Capítulo 20

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"Bom, de qualquer forma, é bom ver que estás de volta." A Ambre sorri para mim, assim que estamos no centro do campus.

"Posso perguntar uma coisa?" Digo, receosa. Talvez, a melhor pessoa para me responder ao enigma que é o Nathaniel, seja ela. Ele é sempre tão misterioso e há coisas que eu não consigo entender, mesmo ele parecendo tão aberto comigo.

"Claro!" Ela diz.

"Que tipo de... fantasmas, é que o seu irmão tem que lutar?" A expressão no rosto dela é impossível de decifrar. Acho que nisto, eles os dois são bastante parecidos.

"Eu..." Ela solta um breve suspiro antes de continuar.

"Eu, realmente não sei, Allayah... O meu irmão mudou, desde que você foi embora. Ele não me conta mais as coisas e sempre que eu tento entender, ele me afasta e fica frio." O Nathaniel é atencioso comigo. Ele se preocupa com a irmã. Naquele dia, ele estava a tremer quando a encontrou naquele estado.

"Eu acho, que se ele realmente confiar em você, ele acabará por te contar." Ela termina.

"Mas se ele não te conta, como me irá contar a mim?" Se o Nathaniel nem sequer fala com a própria irmã, não há chances de ele falar comigo.

"O efeito que você tem nele, é algo que desde aquela época, nunca consegui entender. Confie no quanto ele se sente à vontade consigo." Será que o consigo entender? Ele pode mesmo confiar em mim para me contar o que quer que seja?

"Enfim, de qualquer forma, tenho que ir. Vejo-a por aí!" Ela coloca a mão no meu ombro e vai embora embora com um sorriso caloroso no rosto. Sorrio para a cena. Fico feliz por ela.

"Merda! As bebidas!" Reclamo comigo mesma. Já são quase horas da festa e eu ainda não comprei nada. Hoje de manhã avisei a Yellen das horas a que seria e quem iria ao certo. Ela não me pareceu com muita disposição mas também não se opôs.

Faço o meu caminho até à lojinha mais próxima do campus. Já estou aqui quase há uma semana e ainda não aproveitei para passear sozinha pela cidade. Amanhã tenho o dia livre, talvez faça isso.
Assim que chego ao mercado, acabo por escolher alguns petiscos e duas garrafas de vodka para misturar com um sumo qualquer que a Rosa disse que traria.
Dirijo-me ao caixa para pagar.

"Vou precisar da sua identificação." O caixa diz. Procuro na minha mala, mas não encontro. Foda-se, logo nestas horas que eu preciso dela.

"Eu não a tenho comigo, senhor. Mas eu tenho vinte e três anos." Explico. Detesto este tipo de situações. Fico com ansiedade.

"Ah, claro! Estou farto de vocês jovens, sempre com essas desculpas! Se não tem a identificação, não pode levar." Ele estala. Que simpático. E agora? Eu não posso ligar para a Rosa, já estou atrasada. E se eu aparecer lá sem nada, eles vão me matar.

"Aqui tem." Congelo. A voz do Castiel surge do meu lado. Ele entrega a identificação dele à caixa e entrega o dinheiro para pagar as minhas coisas. Estou a suar. As minhas mãos estão molhadas mas ao mesmo tempo estão frias. Isso é sequer possível?
O cheiro dele entra pelas minhas narinas e me faz contrair todos os músculos do meu corpo.
O caixa entrega as compras para mim e dá o troco ao Castiel. Não tenho coragem de olhar para o Castiel, mas ele toca levemente nas minhas costas, como um sinal para sair da loja.

Saímos os dois e antes que ele possa dizer alguma coisa, entrego-lhe o dinheiro para as mãos e preparo-me para fazer caminho de volta para o campus. Não sei porque raio ele fez isto, mas também não quero ficar mais tempo aqui. Ele é a última pessoa no mundo com quem eu quero estar.

"Um obrigado não seria mau." Ele estala, assim que me vê afastar. Um calor toma conta do meu sangue. Como ele ousa se dirigir a mim, depois de tudo?

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