Visita a Stuttgart

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A Alemanha nunca foi tão fria e triste. Os Havertz não lidaram bem com a morte de Sophie. A polícia solicitou uma autópsia detalhada que travou a liberação para o enterro.

O funeral foi planejado cuidadosamente por Maria. A cerimônia foi discreta e teve um esquema de proteção para que todos — os Havertz, os colegas de trabalho e alguns amigos que Sophie fez nos meses em que morou em Aachen — pudessem se despedir dela. Anthony mandou deixarem o nome original na lápide.

Kai já havia sido liberado do hospital e foi levado para a despedida da mãe, mesmo com poucos dias de vida. O bebê não parou de chorar e aquilo cortou o coração de todos.

O casal e o menino voltaram para casa depois que a cerimônia se encerrou. Os mais velhos ficaram conversando na sala enquanto Kai dormia tranquilamente em meio a algumas almofadas no sofá.

— Como ficou o nome dele?

— Exatamente como Sophie queria. Kai Lukas Havertz — Anthony mostrou o documento à esposa. — Ainda não consigo acreditar no que aconteceu.

— Vai ficar tudo bem — Maria o abraçou e os dois se mantiveram juntos por algum tempo. — Você disse que vai atrás do outro filho dela. Tem certeza que é uma boa ideia? O menino já está crescendo, já tem três anos de idade... acho que ele seria exposto a um risco desnecessário.

— Kai é irmão dele... não posso deixar que cresçam separados. Imagine o quanto isso pode ser devastador para ambos no futuro?

— Nós não temos condições de trazer Timo. Isso pode ser perigoso para ele e para nós.

— Eu posso trabalhar mais um pouco, não há problema nisso.

— Sophie nos disse que o Comando Rubro costuma procurar pelos filhos das vítimas para que os levem e treinem para matar compulsoriamente. Acredite, é melhor deixá-lo onde ele está. Se estivessem procurando já teriam encontrado. Como acharam Sophie mesmo com as mudanças que ela fez?

— Eu sei disso... só que além de mim, Timo é a única família de verdade que o Kai tem. Seria muito melhor se os dois convivessem no dia a dia.

— Tony, daqui algum tempo as coisas podem mudar. Por enquanto, estamos fazendo o melhor para ambos e isso envolve alguns sacrifícios. Não podemos nos desviar da promessa que fizemos a ela.

— Vou a Stuttgart para vê-lo independente de qualquer coisa. Quero me assegurar de que tudo corre como planejado por Sophie. Eu sou policial... ninguém suspeitaria de visitas eventuais.

— E se o grupo estiver monitorando o dia a dia dele só esperando que alguém apareça? E se essa tal pessoa que esperam seja um policial da cidade em que a mãe morreu e também está envolvido nas investigações do bombardeio? Essas coincidências não podem ocorrer. Se descobrirem que você tem um filho eu não sei como isso pode terminar...

— Você sabe que eu sempre tomo cuidado, não é?

— Sim. Só não quero que eles destruam mais famílias.

Anthony passou mais alguns minutos conversando com Maria e decidiu levar Kai para o berço. Eles montaram o quarto semanas antes, quando Sophie ainda estava viva. As paredes tinham desenhos de animais e plantas e o berço era branco. Entrar ali só fez com que o homem se lembrasse dela.

O pai não sabia como o menino cresceria. Também não sabia se contaria a verdade a ele assim que pudesse ou mesmo se poderia falar sobre a existência de Timo sem expor ambos aos riscos.

Os primeiros anos de vida de Kai foram tranquilos. O menino era muito esperto e gostava de brincar com os pais em um gramado perto de casa.

Stuttgart

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora