Dúvida

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Havertz queria sair do hospital o quanto antes. E foi o que ele conseguiu. Deram alta para o alemão assim que apresentou melhora. Kai escondeu que ainda sentia muitas dores, mas ele se sentiria muito mais útil fora daquele ambiente. Já era noite quando ele foi levado para o centro de treinamento do time, onde os amigos já estavam.

— Você está pior do que antes. Como o liberaram? — Mason pausou o videogame ao vê-lo.

— É só a minha cara. Para melhorar, acho que só se eu nascer de novo. Ouçam... — Kai sentou com dificuldade em uma das cadeiras e sentiu dor. — Timo me ligou.

Os outros pararam o que estavam fazendo e olharam para Havertz.

— O que ele disse? — Mount ficou curioso.

Kai relatou tudo que conversaram na chamada, entre lágrimas. Quando terminou de contar aos amigos, ficou inconsolável.

— Eu só queria tirá-lo de lá. Pareceu tão amedrontado diante da fuga... a voz estava diferente também. Sei que o maltrataram muito. Deram até choques elétricos nele.

— Isso vai acabar, você vai ver — Kepa o tranquilizou, entregando um saco de papel de uma lanchonete. — Nós pedimos comida e esses sanduíches são para você, acho que ainda estão quentes. Tem suco no frigobar.

— Obrigado.

Ele queria sair dali e ir para a Alemanha assim que pudesse, mesmo com as poucas informações que tinha. O pai não entrava em contato e aquilo o fazia se sentir ainda mais angustiado. Naquela situação, o tempo era primordial para todos.

Não queria ter que conversar com Anthony depois de tudo que descobriu. Mesmo assim, havia um pouco de compreensão por parte dele. Kai tinha noção do perigo que a verdade representava para ele e o irmão.

Devido ao sequestro, os sentimentos mais primitivos de Havertz foram desenterrados. Por instinto, sentia medo e raiva. Ele só podia se manter ali com os amigos. Pegou um controle para jogar videogame com eles. Depois de algum tempo, foram dormir. Menos Kai, que não conseguiu fechar os olhos. Ele olhava para o celular o tempo todo, no aguardo de alguma atualização sobre as buscas, de uma ligação do pai e do recebimento da localização de Timo.


Região central da Alemanha

Anthony estava debruçado sobre as listas de instalações. Ele sabia que alguns dados estavam desatualizados devido às constantes mudanças que os extremistas faziam para despistar as forças de segurança alemãs. A investigação ganhou mais apoio e mais força, com a própria população alimentando uma central telefônica de denúncias — montada com o propósito de ajudar no planejamento das incursões e das prisões de integrantes do grupo.

Os primeiros julgamentos pelos tribunais alemães começaram a acontecer, fazendo com que o comando rubro ficasse ainda mais reativo. Vários homens que faziam parte da vertente mais militarizada fizeram uma série de vítimas nos dias anteriores, que foram abafadas como incidentes isolados pelo governo alemão. Os políticos de Berlim seguiram a cartilha e continuaram afirmando que tudo corria bem no país. Já os representantes dos estados tomaram mais consciência sobre a situação e colaboraram com as investigações.

A central de operações tinha mais de dois mil nomes de integrantes do grupo e preparou uma grande missão para capturar ao menos quinhentos extremistas. Anthony sabia que aquilo poderia gerar maiores problemas, como uma eventual execução de pessoas que haviam sido levadas. Aquilo poderia incluir Timo.

Maria estava ao lado dele, organizando e mapeando parte das instalações para que pudessem agir. Toda ajuda era bem-vinda, mesmo que fosse das pessoas que não estavam completamente envolvidas nos trabalhos.

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora