O trevo

83 7 0
                                    

Eurielle evitou voltar na tenda dele. Aquele beijo, o cheiro dele, as mãos dele em seu corpo... ela não podia sentir, não podia trair sua mãe, sua tribo, seu sangue.

Luiza percebeu que Ofun estava mais abatido, mas talvez fosse à situação que se encontrava e a irmã ela não entendia o porquê dela esta mais calada.

O dia do julgamento de Ofun chegou e os principais lideres estavam reunidos em um enorme circulo no meio do acampamento, todos estavam lá, mas Ofun só tinha olhos para uma certa cigana.

Pai de Luiza: "Acho um absurdo alimenta-lo, vesti–lo..." – cuspiu no chão olhando para Ofun –"Ele é nosso inimigo e exijo que ela seja morto!"

Outros líderes mais antigos ecoavam o mesmo discurso.

Afonso: "Por favor, se acalmem! Todos serão ouvidos!"

Luiza: "Eu quero falar!"

Pai de Luiza: "Cale a boca! Se coloque no seu lugar!"

Afonso falou sério p sogro: "Por favor, respeite minha esposa!"

Outro líder: "Ela é uma mulher, não tem voz!"

Luiza: "Eu tenho sim e irei falar!" – olhou para o marido que concordou.

L: "Eu sei que muitos aqui não se sentem seguro com ele por causa do passado e do presente, mas por favor, meus irmãos, ele não estava no passado e agora no presente nada pode fazer, não tem armas e o principal não tem intenção de nos causar mal. Ele esta se recuperando e logo poderá ir embora. Sua terra é caminho para nossas próximas luas. Por favor, não vamos derramar sangue por vingança, porque ele não é nosso inimigo e nada nos fez!"

Pai de Luiza: "Você não tem jeito! Sempre com uma palavra na ponta da língua! Sua opinião nada nos importa, nós os lideres queremos ele morto, somos a maioria e é a nossa lei que prevalece" – olhou para o genro, Afonso nada podia fazer o voto ali teria que ser respeitado.

Afonso: "Bem... como podemos ver, hoje mancharemos nosso solo com sangue! O soldado será executado por minha espada como manda a lei"

Luiza estava chocada com o pai sabia que ele influenciava os outros lideres.

Eurielle sentia o coração querer fugir do peito.

No meio da multidão a velha Carmensita caminhava devagar e todos ficaram em silêncio quando ela se aproximou do soldado. Ela era vidente mais velha e muito respeitada, querida por sua tribo.

Carmensita: "Meu rei... hoje eu tive duas visões: uma visão do passado, de outra vida... e outra do futuro... No futuro, duas mulheres, uma com o cabelo preto e outra de cabelo vermelho guerreavam para salvar um povo... no passado um homem e uma mulher se sacrificaram para salvar um povo e muitos de nós éramos aqueles povo tanto no passado como no futuro... o que tem a ver? No futuro lutavam por ele e no passado ele lutava, ele é elo!" – apontou para Ofun – "Hoje ele veste esse uniforme, mas não é nosso inimigo! Muitos de nós que vestimos nossas roupas ciganas já vestimos uniformes" – olhou para Eurielle – "Só digo uma coisa, o passado e o futuro são forças muitas poderosas e não devemos mexer com elas! Não derramem o sangue dele!"

Todos ficaram calados, a palavra dela valia muito mais que leis, eles eram muito supersticiosos.

Afonso falou a língua de Ofun: "Você esta livre! Poderá ficar e nos acompanhar ate a sua terra se quiser!"

Ofun até então nada compreendia, eles falavam em seu idioma e ele não compreendia, viu que o homem velho o olhava com ódio e quando Afonso falou aquilo voltou a respirar com calma: "Adoraria! Muito obrigado!"

Afonso: "Seja bem –vindo esta entre irmãos!"

O pai de Eurielle jogou o copo que estava bebendo no chão e saiu.

Eurielle não pode segurar o sorriso de alivio que seu coração deu.

Notas Finais


*O trevo - A Carta 2 do Baralho Cigano é conhecida como O Trevo ou Os Obstáculos. Seu nome não engana, ela simboliza dificuldades que aparecerão no caminho, mas lembre-se que a imagem do Trevo de 4 folhas remete à dois significados: sorte para passar rápido pelas situações complexas e esperança que te guiará ao alcance do melhor.

Você já está em uma situação difícil ou ela surgirá em breve, mas saiba que não importa o tamanho da pedra que bloqueia o seu caminho, a carta Trevo no Baralho Cigano te traz a mensagem de fé no meio de tanta confusão, onde serão nas pequenas forças internas – as mais sutis e delicadas – que você encontrará o verdadeiro tônico da vida.

Não existe pessoa que nunca passou por provações, e nunca haverá alguém sábio o suficiente se não vivenciar todas as experiências, sejam elas boas ou ruins. Temos um propósito em nosso próprio existir, estamos aqui para aprender e evoluir. Por isso inspire fundo e sorria para a manhã, se vista com os mais belos planos e se cubra de energia positiva, pois da mesma forma que tudo isso começou, também irá sumir.

MaktubOnde histórias criam vida. Descubra agora