Capítulo 59

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"O quê?!" O olhar dele levanta até ao meu, fitando-me com a maior intensidade e desespero do mundo. Eu disse mesmo isso?
Eu sou capaz de terminar com ele, caso ele não me conte? Não... eu não sou capaz, eu não... Foda-se, não! Tenho de ser capaz, se ele realmente gosta de mim, ele deve me contar!

"É isso que você ouviu. Estou cansada desses segredos que esconde. Eu mereço a verdade, Nathaniel." Tenho a noção de que dizer isto, ajoelhada na sua frente, não dá a credibilidade que quero, mas é o que temos.

"Eu sei que merece, foda-se. Não é isso que está em questão!" Tenta se inclinar para mim, mas é impedido pela dor. Deus, como é doloroso vê-lo assim.

"Então? Deixe-me adivinhar, é a minha segurança que está em questão. Poupe-me essa conversa. Olhe bem para o seu estado, porra! Você prometeu nunca mais aparecer assim. Acho que tenho o direito de saber, não acha?" Tenho um nó gigante na minha garganta. Ele está olhando para mim, com uns olhos que eu não tenho capacidade de suportar. Ele suspira, antes de falar.

"Eu percebo que seja frustrante não saber tudo, mas tem de continuar assim, se você gosta de mim deveria entender que a última coisa que preciso é desse peso na minha consciência, foda-se." Tenta elevar o tom de voz, mas tosse de seguida, com a dor. Se eu gosto dele deveria entender?
Talvez, afinal, ele não teve uma vida fácil até agora e sempre confiou em mim. Ou não?
Agora que penso, eu só sei sobre a vida dele, porque me meti nesses assuntos. Não porque ele quis me contar. Então, isso digo eu. Se ele gosta de mim, ele deveria contar.

"Não, não vai fazer esses jogos psicológicos comigo, Nathaniel. Não faz sentido eu estar tão próxima de si e ao mesmo tempo tão afastada. Não faz sentido eu estar sempre aqui, esperando por si e não saber onde raio você anda, ou o que está fazendo! Lamento, mas é por eu gostar de si, que estou fazendo isso." Sinto que fico sem ar. Mas, tenho de o fazer. Eu tenho de ter coragem, eu preciso de me impor.

"Está terminando comigo?" O olhar dele está tão pesado sobre o meu que tenho de desviar. Sei que se olhar diretamente para ele não vou ser capaz. Mas, tenho de ser. Não sou obcecada por ele, como o Castiel diz.

"Não dá para terminar algo que nunca começou." Estalo. Sinto as lágrimas correrem pelo meu rosto. Uau.

"Nunca começou?! Tudo o que passamos até agora não significou nada para si?" Estala. Oh, Deus. Eu não tenho mais estofo emocional para isso, mas ele está me enervando de uma forma...

"Claro que significou! Acha que ficaria à sua espera se não significasse?" Grito. Estou desesperada.

"Não sei, tudo o que eu sei é que está aqui tentando terminar as coisas comigo, por isso deduzo que não signifique." Sinto o meu sangue ferver. Como ele consegue dizer essas coisas?!

"Sabe onde eu dormi ontem? Aqui!" Estalo. Os seus olhos arregalam na hora. Não o deixo falar.

"Dormi aqui porque estava morrendo de saudades suas, porque não sei nada sobre você sempre que vai embora, porra." Continuo.

"Hoje, estava desesperada com o trabalho, então vim para aqui porque só aqui me sinto em paz. Só aqui é que os meus pensamentos se alinham, porque parece que você está do meu lado. Então, sim, foda-se. Tudo isso significou muito para mim. Mas, se significou tanto para si como para mim, então devia ter a capacidade de ser honesto comigo. Já que não tem, não faço questão de continuar aqui." Estalo. Eu própria não acredito nas palavras que disse, mas já estão ditas.
Antes que ele possa dizer qualquer coisa, umas batidas altas ecoam pela porta. Boa, o que é dessa vez?

"Allayah?" Congelo. É a voz da minha mãe! O meu olhar cruza com o do Nathaniel. Sinto que estamos ambos em estado de choque, foda-se.

"O que raio é que está aqui fazendo a sua mãe?" Ele pergunta, sussurrando.

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