Descanso

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Leverkusen

Havertz havia sido promovido ao time principal e teve o direito a morar sozinho em um dos apartamentos que o time fornecia para os atletas da base e em início de carreira. O prédio era bem confortável e os moradores podiam usar os refeitórios e áreas comuns. Como ele havia discutido com Anthony e Maria nos dias anteriores, preferiu ficar na cidade. Aachen não parecia mais um lar.

Depois de chegar e fechar a porta, ele tomou um longo banho e olhou o celular. Haviam muitas mensagens, então respondeu a todas da mesma forma dizendo que estava bem e agradecendo pela preocupação. Deixou o celular carregando sobre a mesa e abriu uma garrafa de água para se hidratar.

Agitado, o alemão sentiu ainda mais dores na cabeça quando foi para a cama e lembrou de tomar o remédio que o médico entregou mais cedo. Dormiu em seguida, respeitando as orientações de todos para que descansasse.

Aachen

Anthony chegou em casa e tirou o casaco. A estrada estava congestionada no retorno e ele levou mais que o dobro do tempo habitual até Aachen. Maria o interceptou na cozinha.

— O que aconteceu com o Kai? Ele não me atende...

— Nós pegamos muito pesado com ele. Deixe-o quieto por alguns dias...

— Onde você estava? O pessoal da televisão disse que ele sofreu um desmaio quando estava indo embora — ela ficou atônita.

— Eu estava lá... disse algumas coisas que o deixaram irritado e o desmaio aconteceu por conta de todo o estresse que se acumulou.

— Por que fez isso? Kai disse que queria ficar sozinho! — Maria o advertiu.

— Só quis ver como ele estava. Estraguei tudo.

— Estragou mesmo! Tony, nós somos responsáveis pelo baixo desempenho dele em tudo. Quer dizer, ele não está mal... só precisamos entender que ele não dá conta de tudo ao mesmo tempo. Nós sempre queremos resultados, mas não vivemos a vida que ele tem. Deve ser muito estressante.

— De fato. Mas agora não podemos fazer mais nada... ele vai se formar em pouco mais de um mês, então em breve parte dos problemas acabará.

— E por que logo agora você tinha que aparecer no estádio para perturbá-lo?

— Você fala com a propriedade de quem sempre agiu adequadamente com ele.

— Eu falo como eu quiser. Kai também é meu filho! Não é porque não sou a mãe biológica que devo ouvir esse tipo de comentário. Você se afundou nas ações de inteligência contra o Comando Rubro e devo lembrá-lo que não faz parte da jurisdição da polícia de Aachen. Você está tão obcecado em colocar os extremistas na cadeia que não percebeu que o seu filho está sofrendo. Me perdoe Tony, mas você não tem sido um pai presente para ele. E tudo que ele precisa se resume a apoio e compreensão. De você ele não recebe nenhum!

Anthony permaneceu em silêncio.

— Quer saber? Você não fala nada. Não reage. Aposto que já está preparando a próxima conversa franca que terá com ele para cobrar atitude e desempenho. Como se o Kai não soubesse as obrigações que deve cumprir... ele está praticamente fora de casa há sete anos e sabe muito bem como se virar. Nunca nos pediu ajuda. E você fez a minha cabeça todo esse tempo porque sentia necessidade de cobrar as coisas dele à distância... em conversas após derrotas, depois de notas baixas na escola e em qualquer mísero detalhe. Nós o colocamos no olho de um furacão que não vai se dissipar. Sabe por quê? Kai é filho de Sophie e tem um irmão. E no dia que ele souber... torça, ore e peça a Deus para que ele não saia de vez das nossas vidas. Ele sabe o que deve fazer e não cabe a nós apontar um caminho que obviamente não vai seguir. Pare de tentar ser um guia. Seja um pai!

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora