My Brother | Kai Havertz & Timo Werner

Ajuda

Kai não conseguia dormir. Pegou o celular de Timo e tentou desbloqueá-lo. A senha ainda era a mesma de quando ele viajou para Stuttgart. Lembrava daquilo por um sutil detalhe: era o aniversário de Werner ao contrário.

Sentiu que estava bisbilhotando a vida do amigo, mas era preciso. Viu as últimas pesquisas que Timo fez no celular. As últimas conversas que teve. Viu as últimas fotos. Não havia nenhuma pista. Absolutamente nada que pudesse ajudá-lo.

O incômodo e a preocupação só aumentavam a cada hora. Então, decidiu fazer algo antes de ir para o treino do dia. Foi à polícia, mas em uma localização diferente. Acreditou que enfim receberia informações e ajuda para localizá-lo, mas houve apenas a entrega de um panfleto com orientações genéricas das mãos despreocupadas de um oficial que não se importou com o relato desesperado de Havertz. O que estava acontecendo com a polícia londrina?

Kai praguejou em alemão e saiu do departamento de polícia. Entrou no carro e o motorista o levou para o treino. O segurança que fez a verificação na casa de Timo estava na equipe que ficaria com ele no centro de treinamento.

— Senhor, não temos nenhuma novidade sobre Werner. Passei na central de emergências da cidade e liguei para alguns amigos na polícia. Eles verificaram algumas câmeras com reconhecimento facial e também não encontraram nada.

— Obrigado. A polícia me mandou esperar algum tempo. Continuo com a sensação de que alguma coisa não se encaixa.

— Vamos continuar verificando.

Pouco tempo depois
Região central da Alemanha

Anthony deu diversas ordens para operações no leste do país na tentativa de encurralar os russos que faziam parte do comando rubro. O momento era ideal: os extremistas, enfraquecidos, pareciam desesperados. A mídia continuava cobrindo as operações de forma rasa e aparentemente apenas exibindo tudo como um grande espetáculo. O Tribunal de Haia sequer parecia ter prosseguido com o inquérito.

Mais uma vez, ele sentia que os envolvidos nas investigações estavam sozinhos novamente. Normal. Por este motivo, Anthony acabou verificando as redes sociais rapidamente. Não se falava nada sobre o filho. Viu uma foto dele em um treino do dia anterior e deu-se por satisfeito. Só não imaginava o que aconteceu com Timo. A cabeça do capitão estava cheia demais para pensar em tudo.

Todos que faziam parte do grupo de investigação se ajudavam e o ambiente era o mais amigável possível. Anthony agradecia todos os dias por aquilo, já que o trabalho era tenso e estressante. Ele levou a foto de Kai e Timo que ficava no escritório de casa para o novo local. De tempo em tempo, parava  o que fazia para vê-los. Duas vítimas de uma guerra silenciosa. No registro, estavam lado a lado com a seleção alemã antes de uma partida. Felizmente, eles tinham um ao outro em Londres. Aquilo o tranquilizava muito.

Um relatório chegou à mesa dele com informações sobre o sequestro de uma pessoa fora do país pelos extremistas. Os criminosos entraram na Alemanha com a pessoa livremente, sem passarem pelo controle de fronteiras. Eles suspeitavam que o deslocamento foi dividido em duas partes: o primeiro trecho foi feito de avião até um país nas proximidades e o restante de carro.

Como a Europa tinha um controle terrestre de fronteiras internas praticamente nulo, seria quase impossível fazer qualquer rastreio. Ninguém sabia quem havia sido sequestrado, muito menos onde tudo ocorreu. Anthony tinha várias perguntas: por onde eles entraram? Por onde passaram que não foram vistos? Para onde levaram a pessoa que foi sequestrada? Fariam algo com ele ou ela? Pediriam algum resgate?

Ele resolveu tomar fôlego. Pela primeira vez em alguns dias, saiu do prédio onde estava trabalhando e morando. Respirou ar fresco e sentiu a brisa em seu rosto. Nos vários anos de trabalho como policial, aprendeu que algumas respostas eram obtidas com o tempo. Portanto, deixaria a poeira abaixar um pouco.