What About Us?

Capítulo 77

"Vá na frente com ele. Eu vou sair um pouco depois, então não se preocupe." Faço um sinal rápido ao Nathaniel para que ele perceba que entendi a mensagem, depois retorno a minha atenção ao rapaz na minha frente.

"Você é de Paris?" Ele pergunta, enquanto chama o empregado para pagar as nossas bebidas. Apenas sorrio para agradecer o gesto, sei que só está fazendo isso porque pensa que lhe vou dar uma quantidade de dinheiro ainda maior.
Ouço o Nathaniel querer falar, mas sou mais rápida.

"Não. Mas estou vivendo aqui faz três anos." Digo, por fim. Ouço um riso abafado do Nath e isso me faz sorrir discretamente.
Ele paga as bebidas e me faz sinal para que caminhe em frente até à saída do bar, que é do lado oposto pelo que entramos. Dou uns passos em frente até que ele fica do meu lado.

"Posso saber o seu nome? Gosto de saber com quem estou negociando." Vejo ele tirar um cigarro do casaco, levando-o aos lábios. Seria um garoto incrivelmente bonito, senão fosse pelas expressões carrancudas e arrogantes que tomam toda a graciosidade do rosto dele.

"Não lhe diga isso. Ele ainda está testando você, nunca se diz o nome a ninguém no meio desses negócios, é perigoso." Respiro fundo. Não posso negar, que estou com um bocado de medo desse garoto. Ele é imprevisível demais e estou num ambiente totalmente desconhecido para mim, há muita coisa que pode correr mal.

"Não precisa de saber o meu nome, para saber com quem está negociando. Estou bem aqui na sua frente." Digo, rígida, mas não rude. Ele abre a porta da saída para mim e eu saio para a rua, logo de seguida vem ele.
Tento olhar para trás antes da porta fechar e posso ver o Nathaniel se aproximar da porta, o que me relaxa um pouco. Pelo menos ele está conseguindo nos seguir.

"Nisso você tem razão. Mas como devo tratá-la?" Pergunta, acendendo por fim o cigarro que descansa nos seus lábios. Tusso um pouco com o fumo que vem de repente ao meu nariz.
Ele sorri de lado.

"Como me está tratando está bem para mim." Digo.

"Não seja tão rude, ele pode desconfiar de que está na defensiva e não querer mais vender." O Nathaniel é rápido em me alertar, antes de voltarmos a caminhar pelo passeio. Apenas me limito a seguir o garoto que está apenas a uns centímetros na minha frente.
Começamos a caminhar pelas ruas de Paris, sem dizer uma palavra um ao outro.
Quero olhar para trás para verificar se o Nathaniel está nos conseguindo seguir, mas não o posso fazer sem que ele perceba. A esta hora não está ninguém nas ruas e estou ficando cada vez mais assustada...
Não sinto que ele me vá fazer mal, afinal, ele deve ter pouco mais do que a minha idade e parece não ter essas intenções. Mas, nunca se sabe.

"Você vende para grandes firmas? ou é apenas local?" Ele pergunta. Ainda fumando o cigarro que está quase terminando.

"Pode responder o que quiser. Ele só está interessado em saber, mas não seja demasiado detalhista na resposta." Posso perceber pelo silêncio do lado do Nathaniel que ele também está nas ruas vazias de Paris, o que me tranquiliza.

"Apenas local. No sítio onde eu trabalho me rende um pouco vender." Dou de ombros, mantendo o olhar na rua. Ele dá um último travo no cigarro e o atira para o chão, continuando a caminhar. Esse gesto me lembrou do Castiel, por momentos.

"Entendo. Não acha que seria bom expandir as vendas? Já que frequenta esses clubes e parece perceber do negócio, você podia facilmente se juntar a uma gangue ou algo do género." Ele dá de ombros, enquanto coloca a mão nos bolsos. Respiro fundo, absorvendo o ar frio na esperança de acalmar a minha mente. Estamos entrando num bairro com vários apartamentos, devemos estar perto de casa dele.

"Estou uns metros atrás de si, consegue preparar o celular para começar a gravar?" O Nathaniel pergunta. Combinamos que eu iria gravar a nossa conversa desde que entrássemos no apartamento dele, apenas no caso de o Nath não conseguir entrar ou espreitar por alguma janela.