Capítulo 12

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Lembranças da manhã de hoje passam como um trem em alta velocidade na minha mente.
O Nathaniel, as mãos dele a passearam pela minha coxa, os beijos dele no meu pescoço, eu a gemer o nome do Castiel.
Meu Deus, o Castiel e o Nathaniel no mesmo sítio é um perigo enorme para mim! E se o Nathaniel lhe conta o que aconteceu, para o provocar? Ele não era capaz disso, pois não?
Ai, socorro!!

"Eu queria me sentar para tomar um café, mas acho que vou procurar outro lugar." Ele diz, sem tirar os olhos do Castiel. Ele ameaça ir embora, mas eu agarro gentilmente o pulso dele. Ele se vira para mim.

"Nathaniel..." Sussurro, como um pedido para não causar uma cena. Ele ignora, apenas solta o pulso, agressivamente.

"Logo vi que devia ter ido embora mais cedo. Esse café é realmente mal frequentado." O Castiel chuta de volta. Incrível. Agora estou de volta aos tempos do liceu. Uma guerra clássica entre estes dois cabeças duras é tudo o que eu menos preciso neste momento. Eles nem estão a reparar mais na minha presença. Nem sequer tiram os olhos um do outro.

"Estou surpreso por encontrar aqui o famosinho da região. Achei que aqui fosse o lugar meio decadente para a criançada da escola." Vou fazer de conta que não fiquei chateada com esse comentário do Nathaniel. Sei que não foi para me atingir a mim.

"Ainda é menos decadente do que os lugares que você anda frequentando." O Castiel diz. Que lugares? A Rosa já me tinha dito que o Nath andava em uns negócios estranhos, mas agora já é a segunda pessoa a confirmar-me. O que diabos se passa?
O Nathaniel apertou os punhos.

"O que está querendo dizer?" A reação dele parece ter dado mais divertimento ao Castiel.

"Ups. Parece que eu coloquei o dedo na ferida. A gente sabe que, lá onde estão os junkies, o Nathaniel vai estar tamb..." Antes que o Castiel consiga terminar a frase, o Nathaniel empurra a mesa e encosta a cabeça contra a do Castiel. Oh meu Deus.

"Cala essa boca!!" O Nathaniel grita. Reparo que as senhoras na mesa mais atrás se assustaram. É a minha vez de intervir.

"Chega! Vocês dois parece que têm dezassete anos outra vez! Estão no meu local de trabalho e estão obviamente a incomodar os outros clientes. Ou vocês se sentam e se comportam como adultos, ou então vão ter de ir embora. A escolha é vossa." Estalo. Tanto um como o outro ficam parvos a olhar para mim. Não deviam de contar com esta reação. Tenho noção de que eles nunca viram esta versão minha mais dura.

"Ela tem razão. Vamos acabar espantando os clientes. Vamos embora."O Castiel se levanta.

"Não estou nem aí." O Nathaniel chuta. Eu sei que esta raiva toda também é em grande parte por causa do que aconteceu de manhã. Mas o Castiel não sabe, nem pode saber.

"Eu disse que vamos embora. Se quiser assim tanto discutir, vou ter todo o prazer em te dar uma lição. Mas não vamos fazer isso aqui." O Castiel diz, rígido. É irónico ser o Castiel a chamar o Nath à razão. Mas é atraente. Ele cresceu.

O  Nathaniel olha para o Castiel e depois olha para mim. Pousou os olhos dele em mim durante um
breve momento, antes de morder os lábios com raiva.

"Foda-se." Ele diz e bate com o punho na mesa antes de ir embora. Eu e o Castiel apenas o observamos a afastar, sem dizer nada.

"Ele veio te ver?" O Castiel diz. Ele está, claramente, chateado com o que acabou de acontecer. A respiração dele está acelerada. Não consigo decifrar a intenção por trás da pergunta.

"Eu... não sei. Com ele, eu nunca sei." Admito. A verdade é que o Nath não sabia que eu estava aqui a trabalhar, no entanto não sei se me viu e por isso veio aqui.

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