Capítulo 21

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"Nathaniel!" Grito, assustada. Corro na direção dele, mas ele afasta-se bruscamente e solta um gemido de dor. O olho dele está completamente roxo e a cicatriz no lábio dele está aberta novamente. Estou em choque. O meu corpo está a tremer, não sei se é do frio ou do choque estou em vê-lo dessa forma. Quem lhe fez isso? Ele está de rastos, completamente. Apenas se ouve a tosse fraca dele na rua. Não está ninguém aqui, apenas eu e ele.

"O que aconteceu com você?" Aproximo-me dele, mas tenta afastar-se novamente. Dessa vez, tropeça no passeio. Eu agarro-o e ele se contorce com a dor.

"Largue!" Ele grita. Eu assusto-me com a reação. O Nathaniel nunca gritou comigo, pelo contrário, ele sempre é tão atencioso.

"Você é doido! Está todo machucado, se eu o largar você vai cair, Nathaniel!" Berro de volta. Ele tenta responder, mas está tão machucado que simplesmente aceita. No entanto, a cara dele está com uma expressão demasiado conturbada, como se não quisesse que eu o veja nesse estado.

"Vou levá-lo para casa, está bem?" Digo. Ele não está ouvindo. Parece imerso nos seus pensamentos. Eu coloco o seu braço em volta do meu ombro para que possa caminhar com ele. Ele não diz nada, mas está fazendo um esforço enorme para que não seja muito pesado para mim.
Começamos o caminho até o apartamento dele. Memórias da noite em que carregamos a Ambre surgem na minha mente. Porque será que esses dois nunca têm descanso?
Nathaniel, com que fantasmas você está lutando?

Ninguém fala nada durante o caminho. As mãos dele estão vermelhas. Ele se meteu numa briga. Os anéis que ele costuma usar, estão cobertos com sangue. Vamos deixando pingas de sangue pelo caminho, que caem dos lábios dele. Parece que a cicatriz dele nunca vai sarar desse jeito...
Eu quero dizer alguma coisa, caramba.
Quero gritar com ele, obrigá-lo a me contar o que raio se passa que o faz ficar nesse estado. Mas... Ele tem de confiar em mim para isso.

"Eu consigo sozinho agora. Pode deixar." Diz assim que estamos entrando no prédio dele. Ele está arrogance e distante. Não quer a minha ajuda, mas claramente não se consegue mexer.

"Mal se consegue segurar em pé. Não vou largar você." Estalo. Ele é louco se acha que vou fazer isso.

"Já falei que consigo sozinho, porra! Apenas largue!" Não entendo porque ele está gritando comigo. Eu estou tentando ajudar, mas ele é tão teimoso. Eu largo-o levemente, até que ele ameaça cair outra vez.

"Estava dizendo?" Ele desiste. Agarra-se a mim até conseguirmos entrar na porta dele.
A Branca vem receber-nos à porta e começa a miar assim que vê o seu dono nesse estado.
A casa, diferente da última vez que estive cá, está arrumada. Parece que ninguém vem aqui há dias. No entanto, a tigela da Branca cheia de comida, mostra o contrário.
Levo-o em direção ao sofá, sento-o devagar, mas mesmo assim ele solta gemidos baixos de dor. Não consigo evitar o quão parvo isso parece, mas esse gemidos mexem um pouco comigo.
A gatinha fica no chão, olhando para nós. O Nathaniel sorri fracamente para ela, mas logo volta a fechar a expressão.

"Você vai me contar como raio é que ficou todo machucado?" Eu grito para ele. Estou chateada com a atitude dele, ele não quer ser ajudado mesmo sabendo que precisa da minha ajuda. Detesto vê-lo dessa maneira, machucado, ensanguentado. Isso não é ele, ele é mais do que isso.

"Não lhe diz respeito." Ele estala. Uau.

"Não me diz respeito? Olha para você! Isso não é normal! O que andou fazendo, Nathaniel? Você está escorrendo sangue por todo lado, pelo amor de Deus!" Estou descontrolada. Entre vê-lo assim e a atitude fria dele. Estou magoada, preocupada e só quero atirá-lo pela janela e ao mesmo tempo beijar todas as feridas no rosto dele.
Começo a procurar, freneticamente, por um kit de primeiros socorros. A única coisa que não tenho certeza de conseguir resolver, é o golpe no lábio. Se a cicatriz tiver realmente aberto, ele vai precisar levar pontos.

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