Capítulo 3

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Assim que ganho coragem, atravesso a rua e entro no pequeno café. O sítio está parecido ao de antes, apenas mais moderno e com cores diferentes. Não consigo explicar a sensação de nostálgia dentro mim, quem diria que passado uns anos iria estar neste café a pedir emprego.

"Olá, bom dia, posso ajudar?" Um menino moreno que aparenta ter a mesma idade que eu dirige-se a mim. Ele está com o avental e o chapéu a representar o café, que fofo.

"Olá! Obrigado, mas eu vim aqui porque fiquei a saber que vocês estão a precisar de empregada." Digo, um pouco envergonhada. Nunca pedi emprego na minha vida, nem sequer fiz nenhuma entrevista de trabalho.

"E eu gostaria de me candidatar." Termino.

"Ah, que bom! És a primeira a candidatar-se." Ele diz e um alivio surge dentro de mim. Que sorte.

"Bom, eu vou-te fazer algumas perguntas para saber se tens o perfil que procuramos." Eu engasgo. Já? Eu nem preparei nada! Como posso ter o perfil que procuram se nunca trabalhei na vida?!

Ele puxa duas cadeiras e faz um gesto que indica para me sentar e eu obedeço.

"Já trabalhaste em algum café ou bar antes?" Pronto, acabou, estou fodida. O que eu faço? Não posso mentir, ele vai perceber e eu realmente não me sinto bem com isso. Seja o que Deus quiser mesmo.

"E-eu nunca trabalhei." Digo. " Mas aprendo muito rápido!" Apresso-me.

"Ainda bem que és honesta. Vais ver, é tudo muito fácil." Ele sorri. Que bom que ele é tão simpático, sinto-me mais tranquila.

"Não vejo a hora de ver isso!" Sorrio de volta. Espero ao menos que ele tenha em consideração a minha vontade de aprender.

"Qual é a tua qualidade principal?" Boa, essa nem eu sei. Além de dar bons conselhos amorosos ao Alexy, não sei que mais.

"Meu bom humor." Respondo com sinceridade. Considero-me uma pessoa alegre e sempre com disposição. Raramente fico embaixo com alguma coisa.

"Ah é? Isso é ótimo para lidar com a clientela. E também é a melhor ferramenta para fazer com que eles voltem sempre." Ele pisca-me o olho. Quem diria que eu tinha uma qualidade realmente útil para a sociedade.

"O que é um Macchiato?" Pergunta. Sem dúvida, esse nome é me familiar. Na minha antiga cidade, tinha uma amiga que pedia sempre isso, ela é bem diferente, chega a me lembrar da Chani.

"Um café com leite para os hipsters." Digo na esperança que ele tenha um bom sentido de humor, o que acho que tem. Talvez as minhas piadas compensem a minha falta de experiência?

"Realmente, essa é a melhor definição! Acho até que vou mudar o nome no menu." Ele ri. Não sei como é que isto está a correr tão bem.

"Mas um pequeno conselho: na frente da patroa diz apenas macchiato, ok?" Ele completa e faz-me rir. Ele realmente conseguiu-me deixar à vontade.

"Sim. Não me vou esquecer disso."

"Eu vou ficar com o teu currículo, mas a patroa não está por aqui hoje. Vais ter de passar por aqui novamente."

"Ah, claro. Sem problemas." Digo. Ainda bem que já acabou.

"Mas, já que cá estás, queres beber alguma coisa? Ainda não chegou ninguém e eu vou aproveitar para fazer uma pausa." Ele é extremamente simpático. Quase não quero recusar, no entanto já é hora de jantar e eu tenho de encontrar algum restaurante ainda cedo, para poder organizar as coisas no dormitório. Assim que abro a boca para recusar, lembro-me de que ele foi extremamente simpático e que me facilitou imenso na entrevista, não posso simplesmente ir embora assim.

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