Capítulo 35

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Vou para o dormitório, ainda um pouco abalada com o que aconteceu.
Troco algumas mensagens no grupo que tenho com o Alexy e com a Rosa. Não temos falado muito, a Rosa já tem trabalhos para apresentar e o Alexy foi à capital visitar o Armin.

A Yelleen deixou um bilhete na minha secretária dizendo que vai jantar com a mãe. Espero que corra tudo bem, imagino que seja estranho ou desconfortável para ela.

Pouco depois de trocar de roupa e guardar as coisas da academia, o meu celular toca.

É o Hyun.

"Oi, Allayah! Tudo bem?" Ele parece um pouco acelerado.

"Sim! E você? Parece atarefado." Pergunto.

"Bom, é por isso que estou ligando, na verdade. O café encheu de repente e eu estou sozinho, acha que pode me ajudar?" Salto da cama no segundo. Preciso de ir trabalhar, me distrair de tudo isso.

"Claro! Estarei aí em cinco minutos!" Sou rápida a vestir o uniforme e faço o meu caminho até o café. Antes mesmo de entrar, posso ver a esplanada cheia.

Mal tenho tempo de entrar e de o cumprimentar, quando dou por mim já estou servindo cafés.
Reparo em alguns olhares nada discretos. Um grupo de garotas na esplanada, olha para mim e para os seus celulares, cochichando entre elas. Fico um bocado incomodada, mas estou com tanto trabalho que acabo ignorando.

Tenho quase a certeza de ter passado, pelo menos, uma hora sempre correndo para lá e para cá. Até que, finalmente, estamos com o café vazio. Eu e o Hyun nos sentamos numa mesa para jantar um macarrão que ele fez à pressa na cozinha.

"Está bom?" O Hyun pergunta, mas eu não consigo responder. Tenho a boca cheia deste macarrão maravilhoso. Socorro, nem eu cozinho assim tão bem.

"Incrível!" Digo, assim que engulo o macarrão.
Ele solta um leve sorriso.

"Estes dias têm sido atarefados. A Clemence só está aqui na parte da manhã, então fico sozinho o resto do dia." Ele explica. Como é que ele consegue conjugar com a faculdade?

"Mas, você não vai às aulas?" Pergunto.

"Vou, todos os dias de manhã tenho aulas. Quando venho trabalhar, um rapaz do meu curso passa-me alguns apontamentos." Ele explica. Faz sentido, ele trabalha a tempo inteiro, ao contrário de mim que concordei vir apenas quando necessário.

"E isso funciona para você? Tenho a sensação de que se faltar a uma aula, jamais a vou conseguir repor na totalidade." Sou uma pessoa que necessita de viver as coisas para as entender e assimilar. Já na minha antiga faculdade, quando acontecia de faltar e os meus colegas me passarem matéria, eu nunca percebia direito.

"Bom, já estou acostumado, na verdade. Ao início era como você, mas acho que o meu cérebro já está programado para isso." Ele sorri.

Ficamos mais uns minutos conversando, mas já está na hora de fechar, então começamos a arrumar.

"Importa-se de ser você a fechar o café? Preciso de passar na lavandaria antes de ir para o campus." Ele pede. Nunca fechei antes, mas acho que não há problema, ele ficou aqui o dia todo.

"Sim, tudo bem." Ele me entregou as chaves do café e desligou o alarme e as câmaras de segurança, antes de sair.

"Ligue se precisar de alguma coisa. Obrigado por ter vindo ajudar." Ele sorri. Não sei porque ele agradece, é o meu trabalho.

Começo a limpar as mesas com um paninho molhado, depois desligo a máquina do café.
Estava pronta para ir desligar as luzes, mas a porta do café se abre e o meu coração cai nos meus pés com a visão que tenho.

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