O cachorro

42 5 0
                                    

O oficial ficou ao lado da cigana e esperou que ela acordasse.

Eurielle acordou um pouco tonta e comeu a refeição que Flavio mandou trazer p ela.

Flavio respirou fundo: "Pelo que me informei esta sozinha na cidade, num local não muito seguro e precisa de certos cuidados. Como veio parar aqui, cigana?"

Eurielle sentia certa simpatia pelo bonito oficial de olhos verdes, ele era mais velho que Ofun, mas ainda jovem. A cigana contou toda a historia para o oficial que atento a escutou.

F: "Então esta sem dinheiro, ficará sem abrigo e carrega um filho! Pelos céus, menina!"

E: "Sim. Eu descobri há poucos dias, por isso, preciso encontrar Ofun o mais depressa possível"

Flavio sentou na cama que ela estava sentada: "Minha querida, não há essa possibilidade. Você não sabe nada dele. No momento você precisa cuidar da sua saúde e dessa vida que depende de você! Ou acha que deixarão uma cigana com um barrigão em nossos portões?!" – sorriu.

Eurielle percebeu que o oficial estava certo e a esperança de encontrar Ofun começava a diminuir.

A cigana ficou na enfermaria aguardando o oficial que foi resolver algumas coisas e logo Flavio apareceu. O oficial a ajudou a pegar suas coisas na hospedaria, ela já não tinha mais dinheiro para ficar lá.

F: "Bem... eu não posso fazer muito por você! Essa é a minha ultima semana nessa cidade, logo irei para os campos de batalha, mas não a deixarei desamparada. Nos últimos meses que fiquei aqui fiz algumas amizades e sei de alguém que a ajudará."

Eurielle estava emocionada, o distinto oficial a ajudava sem se importar com suas roupas, suas origens, suas diferenças. Pensou no tempo que odiava aquele uniforme, estava tão enganada por julgar todos pelo erro de um.

O oficial Flávio e ela caminharam até as portas de um convento, Eurielle ficou assustada, sabia que a igreja perseguia os ciganos.

F: "Não tenha medo! Confie em mim!"

Eurielle insegura, desconfiada o acompanhou e foram para uma sala com alguns livros empoeirados.

Uma senhora entrou e sorriu para acigana, cumprimento Flavio.

Madre: "Que bom vê-lo, general! Sei que irá partir em breve!"

F: "Sim! Tudo já esta pronto! Mas não venho aqui só para me despedir. Quero pedir um favor!"

Madre: "Qualquer coisa para um dos nossos maiores benfeitores! O dinheiro que doou nos ajudou muito!"

F: "Essa moça é minha amiga e precisa de um local para ficar por um tempo!"

A madre caminhou até a cigana e notou a pequena barriga, a cigana desconfiada não gostou do toque e se afastou segurando a barriga num gesto protetor.

M: "Vejo que esta grávida!" – e olhou para Flavio.

F: "Ah... não é meu! Mas é uma vida e ela precisa de cuidados. Como falei Eurielle é uma amiga e ficaria grato se a ajudasse!"

A madre concordou que Eurielle poderia ficar no convento até a criança nascer, pois o convento tinha uma parte para mulheres que assim como a cigana só contavam com a bondade do próximo.

Eurielle abraçou o oficial que ficou constrangido com o abraço.

E: "Que a vida seja boa com você! Tem em mim uma amiga para sempre! Muito obrigada pelo que faz por mim e meu filho!" – a cigana chorava.

F: "Se cuide, Eurielle!"

E o belo general de olhos verdes foi embora.

...

Eurielle teve que tirar suas roupas e usar as roupas do povo cidade, não tinha mais dinheiro e joias.

A madre Manuella* era uma senhora muito bondosa e fazia um belo trabalho auxiliando àquelas moças, seus bebes. Apesar das varias regras e uma delas era não sair do enorme convento, pois, uma mulher grávida sem marido era uma ofensa para aqueles que se julgavam honrados cidadãos. Eurielle se adaptou bem e fez algumas amizades e percebeu que havia muito sofrimento no mundo, mas mesmo no meio de tanta dor, lagrimas, havia bondade e como uma pequena vela em meio a escuridão, a bondade iluminava, prevalecia.

E assim o tempo foi passando e a cigana ia criando novos laços, cultivando amizades e com a permissão da madre utilizava seu conhecimento em ervas, suas habilidades com ferimentos para auxiliar as outras moças e alguns pedintes que as freiras auxiliavam.

Mas em seu coração ainda havia esperança de encontrar o seu Ofun.

Notas Finais


*Manuella é um personagem do livro Eurielle. Rainha. Esposa de Lucas. Mão de Afonso.
No livro Irmãos Vermelhos foi mae de Luiza e esposa de Ofun.

**A carta 18 do Baralho Cigano, O Cachorro simboliza a lealdade, companheirismo, compreensão e muita ajuda sincera e amiga. Pode mostrar o anjo da guarda ou o protetor espiritual. No Baralho Cigano o Cachorro é positivo e indica a presença amigos queridos, aqueles que aparecem para nos apoiar, ajudar sem esperar nada em troca do que fazem.

MaktubOnde histórias criam vida. Descubra agora