Capítulo 91

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"Vi o carro da Yelleen lá fora. Ela está aqui? Tenho que lhe entregar umas luvas de boxe que pedi emprestado dela." Ele diz. Ainda não viu que estou atrás do Armin. Luvas de boxe? Desde quando a Yelleen luta boxe?

"Sim e... a Allayah também." O Armin por fim diz. Abre espaço para que o Nathaniel entre e assim que entra, receoso e com as sobrancelhas franzidas, paralisa quando os nossos olhos se cruzam, pela primeira vez numa eternidade.
Posso sentir todo o meu corpo estremecer quando o vejo na minha frente. O homem que me tira o sono todas as noites. O homem que ocupa o meu pensamento todos os dias. Ele.
Está igual à última vez. Lindo. Precioso. Meu.
Demoramos imenso tempo até conseguirmos falar. Estamos observando um ao outro. Não por fora, por dentro.

"O-Olá." Sorrio como uma criança tímida e a minha voz nervosa e envergonhada denuncia-me. As bochechas dele estão coradas e um sorriso encantador se forma no seu rosto.

"Olá." A voz doce dele percorre os meus sentidos e faz a minha pele arrepiar. Ele está usando um fato e com o cabelo penteado.

"Acabei de sair de uma reunião, desculpem ter aparecido sem avisar." Ele diz, dirigindo-se ao Armin, mas parece que também está falando comigo. Tenho vontade de chorar de alegria por ele estar bem na minha frente. Várias vezes me passou pela cabeça se ele estaria bem, saudável e feliz. Agora, finalmente, sei que sim.
Sem que possamos dizer mais alguma coisa, a Chani e a Yelleen aparecem.
Quando se apercebem do que está acontecendo, ficam pálidas.

"Por essa eu não esperava." A Yelleen sussurra, enquanto olha para mim e para o Nathaniel.

"Merda." A Chani diz.

"Aqui está o seu caderno, Chani. Devo ter levado por engano." Ele diz e entrega o caderno. Ela sorri, desajeitada.

"E as minhas luvas?" A Yelleen pergunta. Não sabia que eles tinham ficado amigos.

"Tenho no meu carro, quando descer já as leva. Obrigada por ter me emprestado no treino, acho que a Kim me mataria se eu não treinasse ontem." Ambos riem. Então eles treinam juntos, é isso. Não vou mentir que gostava que a Yelleen tivesse contado, mas ela evita tocar nesse assunto.

"Vocês já vão embora?" A Chani pergunta, olhando para mim.

"É, acho que sim." A Yelleen assente com a cabeça.

"Trabalho cedo amanhã." Ela explica.

"Obrigada por terem passado por cá." O Armin sorri e me dá um abraço.

"Amanhã ligo para você, Ally." A Chani diz e eu sorrio para ela. Depois de nos despedirmos, eu, a Yelleen e o Nathaniel vamos em direção ao carro dele, que é o carro do meu avô. O caminho até ao carro é constrangedor. Ninguém diz uma palavra. Eu e o Nathaniel porque estamos em estado de choque e a Yelleen porque sabe que está a mais.

"Aqui tem." O Nathaniel abre a mala do carro e tira de lá as luvas.

"Obrigada. Vejo você amanhã. Vamos, Allayah?" A Yelleen pergunta. Eu... não sei. Olho para o Nathaniel durante uns segundos, na esperança que ele diga algo, talvez que peça para eu ficar. Porque é que ele haveria de fazer isso? Deixou claro que eu devia seguir em frente. Após alguns segundos, ele continua calado. Certo...

"Sim, vamos..." Digo, triste. Dou um sorriso fraco ao Nathaniel e começo a caminhar em direção ao carro da Yelleen. Lágrimas ameaçam cair pelo meu rosto. Tenho mil pensamentos na minha mente e uma onda de memórias nossas a impedir-me de pensar com clareza. Porque ele está fazendo isso comigo? Porque é que ele não luta por mim?

Quando estou quase abrindo a porta, o meu coração vibra.

"A-Allayah, espere." A voz dele alcança o meu corpo e eu vibro de emoção. Ele está se aproximando de mim. Coloca a mão em cima da minha mãe que está sobre o puxador da porta.

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