da cela. Não havia mais nada a fazer ali, a não ser morrer de tédio. E ele queria se manter são. Contou um, dois, três tijolos. Reiniciou. Um, dois, três. E assim permaneceu por alguns minutos. Depois, desistiu. Não conseguia focar.

Um homem entrou na cela repentinamente.

— Água... — ele disse, em inglês. O homem não entendeu. Resolveu repetir a palavra, em alemão.

— Coma o biscoito ou morra de fome.

— Por favor... água...

— Cale a boca! — o homem o chutou. — Você não está em posição de pedir absolutamente nada.

Werner encolheu-se no colchonete úmido. O homem saiu da cela e foi embora.

— Por favor... preciso de água... — Timo pediu, ofegante. O suor escorria pelos cabelos. — Por favor! — gritou.

— Cale a boca — ele ouviu uma voz vinda do corredor. — Cale-se ou eu lhe darei um choque.

Ficou em silêncio por uma hora. Mas não aguentava mais. A garganta estava seca e a desidratação causava muitos efeitos no organismo dele.

— Por favor... — pediu mais uma vez, sendo interrompido por um choque, que veio do cabo preso ao pulso dele.

Os músculos do alemão contraíram-se involuntária e violentamente. Sentiu cãibras nas pernas e chorou de dor. Era como se tivesse acabado de cair em campo com encurtamento muscular. Por sorte, a sensação durou pouco. Ele alongou as pernas e conseguiu se sentir melhor.

Um homem passou e jogou para ele uma garrafa surrada com água. Sendo a única opção ali, ele a bebeu. O gosto era horrível, mas amenizaria a sede que sentia.

— Obrigado — Timo estava com a voz trêmula devido ao queixo que se movimentava involuntariamente.

Ele não sabia mais quanto tempo fazia que estava ali. Percebeu que um homem parou em frente à porta da cela e decidiu fazer algumas perguntas. Esqueceu o medo do choque e da água fria.

— Por que estão fazendo isso comigo? Nunca fiz mal a ninguém...

Silêncio.

— O que querem? Dinheiro?

O homem ficou imóvel.

— Responda, por favor... eu não sei os motivos para vir parar aqui. O que aconteceu?

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora