Pesadelo

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Três dias depois
Região central da Alemanha

Anthony conseguiu o apoio de diversas forças de segurança do país para a última operação contra o Comando Rubro. A cada dia reunia mais pessoas para colaborarem. Na virada do ano, enquanto todas as forças de segurança trabalhariam em eventos públicos ou ficaria de folga, estava prevista uma grande fuga dos extremistas para a Rússia. Seria a última oportunidade para prender vários integrantes.

As cópias das provas de que o presidente russo colaborava com os extremistas estavam na mesa de Anthony. Tratou de analisar detalhe por detalhe os materiais entregues a ele por um espião infiltrado no Kremlin. Enviou todos os conteúdos das pastas para Haia. Antes, é claro, fez cópias.

A justiça enfim seria feita. O governo alemão não estava direta ou voluntariamente envolvido, mas como era notório, lavou as mãos diante de tudo que acontecia no país. Foram coniventes por conta de favorecimentos ilícitos dos russos e de ameaças aos que se opuseram.

Na verdade, o passado da Alemanha foi escrito à força e em partes pelos soviéticos. Eles comandaram o lado oriental do país na época da divisão e fortaleceram a atividade do Comando Rubro nos dois territórios enviando integrantes do grupo para o lado ocidental. A partir disso, sequestros e mortes misteriosas começaram a acontecer.

Os extremistas ganharam força em cima do sofrimento dos alemães. Eles já tinham que lidar com famílias separadas pelos muros e cercas que dividiam o país e acabaram nas mãos de uma organização silenciosa e cheia de apoios escusos. Depois da reunificação do território no fim da década de 80, o Comando Rubro se manteve de pé e ficou ainda mais forte.

Com um país que se preocupava em retomar a liberdade, o contato com o outro lado e o livre trânsito de pessoas, os criminosos puderam entranhar-se ainda mais na vida da população. Ganharam espaço, instalaram-se em edifícios abandonados e fizeram o que bem entenderam. Juntaram-se tanto à sociedade que a presença deles sequer era percebida.

Joseph Gesser, o presidente russo, ascendeu ao poder em 2000 e prorrogava o mandato sempre que possível com resultados forjados de eleições enganosas. O pai de Joseph comandou o país entre 1990 e 2000. O poder foi passado de pai para filho, assim como as ações que apoiavam os extremistas. Eles não enfrentaram resistências. O lema das administrações da família Gesser era: "Mãe Rússia para todos". Mesmo após o fim da URSS, os países que fizeram parte do bloco ainda tinham dificuldades para se manterem economicamente.

Então a Rússia, sempre bondosa, seguia comandando indiretamente os países que integravam o bloco falido. Fosse pelos presidentes que ajudava a eleger ou pelos inúmeros processos eleitorais forjados que conduziam velhos amigos dos Gesser aos principais cargos.

Porém, a Alemanha foi mais difícil. Para começar, o país nunca foi deles. Tinha um ar de liberdade e abertura para o ocidente que os enojava. O povo alemão estava cansado das divisões e dos resultados dos conflitos das décadas anteriores. Os russos não conseguiriam exercer muito controle sobre o país. Restou apoiar alguns políticos e manter a atuação do Comando Rubro, que detinha forte poder de fogo e homens muito bem treinados.

Começaram os recrutamentos forçados à base de ameaças. Nem todos podiam ser mortos. Algumas pessoas eram mais valiosas vivas, especialmente os homens e os mais novos, que poderiam ser treinados desde cedo para ajudarem na causa. Alguns transformaram-se em verdadeiros cães de guerra. Outros não faziam nada direito e acabavam torturados ou mortos.

Várias pessoas que residiam no país sofreram perseguições por serem contrários à divisão. Foi o caso dos pais de Timo — que participavam regularmente de manifestações em favor da reunificação e de um país livre dos extremistas. Qualquer pessoa que contrária ao Comando Rubro era considerado inimigo e, portanto, uma ameaça aos planos do grupo.

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora