"Quer que ligue o ar quente ou está bem?" Ele pergunta, pouco depois de ligar o carro. As lembranças da última vez que aqui estive invadem a minha mente.
"Não, estou bem. Obrigada." Sinto-me constrangida. Não sei o que ele está pensando, não sei porque é que me convidou e tenho tantas questões na minha cabeça que me sinto tonta.
"Fiquei feliz por ter aceitado o meu convite." Ele diz. Observando-o assim, posso ver que ele não mudou. A expressão facial mostra que está ansioso.
"Fiquei surpreendida por me ter convidado." Digo, virando o meu olhar para a estrada. Já está escuro lá fora e estamos saindo da cidade.
"Sério?" Ele franze a sobrancelha.
"Claro, Nathaniel. Da última vez que estivemos juntos você deixou claro que tínhamos terminado de vez." Digo, friamente. Ouço ele suspirar.
"Sabe que não posso ficar longe de si, Allayah. Não por muito tempo. E já fiquei demasiado." Ele diz a última parte da frase quase como um sussurro. Decido ignorar. Sinto que vou ficar doida se tentar entender a cabeça desse garoto.
"Chegamos." Ele diz. Sorrio. É um restaurante pequeno, eu costumava vir cá com os meus pais.
Não demora muito até ele abrir a porta para mim e eu sair do carro. Ficamos frente a frente, olhando no fundo dos olhos, durante uns segundos.São esses olhos. Os olhos dourados que eu amo, que eu sempre amei. Com tudo o que se tem passado, apercebi-me que fiquei mais tempo separada do Nathaniel do que próxima dele. Foi a primeira vez que saí da cidade, quando fui estagiar em Paris e agora desde que terminei a faculdade e fui para Londres.
Se pensar bem, quase não faz sentido amar tanto uma pessoa que esteve mais tempo distante do que presente.
Mas, há algo nisso. Algo nos momentos que passamos juntos. Nas conversas que tivemos, nos momentos de confidência, nas vezes em que fizemos amor, nas frações de segundo em que parecia só existir nós dois nesse mundo.
No meio dessa nossa história, parte de mim sempre soube, sempre saberá, que é ele.Sou obrigada a sair dos meus pensamentos, quando começamos a caminhar em direção à nossa mesa. É estranho estar assim com ele. Sempre estive confortável perto dele e agora existe um clima estranho entre nós... Será que ele já não me ama? Não... será que nós já não somos os mesmos?
Será que a nossa relação ficou afetada por todo o tempo que ficamos separados?"Espero que tenha fome. Esse restaurante é muito bom." Ele diz, enquanto nos sentamos numa das mesas do restaurante. Não está muito cheio, mas ainda tem algumas mesas.
"Até tenho, passei a tarde com a Chani, por conta do vestido de casamento." Acabo por perceber que é a primeira vez que tocamos nesse assunto, sendo que somos os dois padrinhos de casamento.
"Entendo. Também já fui provar o meu fato com o Armin. É louco que esses dois vão se casar, não acha?" Ele diz, enquanto pega no cardápio. Eu dou um sorriso. Ele parece continuar confortável comigo, mas continuo sentindo que sou uma estranha.
"Não é louco... Eles se amam, fico feliz por eles." Defendo os meus amigos. Sei que ele não está falando mal deles, mas não gosto da ideia do casamento parecer tão irreal para ele.
"Eu também estou feliz por eles. É só estranho que eles casem com vinte e quatro anos." Ele explica, mas antes que consiga falar mais, o empregado vem à mesa.
Ambos pedimos uma massa que é o prato mais conhecido do restaurante."E para beber?" Ele pergunta.
"Eu vou querer uma água, por favor." O Nathaniel diz.
"Um vinho branco." Digo. O empregado assente e vai embora. Não posso deixar de reparar na cara de surpreso do Nathaniel. Não quero saber. Preciso de álcool para sobreviver a este clima.
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What About Us?
RomanceEssa história é sobre uma garota que amou alguém faz muito tempo e quando o reencontrou, tudo mudou. Mas, não mudou para o que todos esperavam. Ela descobriu que o amor que vale a pena é aquele que nos questiona a mente e muda a alma. A Allayah nun...