Capítulo 40

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"O que se passa? Parece que viram um fantasma." Como é que eu me esqueci daquela noite?
Foi tudo tão intenso, eu estava tão bêbeda. Eu quase o beijei, eu queria beijar. E nesse momento, não me senti culpada por isso, porque desde essa época, eu e ele estamos ligados. Não é algo momentâneo, não é apenas porque me apeteceu.

"Foda-se, Armin! Veja onde o coloca o raio dos pés." Desperto do meu transe quando ouço a voz do Nathaniel. O Armin está tropeçando em todo o lado, mas já estamos mesmo na porta do prédio.
O Nath não se atreve em olhar para mim, eu apenas o faço discretamente.

Ele abre a porta do apartamento, por sorte ele mora bem no primeiro andar.

"Onde está a sua gatinha? Quero dormir com ela!" O Armin quase grita quando entramos, finalmente, em casa do Nath.

"É melhor você se acalmar, a menos que queira dormir lá fora." A voz do Nathaniel é rígida e distante. Tenho a impressão que está descontando no Armin a lembrança que acabamos de ter.
Estou um pouco perdida. O Armin já se foi deitar no sofá e o Nath desapareceu para o quarto... É agora. Agora vamos conversar.

Entro no quarto, mas vejo a porta do banheiro aberta, com algum vapor saindo por ela, junto do barulho da água correndo.
Sigo para dentro do banheiro, lentamente.
Ele está tomando banho, virado de costas para mim, com as mãos apoiadas na parede. Ele está distante.
Posso ver as suas costas largas e trabalhadas ficarem rígidas quando percebe a minha presença, mas ele não se vira.

"Venha." Ele suspira. Não sei se devo, devido à nossa situação, mas quero. Então, sou rápida em tirar o meu vestido e a minha lingerie, para me juntar a ele.
A água quente contra a minha pele me faz relaxar, mas a sua presença do meu lado, só me faz arrepiar.

Ele é rápido em se virar para mim, colocando a sua mão no meu rosto, suavemente. Os seus olhos encontram os meus, com tanta intensidade, que me sinto presa a eles. Ele carrega muita coisa no seu olhar e algo me diz, que sou responsável por todas.

O seu corpo nu, quase colado no meu, é o suficiente para me fazer sentir como se fosse explodir. Ele é, simplesmente, maravilhoso, mas detesto quando ele é assim distante.

Os seus lábios tocam, levemente, no meu pescoço, abrindo espaço para a língua. Isso me faz suspirar, consumida pelo quente da água e o contraste do frio do seu piercing.

"Devíamos falar sobre tudo isso..." Digo, sussurrando. Ele se afasta, assentindo com a cabeça. É rápido em desligar a água e se embrulhar numa toalha. Antes que possa sair do chuveiro, ele estende uma toalha para mim.

Vejo-o ir até o quarto, então enrolo o meu corpo na toalha e vou até ele. Posso jurar que a visão dele apenas de toalha, com o cabelo molhado e as pingas escorrendo pelo seu corpo, tiram qualquer vontade de conversa que eu possa ter. Ele é um homem delicioso e isso joga contra mim, foda-se.
Senta-se na beira da cama, então eu fico do seu lado. Não sei como vamos manter a concentração, estando apenas cobertos por uma fina toalha...

"Disse que já se envolveu com alguém pensando noutra pessoa. Fez isso comigo?" Estalo. Consigo ver os seus olhos arregalar, mas logo suavizam.

"Você é bem direta." Ele sorri, fracamente, antes de continuar.

"Não. Deveria saber que nunca faria isso. Mas, já fodi com outras garotas pensando em você. Várias vezes." Oh. Por essa eu não esperava.

"Oh..." É tudo o que eu consigo dizer.

"Naquele dia, quando eu vim embora com
uma garota, a Jéssica." Foi quando ele ficou com ciúmes do professor Zaidi.

"Essa foi a última vez. Eu estava tão chateado, tão fodido e eu quis... sei lá, me vingar." Ele solta uma risada fraca e irónica. Não sei como me sinto sobre isso. Nós não tínhamos nada nessa altura e eu ainda tinha o Castiel bem presente no meu pensamento, então tecnicamente, ele não fez nada errado. Então porque me sinto como se tivesse feito?

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