Capítulo 51

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"Meu Deus... Francis..." A voz da mãe do Nathaniel é fraca e trémula, assim como seria a minha se conseguisse falar. O rosto do pai dele está coberto de sangue e é notável de que amanhã o olho vai estar bastante inchado.

"Nathaniel, porque fez isso?" Ela pergunta. O Nathaniel solta um sorriso irónico antes de responder.

"Engraçado. Talvez lhe devesse ter feito essa pergunta há quatro anos atrás, não?" Estala.

"Chega, Nath. Já fez o suficiente, por favor." A Ambre está com lágrimas nos olhos. É visível de que não quer se meter, mas está tentando proteger o irmão de arranjar mais problemas.

"Foda-se, vou embora daqui." Ele reclama, pegando na minha mão, indo em direção da porta. Mas, outro trovão estrondoso faz-nos saltar. Se é que é possível, está chovendo ainda mais. Uma tempestade horrível.

"Por favor, fique... O tempo está demasiado mau para fazerem todo o caminho de volta. O seu quarto está livre, vocês podem ficar. Por favor." A mãe dele pede, quase chorando. Posso perceber que o pai dele tenta murmurar algo, mas está tão machucado que não se percebe nada.

"Nem pensar. Eu não vou ficar nessa maldita casa." Outro trovão preenche o ambiente. Isso não é nada bom... A mãe dele tem razão, não é seguro dirigir de volta ao campus com esse tempo. Já está escuro lá fora.

"Não vou ficar descansada se for dirigir nessa tempestade! Vocês podem ficar os dois aqui, passam a noite e vão embora de manhã!" Ela já está quase implorando. Não sei como me sinto sobre passar aqui a noite, numa casa onde claramente não sou bem-vinda, mas sei que também não me sinto bem em sair nessa tempestade que tão cedo não vai melhorar.
O Nathaniel desvia o olhar da mãe para mim.

"Quer ficar?" Pergunta, olhando no fundo dos meus olhos. É por isso que eu o amo. Ele só quer saber se eu me sinto confortável. E se eu me sentir, ele vai apenas concordar.

"A tempestade está... piorando e, além disso... a sua mãe parece ficar mais descansa se ficar." Falo tão baixo que mais parece um sussurro. Sinto me pressionada com eles ouvindo, fora de que ainda estou em choque com o estado do Nathaniel.

"Tudo bem. Ficamos, mas vou embora logo cedo de manhã." Reclama. Não diz mais nada, apenas passa pelo meu lado, ignorando o pai. Ele sobe as escadas rapidamente e eu fico ali, olhando com pânico.

"Vou levar o pai para o quarto e ver o que posso fazer com os machucados..." A Ambre bufa, começando a subir as escadas com o pai. A mãe do Nath apenas assente com a cabeça.

"E-Eu vou ver como ele está." Gaguejo, olhando para o chão. Mas, antes que possa chegar perto das escadas, a mãe dele coloca a mão no meu ombro. Estremeço.

"Na verdade, queria falar consigo. Se possível." Ela diz, com alguma incerteza na voz. Oh, Deus...

"O-Oh. C-Claro, e-eu acho." Socorro, preciso de me acalmar, sinto que vou explodir.
Ela acena com a cabeça, indo em direção a uma das cadeiras na mesa da cozinha. Senta-se, então eu faço o mesmo.
Logo antes de começar, solta um longo suspiro.
Ela vai me dar um sermão, não vai?

"Quero pedir desculpas pelo comportamento do meu marido." Oh. Por essa não estava à espera.

"Eu... Quando a Ambre me contou que você estava de volta à cidade, fiquei preocupada. Sei o quanto o meu filho sofreu quando foi embora. Não queria que voltasse e ele ficasse outra vez maluco por si." Agora está preocupada com o sofrimento do filho?

"Tenho noção de que não sou a melhor mãe. Na verdade, não sou mãe nenhuma. Mas, eu me preocupo com os meus filhos. Preocupo mesmo." Suspira. Não consigo ouvir isso.

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