Investigação e festa

61 10 12
                                    

Dias depois
Últimos dias de novembro de 2020
Aachen

Anthony fez todos os interrogatórios parecerem fáceis para os outros policiais e membros do exército alemão. O detetive percebeu que todos possuíam tatuagens nos braços. O desenho? Uma vela com um X onde deveria haver o pavio, marcada nas peles dos criminosos com traços finos. Aquilo facilitaria muito a identificação e a investigação de outros extremistas.

O inquérito já havia chegado às mil páginas. Talvez mil e quinhentas. Eles já não sabiam mais. Anthony conseguiu mais apoio e colocou colaboradores para o tão esperado reforço nas operações e nas investigações. A cada dia, mais e mais presos lotavam uma base militar nas proximidades de Aachen.

A cidade ficou mais segura. Com o tempo, parecia que eles enfim conseguiriam chegar às lideranças. Anthony suspeitava que uma parte ficava no extremo leste do país. Já a outra parte do alto escalão do comando rubro comandava tudo à distância, da Rússia.

Os dossiês e provas reunidas pelo grupo comandado por Anthony seriam levados para o local onde era preparado o julgamento dos criminosos. A fase mais difícil havia se iniciado: o judiciário entrou em cena. Berlim continuava sem se manifestar. Os demais políticos do alto escalão fingiam que não tinham nenhuma responsabilidade com o que acontecia no país.

Os investigadores abasteciam a mídia com novas informações sempre que possível. Assim, a pressão sobre aqueles que poderiam fazer algo aumentava. O chanceler alemão estava em uma viagem para a cúpula do meio ambiente e não deu nenhuma declaração, mesmo com jornalistas no encalço dele o tempo todo.

Enquanto Anthony analisava um documento encontrado na base do comando rubro no dia anterior, pensou no quanto as coisas estavam caminhando bem. Ele realmente se sentiu feliz com os resultados até ali e ansiava por mais. Porém, o poder dele na investigação era por demais extraoficial. Preocupou-se com aquilo, pois poderia ser preso por trabalhar fora da jurisdição.

O tribunal militar do país invocou uma emenda do período da segunda guerra mundial que dava plenos poderes a qualquer capitão que fosse encarregado de assuntos de segurança nacional. Em situações como aquela, mesmo não sendo do exército, Anthony poderia ser considerado um militar nacional.

Aquilo com certeza facilitaria as coisas. Ele recebeu os documentos com a nomeação por um dos militares que estavam na equipe de investigação. Quando leu os papéis, não acreditou. Sentiu-se grato e levemente receoso com tamanha responsabilidade. Várias vidas poderiam ser salvas com tudo aquilo. Valia a pena lutar pelos outros. Aquele sempre foi o principal motivo para Anthony continuar na polícia. Quando Kai estava para nascer, ele queria largar o trabalho e atuar como professor de história, pois era formado e poderia seguir uma carreira mais tranquila.

Mas aí Sophie foi morta pelos extremistas. A mulher que deu a ele um filho não conseguiu fugir das garras das mesmas pessoas que destruíram a vida dos Werner e tiraram o futuro de Timo. Não queria que Kai perdesse mais do que a mãe. Assumiu as rédeas de tudo e sacrificou momentos e por vezes até mesmo a relação com o filho para que pudesse protegê-lo e manter tantas outras pessoas em segurança. As brigas com Kai cortavam o coração de Anthony. O homem sempre fez o melhor que pôde pela família. Maria o ajudou muito, sendo compreensiva e paciente.

Ler aqueles papéis era reconfortante. Por conta do que estava escrito neles, o capitão teria plenos poderes para expandir a operação. Mesmo com todas as dificuldades que enfrentou e o ceticismo por parte de alguns policiais, ele continuaria avançando. Haviam infinitos motivos para proteger tantas pessoas e livrar o país de tanto sofrimento. Um país que passou décadas dividido fisicamente. Um país que precisava continuar lutando pela liberdade, mesmo com a reunificação do território mais de trinta anos antes.

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora