Capítulo 11

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"Sabias que estava a trabalhar aqui?" Pergunto para dissipar o silêncio que paira entre nós enquanto preparo o café.

"Na verdade, não. Hoje estou com o dia livre, vim tomar um café e vi-te no balcão, quando passei lá fora. Não podia passar sem te vir dar um Oi." Sorrio, para mim. Ele veio-me ver. Ele não me evitou. Que bom.

"Além disso, este parece ser o único café que não está lotado desde cedo. É melhor quando dá para tomar o café tranquilo." Lembranças da noite de ontem enchem a minha cabeça. O Castiel é realmente famoso. Pessoas a pedirem-lhe autógrafos e multidões só para o ouvir. Parece bom demais para ser verdade.

"Sim, acho que aqui não vai ser seguido por uma tropa de fãs." Digo.

"É verdade." Ele diz, mas parece indeciso. Como se quisesse dizer mais alguma coisa, mas não soubesse como.

"Então você está na Anteros? Pensei que tivesse ido embora para sempre com os seus pais..." Aí está. Ele desembuchou finalmente. Ele está provavelmente com isto na cabeça desde que nos vimos. Está magoado porque voltei e não avisei e não entende porque voltei.

"Bom, eu... eu também pensei, honestamente. Mas aqui era o único lugar onde eu podia estudar a disciplina que eu queria no meu quinto ano. Então, meio que entrei em contacto com a Rosalya... E fiquei bem contente de reencontrá-la."

"Então, você continua na faculdade de Artes?" Ele está a ler-me. A tentar perceber se as minhas razões são verdadeiras e se pode perdoar isso. Eu conheço-o.

"Sim! Estou a gostar bastante."

"Imagino... Parece que nasceu para isso." Ele sorri e eu retribuo. O Castiel é provavelmente a única pessoa que conhece bem a minha paixão pela arte. Desde o liceu que ele acompanha isso. Sempre falamos muito do que queríamos fazer e ser no futuro e a arte sempre esteve clara no meu. Assim como a música no dele. Sabemos bem os sonhos e as ambições um do outro. Haverá outro tipo de amor mais puro do que esse?

"E você? Imagino que com todos os shows e responsabilidades não seja fácil continuar o contacto com o pessoal do liceu, não fica com saudades?" Pergunto. O Castiel tem aquela aparência de quem não fica com sentimentos como a saudade. Mas ele fica.

"Bom, eu os vejo com menos frequência. Mas já me conhece, eu não sou do tipo que se apega às pessoas." Mas tu eras apegado. A mim. Acho que em parte, ele disse isto para me provocar, ou tocar de alguma forma. O olhar dele diz isso.

"Além disso, eu acabo cruzando com aqueles que ficaram, quando venho para as aulas." Aulas?

"Na faculdade?" Pergunto, confusa.

"Sim. Estou no curso de Musicologia na Anteros." Por esta não estava à espera. Ele anda na minha faculdade? Oh Deus.

"M-Mas você também estuda lá? Pensei que não queria continuar os estudos..."

"É, mas eu achei que não faria mal nenhum ter um complemento para a minha carreira, sabe? Além disso, foi no primeiro ano de faculdade que comecei a banda. É pouco provável que me veja por lá, no entanto. As turnês e o show obrigam-me a seguir parcialmente à distância." Explica. Faz sentido, apesar de estar de queixo caído. Sempre imaginei o Castiel como o tipo de pessoa que não quer ir para a faculdade.

"Ok, entendi. Ainda bem que o grupo funciona bem e que podes seguir a faculdade desse jeito."

"Sim, é ótimo." Ele diz. Acabo de preparar o café dele.

"É só isso que queria? Não quer comer nada? Temos várias coisas..." Sugiro. Porque não me calo?

"Hm... não, apenas queria açúcar com o meu café. Vou sentar lá fora. Está um tempo bonito." Ele vai se sentar lá fora. Eu dirijo-me à cozinha para ir buscar o açúcar.

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