— Se eu morrer, você está autorizado a abrir o cofre.
— Que coisa horrível de se dizer. Com qual senha?
— Nunca se sabe. Hoje, estou aqui. Amanhã, não sei. Você descobrirá a senha.
— Tudo bem. Vou fazer alguns exercícios. Aquela bicicleta que fica no porão ainda funciona?
— Use o lubrificante que está em uma das prateleiras.
— Pai, obrigado pela conversa.
— Eu precisava dizer algumas coisas a você. Espero que possa lhe contar tudo algum dia.
Kai sorriu e foi ao porão. Ali, ele se exercitou com a bicicleta por uma hora. Depois, fez alguns treinos com bola nos fundos da casa. Descansou brevemente em seguida. Colocou a máscara e fez uma pequena caminhada na rua. Mais meia hora.
Quando voltou para dentro de casa, percebeu que a mãe e o pai estavam conversando. Escondeu-se atrás da cortina da sala e ouviu alguns sussurros. Havertz odiava fazer aquilo, mas era uma forma de saber o que estava acontecendo.
— O que você disse a ele, Tony? Eu ouvi parte da conversa.
As frases arrancaram uma risada baixa do garoto, ao perceber que não era o único que ouvia conversas ali.
— Nada demais. Ele sempre teve curiosidade sobre o comando rubro. Só disse o que podia ser dito.
— Ainda bem. Com ele passando mais tempo aqui, fica difícil. Tenho medo de deixarmos escapar alguma informação.
— Não há nada com que se preocupar, Maria. Ele está seguro. Nós também estamos. As chances de eles virem atrás de nós são pequenas. Não há nenhum registro de que eu estou cuidando de algumas partes da investigação de Aachen na polícia. Somos muito cautelosos.
— Desde antes do nascimento do Kai estamos nessa. Com o passar dos anos, parece que fica mais difícil nos mantermos protegidos. Não sei, essa é a sensação que tenho — ela disse, saindo do escritório.
— Fique tranquila. Estamos bem.
Kai permaneceu atrás da cortina até que a mãe subisse as escadas. Saiu quando sentiu que não desconfiariam de nada. A conversa foi pouco esclarecedora. Ele ligou a televisão e trocou de canais várias vezes até que encontrasse um filme para assistir. Achou um que estava começando. O vento do lado de fora da casa fazia as janelas tremerem. Uma chuva forte caiu, com raios e trovões. Apesar dos barulhos, aquilo acalmava Havertz.
Poucos meses depois, já no meio do ano, Kai precisou focar muito para não se perder em meio às notícias e aos acionamentos pela imprensa. Vários clubes começaram a sondá-lo entre o início de maio e o mês de junho. Barcelona, Liverpool, Real Madrid e outros clubes fizeram propostas. Algumas não foram nem repassadas a ele ou aos agentes, pois o Leverkusen queria mais. Queria muito.
Lampard já havia conseguido contratar Werner e Ziyech para uma renovação no setor ofensivo. Havertz seria a cereja do bolo, devido à versatilidade em campo. Atacante. Camisa 10. Jogador de lado. Tudo isso Kai tinha plenas condições de fazer, como fez a vida inteira. O técnico do Chelsea praticamente implorou para Marina e Abramovich o contratarem. O preço a ser pago por Havertz seria absurdo, mas o investimento valeria a pena. Lampard sentia aquilo.
Toda contratação no futebol é como jogar na loteria. Não se sabe como o jogador vai atuar no novo clube. É como um tiro calculado no escuro. Houveram grandes ídolos que saíram de seus times para outros e tiveram uma assustadora queda no rendimento em campo. Isso quando outros problemas não aconteciam. O Chelsea nunca jogou no mercado para perder, embora alguns jogadores nos anos anteriores se mostraram pouco vantajosos com o passar do tempo. Algumas eliminações doeram mais do que outras. O clube queria encontrar o seu caminho de volta aos pódios. E para os russos que administravam o time, contratar os melhores era nada mais do que tudo.
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My Brother | Kai Havertz & Timo Werner
FanfictionKai e Timo descobrem que são irmãos e que o passado deles está ligado ao Comando Rubro, um grupo que destruiu várias famílias alemãs. Eles são sobreviventes, cresceram separados e a verdade foi escondida por mais de 20 anos pelos pais para que ficas...