What About Us?

Capítulo 83 - O recomeço

Dizem que ninguém morre de amor.
Mas, se assim é, como é possível ressuscitar de amor?
É certo que ninguém pode reviver sem morrer, não é algo que esteja provado pela ciência, mas é algo em que a fé acredita.
Sempre foi assim que eu o vi.
Sempre que olhava para os seus olhos dourados, era como ressuscitar de uma morte longa.
Nunca consegui explicar ao certo este amor que sinto por ele. As palavras não eram suficientes e ainda não inventaram romances que se pareçam a nós.
Parecia impossível sermos tão novos e ter encontrado um amor tão intenso.
O que eu quero dizer com isto é que devo reformular todo o meu discurso feito anteriormente sobre a arte: Não é a arte que move o mundo, nunca foi, nunca será. Aquilo que move o mundo é o amor. O amor que sentimos pelas coisas, pelas pessoas. Não haveria arte se os artistas não amassem se expressar, não sentissem uma necessidade avassaladora de contar através de uma tela ou escultura aquilo que vai no seu coração.
Com esta história que partilho com vocês há tanto tempo, só há uma coisa que quero que retirem: Permitam sempre que o vosso amor pelo outro mova o mundo. Isso sim é Arte.

"É a última caixa?" Já estamos faz duas horas nas mudanças para o novo apartamento. Posso garantir que depois disso tudo eu e a Yelleen vamos jantar fora.

"Acho que sim. Só falta desempacotar isso e está tudo pronto." Respiro fundo. Com o tanto de emoções que tenho vivido nos últimos tempos, parece que não há um minuto para respirar e analisar tudo o que aconteceu.
Já passaram três meses desde o final da faculdade. É verdade, o tempo passa a correr, embora ficou a sensação de ter demorado uma eternidade.

Eu e a Yelleen decidimos vir morar juntas, apesar de trabalharmos em sítios opostos. Eu fui contratada por um museu perto da capital e a Yelleen está numa galeria de arte na zona sul. O apartamento fica a meio do caminho para as duas e só demoramos quinze minutos de carro até chegar na cidade onde estão os nossos amigos, o que é perfeito.
Não sei explicar ao certo o que mudou, mas é certo que mudou muita coisa.
A Chani e o Armin estão morando juntos, num apartamento bem no centro da cidade. Eles não precisam de morar noutro lugar porque trabalham ambos de forma independente desde casa.
A Rosália e o Leigh estão esperando um bebé! É verdade, quase me esquecia. No mês passado a Rosa anunciou a todos, fazendo o pedido a mim e ao Alexy para sermos os padrinhos. Como é óbvio, aceitamos.
O Castiel partiu na sua primeira turnê mundial, após ter lançado a música que escreveu para mim.
A Melody ficou trabalhando na faculdade como assistente de professor.
E o resto? O resto ainda há tempo para descobrir.

"A que horas vai trabalhar amanhã?" Pergunto, assim que me consigo sentar no sofá da nossa pequena sala. Não me posso queixar do apartamento que conseguimos. Em comparação com o dormitório da faculdade, é um luxo. Temos dois quartos grandes o suficiente para nós, uma sala onde podemos descansar com espaço suficiente, uma cozinha e dois banheiros em cada quarto. Dentro daquilo que as nossas primeiras poupanças conseguem pagar, está ótimo.

"Tenho de sair de casa por volta das nove horas. O meu turno começa às dez e não posso me atrasar, tenho uma reunião importante com um comprador. E você?" É estranho ver como as coisas mudam. Até bem pouco tempo atrás éramos adolescentes e agora somos adultos em trabalhos importantes.

"Estou de folga amanhã, na verdade. Vou ter de viajar para a semana por conta de uma peça que o museu precisa trazer para cá." Para explicar melhor, eu sou caçadora de artes, como eu gosto de chamar. O meu trabalho é analisar possíveis quadros e esculturas, ver onde elas estão e negociar para as trazer para o museu onde trabalho. Isso envolve que eu viaje para vários países, então para a semana o meu próximo destino será Londres.

"Que loucura isso. Estamos, realmente, sendo umas adultas do caralho." Ambas rimos, enquanto fazemos um brinde com as primeiras cervejas que compramos cá para casa.