Capítulo 90

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Pov Nathaniel

"Eu sei que devo ser a última pessoa que quer ver, mas..." Ela não me deixa terminar.

"Acertou. Agora, por favor, vá embora antes que eu chame a polícia." Antes que ela consiga fechar a porta na minha cara, uso o meu pé para interromper que o faça.

"Rosa, isso não funcionaria, visto que eu sou polícia agora." Vejo que arregala os olhos durante uns segundos, mas é demasiado orgulhosa para mostrar surpresa.

"Acredite que demorei muito tempo até tomar a decisão de a vir incomodar. Sei que me odeia e sei qual o motivo. Há meses atrás você me culpou por um crime que não cometi e infelizmente, por não conseguir provar a minha inocência, eu e a mulher que amo estamos separados. Porque ela te respeita demasiado, mesmo que acredite em mim. Por isso, o que peço é que seja tão boa amiga para ela como ela é para si e ouça o que tenho a dizer." Digo. Quase estou sem fôlego por ter falado tão rápido, mas a pausa que ela dá, junto com o olhar apreensivo, fazem com que ganhe esperança.

"Entre." A voz dela é ríspida, quase como se estivesse sendo obrigada e o pequeno espaço que me deixa para entrar quase que não existe. Faço o que ela diz e entro.
A casa parece estar limpa e bem decorada, mas quase não levanto o olhar do chão. Apenas levanto o olhar para uma foto que está num móvel da sala. É a nossa turma toda na época da Sweet Amoris. Não consigo evitar em sorrir.

"Não tenho tempo a perder." A voz dela me acorda das lembranças.

"Certo." Sentamos os dois no sofá e eu olho para a sua barriga, que está enorme.

"Seja rápido." Assinto com a cabeça.

"O ano passado você passou por muita coisa. Você e o Leigh." Começo.

"Graças a si." Estala.

"A verdade é que você tem razão, Rosa. Eu mudei muito desde a sweet amoris. Não sou mais aquele garoto doce que todo mundo sente que pode confiar. E no ano passado, percebi isso. Talvez você não saiba, mas já não é segredo que me envolvi em um quartel de droga." A cara de surpresa se mistura com desilusão e, talvez, se olhar com atenção, posso ver preocupação.

"Então era esse o seu segredo?" Ela pergunta e eu assinto com a cabeça.

"Quando dei por mim, estava metido nos piores negócios que pode imaginar. E o pior é que não havia saída para mim, eu estava sozinho e encurralado. Conheci imensos criminosos e ao longo do tempo, fui sabendo de cada crime que acontecia. Um dia ouvi que queriam assaltar a loja do Leigh. Não sabia quando era ou quem iria lá, mas sabia que tinha de avisar vocês. Apesar de nos termos afastados, para mim ainda éramos amigos." Vejo-a engolir em seco, mas mesmo assim não mostra fraqueza em momento algum.

"No dia em que soube, fui ter com o Leigh. O meu plano era ficar lá até que eles aparecessem, proteger o Leigh, mas eu nem sequer sabia se eles iam aparecer naquele dia. Mas a Ambre me ligou e precisei ir embora, no tempo que estive fora eles assaltaram a loja. Quando voltei, tudo estava desfeito e o Leigh inconsciente. Liguei o mais depressa possível para a polícia e tratei de levar o Leigh para o hospital. Isso foi o que aconteceu." Ela me olha durante uns segundos.

"Isso foi o que você contou meses atrás e eu deixei claro que não acredito em si." Sem dizer nada, tiro o meu celular do bolso e coloco a gravação. Ela observa, atenta a tudo. Vejo lágrimas escorrendo pelo rosto dela enquanto o momento do assalto acontece e um dos homens deixa o Leigh inconsciente.

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