Reencontro

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— Eu falei que o prenderia se viesse para cá.

— Você acreditou mesmo que eu ficaria em Londres esperando respostas?

— Eu sei que não. Você é muito parecido comigo.

— Quando vamos para lá?

— Você não vai a lugar algum, Kai! — ele protestou, furioso.

— Eu achei o lugar, pesquisei e corri atrás das informações! Então acho que mereço pelo menos fazer parte disso. Ele pode estar assustado, pai. Eu tenho que ir.

— O que eu vou fazer se atirarem em você?

— O que todo policial faz... estabiliza e pressiona o ferimento, acalma a vítima e encaminha para a emergência.

Anthony gargalhou. A mudança repentina no humor dele deixou Kai confuso.

— Você é extremamente teimoso. Não vai sossegar enquanto não lhe der uma roupa e um colete, não é?

— Roupa e arma, por favor.

— Não tem roupa e muito menos arma para você.

— Chega, pai. Não podemos perder tempo.

— Realmente não podemos.

Anthony o prendeu à mesa com uma das algemas, mantendo-o sozinho na sala.

— Me desculpe, filho. Sei que vai me perdoar algum dia. Eu volto para lhe soltar — ele disse, antes de fechar a porta.

— Se você me deixar aqui nunca mais vai me ver! — Kai gritou e deu socos na mesa.

O pai ouviu a frase, mas tentou ignorá-lo.

Segundos depois, Kai percebeu que Anthony não prendeu a algema muito bem ao pulso dele. Kai deslocou levemente o polegar com a ajuda da outra mão e sentiu as articulações estalando. Puxou a mão presa com força para se libertar. Cerrou a mandíbula, pois o incômodo foi forte. Ele não tinha outra alternativa. Precisava sair dali.

Havertz abriu a porta e olhou para os dois lados do corredor. Não havia ninguém. Ele correu para a área externa do aeroporto e encontrou dois dos veículos que seriam utilizados nas buscas por Timo. Possivelmente, os carros e alguns homens ficaram ali a pedido de Anthony. A chave de um deles estava na ignição. Não pensou duas vezes e sentou no banco do motorista.

Ele viu dois revólveres no banco do passageiro. Era tudo que tinha caso precisasse se defender. Abriu o mapa no celular e colocou como destino a estrada de terra que levava à prisão. De lá, poderia decidir se iria para a fazenda ou se seguiria para o topo do monte. Ligou o rádio e trocou os canais. Parou quando ouviu a voz do pai em um deles.

Kai chegou à bifurcação na estrada de terra em pouco tempo. Ficou parado aguardando e verificou a arma. Depois de anos vendo o pai manusear revólveres, pegou um deles para levar consigo. Claro, ele não tinha a pontaria de um militar em combate, mas era o suficiente. Os homens que estavam no aeroporto o seguiram no outro veículo. Eles pararam e deram cobertura ao alemão.

— Senhor Havertz, precisamos dividir a nossa equipe entre os dois veículos — um dos homens disse. — Tenente Müller, a seu dispor.

— Sou só filho do Anthony, não é necessário me tratar como se eu fosse um rei.

— Senhor, o capitão disse que deveríamos garantir a sua segurança. Por isso ficamos no aeroporto.

— Creio que falharam nisso.

— Certamente, senhor. Por que parou no meio do nada?

— Esse lado vai para a fazenda onde Timo pode estar escondido. O outro vai para a prisão abandonada. Fui eu que descobri isso.

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora