Férias

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— Oi Timo! — ela o abraçou. — Que bom que você veio!

— Obrigado, Maria!

— Ele não quer ir embora, mãe — Kai riu.

— É normal que todos criem laços com Aachen. Eu me mudei para cá com os meus pais quando tinha cinco anos e desde então nunca fui embora. Vocês vão ficar aqui por quanto tempo?

— Amanhã bem cedo nós vamos para Stuttgart — Timo respondeu. — Queremos ver os ajustes finais nas instalações da fundação.

— Achei que passariam alguns dias aqui, mas fica para outra oportunidade então. Bom, o jantar está pronto. Filho, chame o seu pai no escritório por favor — Maria foi à cozinha e Werner a acompanhou.

— Quer ajuda? — Timo perguntou, ao vê-la com dificuldade para tirar o tabuleiro do forno.

— Só leve essa salada para a mesa, por favor. Eu vou levar o assado.

— Mais alguma coisa? — ele voltou para a cozinha depois de deixar a travessa com a salada sobre a mesa.

— É só. Você e o Kai conversaram?

— Sim. Está tudo bem... é impossível ficar com raiva dele! — Werner riu.

Maria piscou os olhos várias vezes, como se evitasse o choro.

— Nunca vi meu filho tão feliz como nos últimos meses. Eu sei que algumas coisas não podem mudar, mas vê-lo bem me deixa muito satisfeita.

— Ele só precisava de tempo, assim como eu. Acho que conseguimos fazer as pazes com o que aconteceu. Tem algo que eu sempre tive como um norte para a minha vida: a noção de que o passado não pode mudar. Ele é o que foi. O conjunto de situações, pessoas e coisas que aconteceram e ficaram para trás.

— É um passado muito doloroso. Digo isso porque dá para entender o que sentem. Sophie tornou-se minha amiga. Por isso quase chorei quando você disse que é impossível sentir raiva do seu irmão. Quando ela e Tony me contaram sobre a gravidez, em partes me questionava quando eu sentiria raiva, mas a verdade é que isso nunca coube no meu coração. Eu me senti tão cheia de vida! Pedi a ela para que ficasse conosco. Cuidaríamos do Kai juntos.

— E então ela se foi. Deve ter sido muito difícil.

— Foi, porque eu e o Tony tivemos que deixar o luto de lado. Imagine... Kai estava no meio de tudo aquilo e merecia o melhor de nós. Ele encheu essa casa de felicidade. Nós estávamos quebrados por dentro e todo o amor que ele nos deu recolocou as nossas vidas no lugar.

Timo e Maria continuaram organizando a mesa para o jantar enquanto Kai conversava com Anthony no escritório.

— Como foi? — o pai perguntou, tomando um gole de vinho em seguida.

— Foi como se ela tivesse acabado de nos deixar — ele se sentou em um dos bancos e tamborilou os dedos sobre a mesa. — Choramos à beça.

— Eu imagino. Todas as vezes que levo flores para ela parece que tudo acabou de acontecer. A cena se repete na minha cabeça de tempo em tempo. Eu fui vê-lo rapidamente nas incubadoras e quando voltei para onde ela estava... você sabe — Anthony ficou cabisbaixo. — Ainda me lembro do seu choro intermitente... cortou o meu coração naquele dia.

Eles ficaram em silêncio. Só o pêndulo do relógio em um dos cantos do escritório fazia algum barulho.

— Você a amava? — Kai fitou os olhos lacrimejantes do pai.

— Sim. Não como eu amo a sua mãe. Não era desse jeito. Era algo tão... — Anthony coçou a cabeça e fechou a pasta para a qual olhava fixamente. — Nós tivemos um caso que durou alguns meses. Eu estava envolvido com o início das investigações e enfrentava dificuldades por conta da falta de apoio na polícia... também via a dor dela por ter perdido o marido e por ter deixado Timo em Stuttgart... e aconteceu. Mas você nasceu com muito amor, filho. Pode ter certeza disso. Você foi amado desde o início.

My Brother | Kai Havertz & Timo WernerOnde histórias criam vida. Descubra agora