Trauma

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Londres

O jato pousou no aeroporto privado no tempo previsto. Chovia na capital inglesa. Quando o piloto parou a aeronave, Havertz soltou o cinto e ficou de pé, auxiliando Werner a fazer o mesmo.

Eles foram para a saída e olharam para fora. A escada parecia um obstáculo difícil para Timo, que meneou a cabeça e ficou desanimado.

— Não consigo descer.

— Eu ajudo. Fique tranquilo.

Kai passou o braço por trás dos ombros do irmão para apoiá-lo e ele fez o mesmo, mas não tinha forças o suficiente.

— Suba nas minhas costas. É a forma mais segura de descermos na chuva.

— Você também está muito machucado e mal consegue se manter de pé...

— Suba logo! Nós precisamos ir para o hospital.

Havertz segurou as pernas do irmão, que fechou os braços em volta do pescoço dele. Caminharam por alguns metros até que um carro preto se aproximou. Eram os seguranças.

— Olá, senhor! É muito bom vê-los. Entre no carro. Ajudaremos o senhor Werner a entrar também — um deles disse, aproximando-se.

Kai entrou no veículo e sem querer esbarrou a perna na porta quando a abriu. Ele cerrou a mandíbula ao sentir dor. Os homens ajudaram Timo, que foi colocado ao lado dele no banco de trás do carro.

— Tudo bem?

— Agora sim. 

Werner apoiou as pernas no lugar vago no banco de trás e suspirou aliviado.

— Precisamos ir ao hospital, mas não pode ser pela porta da frente — Havertz disse ao segurança que estava ao volante.

— Já organizamos tudo, senhor.

Na chegada ao hospital eles foram levados a locais diferentes. Timo precisou de limpeza nos  ferimentos que tinha pelo corpo. Também levou alguns pontos no abdômen e nas pernas. Foi reidratado com soro e nutrientes, pois estava muito fraco após dias se alimentando pouco. A primeira refeição dele foi sopa. Ele lembrou de Evelyn, que preparava sopas quando o frio de Stuttgart ficava muito pesado.

Havertz apareceu no quarto dele com as pernas enfaixadas e com novos curativos pelo corpo.

— Como você está? — Kai perguntou.

— Um pouco tonto. Me deram alguns remédios para dor e estou me reidratando — ele apontou para uma bolsa de soro. E você? Como estão as suas pernas?

— Doendo, mas também tomei alguns remédios. Vou aproveitar aquele sofá para descansar depois.

— Ainda não acredito que arriscou tudo só para me salvar.

— Eu faria novamente. Mil vezes, se necessário.

— Você é o melhor amigo que eu poderia ter na minha vida.

Kai queria contar a ele que eram irmãos, mas foi interrompido por uma rápida invasão ao quarto. Kepa, Mason e Ben entraram correndo.

— Como vocês estão? — Kepa perguntou, alternando o olhar para os dois.

— Estamos bem — Timo levantou o polegar levemente e fez um sinal positivo.

Mason chamou Havertz para uma conversa breve no corredor.

— Ele já sabe? — o inglês perguntou, curioso.

— Não. Acho melhor contar a ele quando estivermos em casa, longe de todas as coisas e de tudo que possa fazer mal — Kai respondeu, levemente desanimado. — Tenho medo da reação. Ou de piorar as coisas. Acabaram com ele, Mason. É claro que agora está a salvo depois que eu o trouxe de volta, mas aqueles dias lá podem ter desencadeado tantos medos e inseguranças... o lugar era horrível. Sujo, abandonado, escuro...

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora