Capítulo 96

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Os raios de luz da manhã entram pelas pequenas brechas da janela.
A luz reflete na pele dourada do Nath e isso me faz sorrir. A sua pele está quente, quando toco nos seus ombros despidos. Ele ainda está dormindo, com os lábios rosados, ligeiramente abertos.
Não consigo evitar sorrir. A noite de ontem ainda parece um sonho, fora da realidade.
Mas, eu sabia. No fundo, sempre soube, desde a época da escola, que íamos ficar juntos.
O caminho foi complicado para chegar até aqui e confesso, por momentos, pensei mesmo que não íamos conseguir.
Agora, vendo tudo aquilo que passei com ele, estar aqui deitada do seu lado, é só mais uma prova de que fomos feitos um para o outro.

"Porque está me olhando assim?" Dou um salto na cama com o susto. A voz rouca, acabada de acordar do Nathaniel faz delícias aos meus ouvidos. Dou um sorriso doce, assim como ele.

"Você é bonito a dormir." Digo. Ele vira o seu corpo para mim e envolve o meu pequeno corpo num abraçado apertado. Fecho os olhos e aproveito a sensação. Durante muito tempo imaginei como seria voltar a estar nos braços dele dessa forma. É melhor do que qualquer imaginação.

"No que está pensando?" Os olhos dele estão tão próximos dos meus, que só agora estou percebendo que não é um sonho. O meu coração acelera. Pensei que depois de tanto tempo, talvez o meu sentimento tivesse diminuído. No entanto, estando aqui, depois de ontem, do que vivemos, consigo perceber que o amo ainda mais.

"É estranho." Dou de ombros e ele franze as sobrancelhas. Os seus dedos viajam para o meu cabelo, fazendo carinhos.

"Já reparou que passamos a maior parte do tempo separados?" Continuo.

"Parece que baseamos a nossa relação no pouco que vivemos e agora, quando olho para trás, estivemos mais tempo longe um do outro do que perto." Desabafo. Não ia conseguir ficar mais tempo sem dizer o que sentia. Ele fita o meu olhar com o dele, ficando alguns segundos calado. O nervosismo começa a tomar conta de mim.

"Está arrependida?" A voz rouca dele parte-me o coração. Consigo perceber a mágoa na voz dele.

"N-Não. Claro que não, apenas... você não sente isso?" Pergunto, enquanto os meus dedos viajam para o ombro dele. A sua pele sempre está quente e macia, é como um paraíso.

"É verdade, passamos bastante tempo separados. Só que na maneira que eu vejo as coisas, isso não é o motivo pela qual deva avaliar uma relação, um sentimento." A voz dele é doce e carinhosa, quase como se estivesse me beijando apenas com palavras.

"Então, como é que você vê as coisas?" Sorrio.

"Podemos estar anos com uma pessoa sem conseguir sentir uma real conexão, sabe? Assim como também em pouco tempo podemos encontrar alguém que seja a nossa alma gémea. Sempre senti que era assim entre nós dois. Não importa o tempo que estivéssemos separados, sempre seríamos inevitáveis. Somos almas gémeas. Não há tempo separados que mude isso." Ele fita os meus olhos verdes com uma intensidade que me faz viajar para outro mundo. Um mundo onde só nós dois existimos. É por isso que o Nathaniel é a minha pessoa. Ele me entende, ele lê o meu coração e a minha alma de uma forma que mais ninguém consegue. Somos inevitáveis, ele tem razão.

"Foi difícil estar tanto tempo sem a ver, Allayah. Houve momentos em que tudo o que eu queria era voltar a ouvi-la rir, foda-se." Um sorriso fraco aparece no seu rosto.

"Noites em que chegava a casa do trabalho depois de um dia de merda, tudo o que queria era poder deitar a cabeça no seu peito e respirar o seu ar." Eu sei, senti o mesmo.

"Mas eu sabia que ia voltar para si. Volto sempre." Ambos sorrimos.

"Se lhe dissessem, há uns seis anos atrás, que hoje estaríamos aqui, você acreditaria?" Digo, desacreditada. Depois de tudo o que eu e o Nathaniel passamos, é realmente incrível.

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