My Brother | Kai Havertz & Timo Werner

Casa

Região central da Alemanha

Anthony tirou o dia para descansar. Enquanto outros lidavam com a situação, ele dormia por longas horas pela primeira vez em dois meses. Com o avanço das investigações, a vida do capitão ficou restrita a cochilos de poucas horas que quase sempre eram interrompidos por algum oficial que invadia o quarto para avisar sobre uma missão.

Maria estava no refeitório fazendo crochê. Fora dos horários em que todos comiam, o lugar ficava quase silencioso. Porém, naquela manhã, alguns militares e investigadores se juntaram em um canto para jogarem cartas.

Haveria apenas uma operação de rotina para a retomada de um pequeno complexo de armamento pesado mantido pelos extremistas desde o início das atividades do grupo.

A imprensa estava ocupada com um dossiê que foi enviado por Anthony. Entre os papéis e relatórios, haviam provas contundentes de que a Rússia apoiava paralelamente o Comando Rubro.

O material fez estrago. Os opositores do presidente russo sabiam que havia algo errado em relação ao governo, mas o chefe do poder executivo russo — que simpatizava com a causa dos extremistas por trás das cortinas — manteve o apoio incondicional à causa.

Aquilo abriu caminho para que chegassem a ele. Joseph Gesser era fiel ao que acreditava. O ex-combatente soviético se manteve forte na política ao dizer que mudou de lado antes do fim da União Soviética. Ele apoiou a modernização política do país. Porém, as atitudes do presidente eram bastante autoritárias e o governo era cheio de mistérios. Um deles era a atuação dos extremistas em território alemão e o apoio aos separatistas no leste da Ucrânia.

O dia em que Gesser seria levado à justiça se aproximava e Anthony aguardava ansioso pelo momento em que veria imagens do presidente russo preso por crimes contra a humanidade. Além daquilo, o alto escalão do governo alemão também teria que ser investigado sobre as omissões.

Um dos oficiais foi até o quarto de Anthony e bateu à porta.

— Já sei. Alguma coisa aconteceu. O que é? — ele perguntou, levemente irritado.

— Desculpe acordá-lo, senhor. O canal 31 está ao vivo de Haia.

O capitão foi para a sala de situação, onde alguns homens se reuniram para assistir. Anthony não conseguiu ver a tela, mas ouviu o que a repórter disse.

"Estamos ao vivo de Haia, na Holanda, onde o juiz-presidente do Tribunal Penal Internacional acaba de confirmar que dentro de alguns dias diversos alemães e russos serão julgados por integrarem o grupo paramilitar conhecido como Comando Rubro. A partir de amanhã a fase de depoimentos deve acontecer.
O presidente da corte também informou há pouco que de acordo com relatórios enviados a ele, o grupo está enfraquecido pelas inúmeras operações policiais em várias partes da Alemanha.
O Comando Rubro se instalou no território alemão e desenvolveu uma forte rede de perseguições, sequestros e assassinatos de pessoas favoráveis à liberdade no país.
As investigações apontaram que o presidente russo Joseph Gesser pode ser um dos maiores apoiadores dos extremistas. O governo dele teria fornecido aparatos militares e equipamentos na tentativa de que a força dos tempos soviéticos fosse retomada. Sem sucesso, o grupo começou a perseguir fortemente os opositores, que em sua maioria são civis alemães.
Políticos também podem ser responsabilizados se for comprovado que não adotaram medidas para combater o Comando Rubro. Os integrantes que estão espalhados pelo continente já foram mapeados e presos pela Interpol em parceria com as polícias de cada localidade. Havia um grupo em Londres pronto para atacar um hospital."