Capítulo 62

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Já se passaram alguns dias desde que o Nathaniel me contou tudo.
Parte de mim, todos os dias, faz um esforço enorme para não pensar no perigo que ele corre diariamente. Tento me focar apenas na parte em que ele já está tendo ajuda de alguém superior e que em breve, esperançosamente, tudo isso vai acabar.
No entanto, a outra parte, está constantemente perguntando para ele se está tudo bem. Se ele precisa de alguma coisa. Tenho a noção de que ele se sente um pouco sufocado por mim, mas não consigo evitar.

Por isso, como estava demasiado estressada e ficando maluca, o Nathaniel decidiu que precisávamos de uns dias de férias. Apenas os dois. Longe dessa cidade, das aulas, do cartel da droga. De toda essa porcaria.
Então, aqui estamos nós, no carro indo para um sítio que eu não sei qual é, porque ele não me diz. Apenas sei, que já estamos andando faz quase três horas.

"Nunca vou entender o seu fascínio por essa banda." Ele resmunga. Estamos ouvindo Foster The People. Isso me lembra do dia em que fomos fazer os nossos piercings. Ele disse a mesma coisa. No entanto, já o peguei cantarolando algumas partes da música.

"Acho que já entende mais do que pensa." Sorrio, enquanto ele revira os olhos. O meu olhar pousa no piercing da sua sobrancelha.

"Pode me explicar melhor essa história do piercing?" Ele franze a sobrancelha.

"Quantas vezes vou precisar contar? É simples. Perdi uma aposta com um membro do cartel. Ou era a sobrancelha, ou um sítio que nunca vê o sol." Me desfaço em risadas. Ele já me contou isso umas cinco vezes. Nunca perde a piada.

"Guarde esse bom humor para quando chegarmos, pode ser, bebé?" Ele sorri, acariciando a minha perna com a sua mão. Não consigo evitar em soltar um sorriso idiota.
Quando estamos assim, tão bem, é bastante fácil ignorar tudo o resto.

"Quanto tempo falta? Já estamos nisto há três horas, Nath. Daqui a pouco não sinto as pernas." Resmungo, suspirando. Vejo-o abrir um
sorriso de lado.

"Não falta muito mais. Quanto a esse assunto das pernas, espere para logo à noite." Oh. Sinto as minhas bochechas arderem na hora. Desde que ele voltou, que ainda não fizemos nada. E isso me faz lembrar da minha menstruação que continua atrasada, quase há uma semana. Se amanhã não me descer, começo a ficar, oficialmente, preocupada.

Durante o caminho, começo a perceber que a temperatura do clima aumentou drasticamente. Está um sol alto no céu e não se vê uma única nuvem.
Começo a ver uma praia, ao longe. Então, por instinto, olho para o Nathaniel, que já está olhando para mim.

"Espero que lhe apeteça apanhar um sol." Ele diz, sorrindo, sem tirar os olhos dos meus. Posso sentir um sorriso radiante e rasgado nascendo nos meus lábios.

"Vamos passar o fim-de-semana na praia?" Quase grito, como uma criança. Ele solta a risada mais encantadora que alguma vez ouvi.

"Você é uma garotinha inteligente. Eu sei o quão gosta de sol e, honestamente, o caralho das nuvens da cidade já estavam me deixando deprimido." Posso concordar. A verdade é que quando estudava noutra cidade, o clima era bem mais quente, então sem dúvida essa mudança mexe um pouco comigo.

"Você é incrível. Obrigada." Salto para os braços dele, numa tentativa de abraço. É claro que é uma tentativa falhada, porque ele está digirindo, mas ainda assim rende umas boas risadas.

Ele estaciona o carro num parque perto da praia. Tem gente o bastante para considerar movimentada, mas não o suficiente para dizer que está abarrotando. Ou seja, a quantidade perfeita.
Posso sentir uma brisa de calor tocando o meu rosto quando saímos do carro.

"Esse sítio é tão lindo!" Digo, enquanto observo a paisagem na minha frente. É uma praia bem exótica, com bares espalhados e um hotel depois da escadaria. Realmente, parece que estamos noutro país.

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