What About Us?

Capítulo 8

Assim que deixo de vaguear pelos meus pensamentos, saio do duche.
Soube-me bem este minutos de baixo da água quente, estava a precisar.
Visto a minha calcinha e sutiã e reparo que não tenho roupa para dormir. Podia dormir assim, mas já é mau demais ficar cá em casa dele, imagina dormir quase nua.

"Nathaniel?" Grito de dentro do banheiro.

"Sim?" A voz dele tão perto da porta me assusta, ele está no quarto.

"É... e-eu não tenho roupa para dormir..." Não sei porque raio disse isto. O que ele vai fazer? Nada.

"Oh. Tudo bem. Pode usar uma roupa minha." Ele diz e eu coro imediatamente por trás da porta. Usar a roupa dele para dormir? Obviamente, não existe outra solução, mas não deixa de ser... íntimo, eu acho.

"Eu vou deixar aqui em cima da cama. Pode vir quando quiser." Ele diz. Ouço a porta do quarto fechar. Abro a porta do banheiro devagar para ter certeza de que ele saiu. Assim que confirmo, visto a roupa que ele deixou para mim.
Ele deixou uma camisola, mas não é uma qualquer. É a que ele estava usando.
Aproximo a camisola do meu nariz.
Cheira a ele, que cheiro bom.
Porque ele escolheu essa para eu dormir?
Ele também deixou umas bermudas para mim, mas está demasiado calor, além disso a camisola é
grande o suficiente para me tapar, então acho que vou só a usar.

Visto-a e vou em direção à sala para agradecer ao Nath.
Quando chego, ele já está a dormir, no sofá.
Está com a branca a dormir em cima do seu peito e está com a boca ligeiramente aberta, o que lhe dá um ar fofo e angelical.
Nathaniel... quem diria...
Se o Castiel soubesse que estou aqui, como será que ele ia reagir?
Provavelmente nem queria saber...

Volto para o quarto e deito-me, antes que possa sequer pensar em mais alguma coisa, caio no sono.

POV CASTIEL

Foda-se. Foda-se. Foda-se.
Como é que as coisas ficaram assim?
Caralho, Castiel.
Desde quando é que se reencontra com a sua ex e a deixa sozinha no meio de uma sala, sem se despedir?!
Onde eu estava com a cabeça?

"Cass..." A garota loira diz enquanto me beija o pescoço. Porque raio tive a ideia de a trazer para o meu apartamento? Nem sequer estou com tesão.
Vê-la deixou-me... nostálgico.
Porque ela não me avisou que viria? Afinal, ficamos amigos, não ficamos?
Ela deveria ter me avisado, foda-se.
Aposto que avisou todo o resto dos amigos dela, até aquele babaca do Nathaniel.

"Porque você está tão pensativo?" Ela diz, me tirando dos pensamentos.

"Foi uma má ideia ter vindo aqui." Digo, frio. Sinto que está a olhar para mim com uma cara indignada, mas prefiro evitar confirmar.

"Desculpa?! Você disse para eu vir. Estava todo animado na festa e agora é assim? É por causa daquela vadia que veio falar com você?!" A garota diz e o meu sangue começa a ferver com o nome que ela chamou a Allayah. Como ousa?

"Você nunca mais chama isso a ela, ouviu?" Tiro-a imediatamente do meu colo e me dirijo à porta do meu apê para abri-la.

"Tem três segundos para sair." Estalo. Ela está em pé, dirige-se a mim.

"Ridículo, sério que vai desperdiçar isso por uma garota qualquer?" Olhar para ela já me está a enjoar. Só de me lembrar no que ela chamou a Allayah o meu sangue começa outra vez a borbulhar.

"Um segundo." Ela sai disparada pela porta e eu bato a porta atrás de mim.

Vou em direção à minha cama.
Desde que a banda começou a fazer sucesso que eu não parei para pensar.
Quando terminamos a relação, eu me senti sozinho... como se não tivesse ninguém com quem conversar ou partilhar as minhas conquistas.
De repente, a banda começou a fazer sucesso sem sequer estarmos a prever isso e eu fiquei tão feliz porra, tão feliz que só queria falar com ela e contar-lhe o que estava conseguindo alcançar, mas... como poderia? Ela estava a seguir a vida dela e eu tinha que fazer o mesmo. Eu precisava fazer o mesmo.
Comecei a sair em bares com a banda e simplesmente, começaram a chover garotas na minha vida. Elas queriam foder comigo por estar numa banda conhecida e por ser minimamente atraente, eu acho. Eu queria foder com elas para poder apagar a imagem dela na minha cabeça...
A primeira vez que fodi com uma garota depois dela, foi horrível.
Eu não sabia o que fazer ou dizer, só conseguia pensar que não era ela ali. Senti a falta da maneira como os dedos dela passeavam na minha nuca, da maneira como ela gemia no meu ouvido, da maneira como as suas pernas ficavam bambas sempre que estava perto do orgasmo, caramba.
Senti a falta da alma dela.
Só queria poder chegar a casa e ligar para ela todos os dias. A separação foi dolorosa para mim, mas com o tempo fui me acostumando com a ideia de que nunca mais a ia ver. Até agora. Ela está aqui, uma distância mínima de mim. Isso muda tudo, ou não?
Ela está tão diferente. Quer dizer, está igual, mas tão diferente.
Está mais mulher, mais crescida, mais segura de si, eu sinto isso.
Ela é o meu maior pesadelo e o meu maior sonho na mesma pessoa, isso é muito perigoso.

POV ALLAYAH

A luz do sol entra pelo quarto e eu abro os olhos lentamente. Estou com uma dor de cabeça insuportável, provavelmente reflexo do que bebi ontem. Não bebi muito, aliás, só bebi até o show começar, depois não consegui fazer mais nada.
No entanto, tenho a certeza que isto também é o resultado da montanha russa de emoções que tive ontem à noite.
O meu telefone começa a tocar e eu procuro pela cama onde o deixei. Atendo.

"Onde é que você está?" A voz da Rosa grita do outro lado da linha. Como essa menina consegue? Ela não está de ressaca??!

"Bom dia para ti também." Digo, com a voz cheia de sono a denunciar que acabei de acordar.

"Sim, sim, claro. Onde está?" Ela insiste. Não lhe posso dizer que estou em casa do Nathaniel. Ela ia passar-se e o pior, ia matar-me.

"No dormitório, é óbvio." Digo. Rezo para que nada me entregue.

"Mentirosa." Foda-se.

"Acabei de vir agora do seu quarto e não estava lá ninguém." Que boa altura para me esconder no outro lado do mundo.

"É... eu..." Ela me interrompe antes que conseguia arranjar uma desculpa.

"Não quero saber se está na China ou no meio do oceano. Tem vinte minutos para estar no campus, ou eu mesma vou te encontrar." Ela desliga a chamada. Caramba, como eu vou sair dessa?
Bom, tenho de me despachar de qualquer forma, por isso visto a minha roupa de ontem e dou uma leve refrescada no rosto para parecer menos morta.

Sem fazer muito barulho dirijo-me à sala. Tenho medo que o Nathaniel ainda esteja a dormir e eu não o quero acordar.

"Já está acordada?" Deus. Posso jurar que a voz dele fica ainda mais bonita de manhã.

"Bom dia." Digo enquanto me espreguiço. Ele está na cozinha, apenas com umas calças e está a fazer algo que cheira maravilhosamente bem.

"Espero que goste de panquecas." Panquecas? O que eu fiz ao mundo para ser assim tão bem tratada?

"Cheira tão bem." Digo enquanto me dirijo até ele na cozinha.

"Na verdade, preciso da sua ajuda. Estou a fazer uma cobertura de chocolate, mas quero saber se não está muito doce para ti?" Ele está em frente ao fogão, a mexer a cobertura na panela. Isto parece a cena de um filme.

"Tudo bem, eu posso provar." Sorrio para ele.

"Aqui, toma." Ele segura na colher com a cobertura e dá-me a provar depois de soprar para ela. Inconscientemente, olho para ele enquanto provo a cobertura.
Porque é que estou a provar isto na mão dele, sequer?
Sinto as minhas bochechas queimarem e vejo que não sou a única.
Não consigo parar de olhar para ele.
Ele está hipnotizado por mim e eu por ele, algo está a projectar uma energia incrivelmente sensual entre nós.

"E-eu..." Tento falar assim que retiro a boca da colher, mas ele é mais rápido em colocar os seus lábios nos meus. Não tenho tempo de pensar ou reagir. Quando percebo, estamos os dois a beijar-nos, eu contra o balcão da cozinha e ele com a mão esquerda a passear pela minha coxa.
O beijo é intenso e cheio de vontade, tem o gosto do chocolate, que torna tudo mais interessante.
Ele pega em mim e me coloca em cima do balcão. Fica entre as minhas pernas e desce a boca para o meu pescoço, depositando beijos molhados.

"Oh..." Gemo, baixinho como um sussurro. As minhas palavras têm um efeito nele que o faz ficar mais feroz nos beijos e nas mordidas.
Isso me lembra o sonho que tive com o Castiel.
Mas o Castiel é mais... quente. Ele tem sempre um gosto de menta na boca, que faz os meus instintos acordarem e responderem só a ele.
A maneira como as mãos fortes dele me agarram e viajam pelo corpo, é a coisa mais deliciosa do mundo e...
Quando abro os olhos, o Nathaniel está bem na minha frente, ele olha para mim de uma forma... chocada, talvez? O que aconteceu? Ainda há dois segundos ele me estava a beijar.

"O que me chamou?" Ah?

"O quê?" O que raio ele está para aí a dizer?

"Castiel. Tu chamaste-me Castiel." O quê??