Confusão

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Aachen
Semanas depois

Havertz decidiu voltar para a cidade natal depois de ver a festa que os pais prepararam para ele. Ainda teria o apartamento em Leverkusen quando fosse necessário, mas decidiu voltar para casa. Pensou que a casa dos pais não era mais um lugar para viver. Enganou-se.

Mesmo voltando para Aachen, Kai combinou com Timo uma viagem para Stuttgart nas férias. Ele ficaria em um hotel. Werner ficou responsável por organizar a visita à sede mundial da Mercedes e em outros lugares.

Stuttgart

Kai decidiu ir de trem para a cidade. Ao chegar, o sol tomou conta da paisagem quase sempre nublada da região. Ele desembarcou e foi até o saguão, onde Timo o aguardava.

— E aí, cara — Werner o cumprimentou com um aperto de mãos — pronto para conhecer a fábrica?

— Claro! Só preciso deixar as minhas coisas no hotel. Dá tempo?

— Sim! Na verdade, consegui marcar a visita só para depois do almoço. Aí pensei de levar você a um lugar para almoçarmos. Fica no alto de um prédio histórico, dá para ver a cidade inteira.

Havertz era apaixonado por paisagens. Passaria horas em qualquer lugar do mundo, observando o movimento das pessoas nas ruas e o sol iluminando diferentes partes do horizonte.

Eles foram para o hotel em que Kai fez a reserva. Kai mais novo fez o check-in em seguida. Deixou a mala e a mochila no quarto e lavou o rosto para espantar o sono. Desceu para o lobby.

Kai e Timo almoçaram e tiraram fotos um do outro com a paisagem de Stuttgart ao fundo. Atualizaram as redes sociais, já que ambos não eram muito de postarem tudo que faziam. No caminho para a fábrica, o silêncio se instalou no carro. Havertz o quebrou.

— E os seus pais? Você já resolveu tudo com eles também?

Werner riu.

— À medida em que cresço, mais dúvidas vem e vão na minha cabeça. Pegue o meu celular e olhe as fotos do álbum com nome de "família".

— Você tem mesmo um álbum com esse nome? — Kai riu.

— Cale a boca, estou falando sério. Olhe aí.

— Tem senha!

Timo reduziu a velocidade e encostou um dos dedos no leitor de digitais do aparelho, que foi desbloqueado em seguida.

— Olhe o álbum e me diga.

— Nossa. Eles são levemente diferentes de você. Mas qual é o seu ponto?

— Não sei. Meus pais agem estranho quando comento algumas coisas sobre a minha origem. Eu nunca falei sobre isso com ninguém. Apesar de ser filho deles, me sinto estranho — Timo disse, sem tirar os olhos da estrada. — O pior é que existe um álbum de fotos antigas em que eu apareço. Já o vi algumas vezes, mas nunca encontrei sequer uma foto da minha mãe grávida. Já desenhei mil possibilidades na minha cabeça.

— Pode ser que você tenha sido adotado por eles. Mas é algo que realmente importa?

— Não. Não importa. Nada mudaria. Se isso for verdade, gostaria apenas que me contassem sobre.

— Às vezes não podem. Ou sentem medo de dizerem o que aconteceu... devem ter medo de perder você — Havertz teorizou, em meio aos pensamentos.

Silêncio.

— No que está pensando? — Werner perguntou.

— Eu também não tenho fotos de quando estava na barriga da minha mãe. Bom, existem algumas, mas só mostram a barriga, sapatinhos, pares de meias e um macacão azul. Não mostram o rosto da minha mãe. E eu me pareço levemente com meu pai e nada com ela. Pode acontecer, é claro, de o filho nascer um pouco diferente dos pais. Mas ainda acho isso estranho. Meu pai é policial, você deve saber. Ele era cheio de paranóias quando eu era pequeno. Não podia brincar muito longe de casa, não podia circular muito sozinho, acho que por conta das investigações sobre extremistas que atuam na Alemanha.

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora