Conversas

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No outro dia
Região central da Alemanha

Anthony mal fechou os olhos na noite anterior. Ele coordenou uma incursão a duas instalações do comando rubro no leste do país, onde os extremistas tinham muita força. A operação foi um sucesso em relação às prisões, mas não conseguiram resgatar ninguém. Os resgates reduziam a cada operação.

Aquilo representava uma mudança de paradigma: antes, as equipes quase sempre encontravam algumas pessoas que eram mantidas presas pelos extremistas. Mas estava cada vez mais difícil encontrar alguém. Significava que ou o comando rubro obrigava quase todas as pessoas que eram levadas a trabalhar com os grupos ou que elas se tornavam vítimas fatais deles.

O grupo se tornou muito violento depois das operações que Anthony coordenava. Cada novo ataque aos flancos do grupo gerava uma reação desesperada. Ele sabia que aquilo aconteceria com cada vez mais frequência.

Pelo menos a força ficava desproporcional. Os ataques das equipes de Anthony aos locais onde eles mantinham depósitos de armas e centrais de comando se mostravam fortemente eficazes. Mais de três mil extremistas foram levados para prisões alemãs, fazendo com que o país precisasse reativar algumas que estavam ociosas. Porém, o governo nacional continuava negando o que acontecia à plena vista.

— Anthony — Maria chamou o marido, que estava absorto no relatório da missão executada na noite anterior. — Tem notícias dos meninos?

— Não. Nossa, me esqueci completamente. Ainda não temos uma forma segura de nos comunicarmos. Anteontem um oficial nosso entrou em contato com a esposa e a localização dele foi revelada. Ele estava em uma cafeteria em Dortmund. Ambos foram mortos.

— Meu Deus! Isso é absurdo — ela ficou atônita. — Mesmo assim, podemos pesquisar sobre eles na internet. Podemos olhar as redes socais deles e do time, talvez haja alguma novidade.

— Tudo bem. Vamos olhar — Anthony fechou a pasta que continha o relatório e abriu o navegador. O computador militar fornecia a segurança necessária para que ao menos as pesquisas não fossem rastreadas.

Ele viu diversas fotos do jogo da noite anterior e muitas notícias sobre uma ausência injustificada de alguém da equipe. Werner.

— Parece que Timo não viajou para o jogo de ontem. Inclusive, ninguém quis falar com a imprensa sobre isso. Espere... — ele fez uma pausa, ampliando uma das fotos em que o filho aparecia.

— O quê?

— Kai estava chorando. Não sei o que aconteceu, mas ele está visivelmente triste nessas imagens.

— Bom, para tirarmos a dúvida, temos que ligar para ele.

— Agora não dá. Não conseguimos resolver o problema no aparelho que improvisamos. Vou verificar se já foi reparado.

— Você prefere uma invenção cheia de colagens e peças de equipamentos diferentes do que uma solução mais fácil como o envio de alguém para Londres. Eu posso ir!

— Não. É melhor que fique aqui comigo. Daremos um jeito. Fique calma!

— Você e eu estamos em uma instalação militar. O nosso filho está lá fora, no mundo. Timo está na mesma situação. A sua teimosia não nos levará a lugar algum.

— Maria, nós daremos um jeito de falar com ele. Certo? Tem mais alguma coisa?

— Não. Depois não reclame que Kai está estranho com você.

Maria foi embora e fechou a porta do escritório de Anthony. Ele chamou o técnico que ficou responsável pelo aparelho improvisado. O funcionamento foi confirmado e ele foi para a sala onde poderia ligar para o filho.

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora