Ofun não conseguia respirar, tentava se manter em pé.
"Solte ela, agora!" – gritava Flavio que chegava irritado. Falou com Ofun, mas ele nada falava, nada fazia e Flavio puxou as chaves de suas mãos.
F: "Como ousa prende-la?"
Ofun e Eurielle se olhavam fixamente, seus olhos conversavam.
Flavio nervoso nada notou e abriu a cela, olhou para os braços da cigana e viu que estavam machucados.
F: "Isso é imperdoável!"
Eurielle tirou suavemente as mãos de Flavio de seus braços e caminhou devagar para fora da cela e Flavio percebeu o que acontecia.
Ofun não se mexia, seus olhos tinham lagrimas e nos olhos da cigana lagrimas escorriam, ela correu ate ele e o abraçou. Castle a abraçava com força como se nunca mais fosse soltá-la, fechava os olhos e sentia aquele cheiro que tanto sentia falta.
Naquele abraço seus corações se fundiam.
E então após longos minutos Ofun abriu os olhos e viu o general Stuart que os observava.
Ofun segurou as mãos de Eurielle que estavam em seu pescoço e a afastou.
Eurielle ficou confusa e viu algo naqueles olhos que a assustou e ele simplesmente se virou e a deixou ali. Ela ia atrás e Flavio a segurou – "Não!".
Flavio viu o jeito que Castle o olhou e depois olhou para Eurielle e não gostou, pegou na mão da cigana que tremia e a levou para casa. Respeitou o momento da amiga, ela estava calada, não chorava, apenas tinha uma expressão perdida.
.....
Ofun a abraçou com toda a saudade que tinha, como era bom sentir calor de novo. Mas então abriu os olhos e a realidade veio como água gelada em sua alma, em sua frente estava Stuart, o amante dela. Ela não era mais sua, ela era de Stuart, de Augustus, ela era... tirou as mãos dela do corpo dele.
Caminhou ate seu escritório, apenas se trancou em seu escritório, em sua dor e ficou lá sentado no chão encostado a porta. Um soldado bateu na porta, mas ele nada ouvia.
Apenas tentava respirar e chorava em silencio, sua lagrimas molhavam seu uniforme. Ficou ali por horas.
Na janela de seu escritório a luz do sol ia embora e dava espaço para a luz da lua e ele apenas chorava em silencio.
O tempo simplesmente passava, mas em seu peito o passado ainda era presente.
Começou a compreender o presente e percebeu que ela estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe.
Não conseguia entender o porquê, como aquilo aconteceu.
E quanto mais questionava, mais doía.
Ela era a esposa, a concubina de Augustus, amante de Stuart e tinha um filho.
Em nada lembrava sua doce e inocente cigana.
Por que ela não o procurou, não o esperou?
Doeu imaginar ela nos braços de outro homem e longe dos braços dele e o ciúme, o orgulho feriram seu peito.
O tempo mudava as pessoas, os sentimentos e sentiu amaldiçoado com aquele sentimento, aquele coração que insistia em chamar por ela.
Apenas deixava as lágrimas escorrerem...
....
Pedro chegava naquele escritório com sua luz e bondade.
A vibração de Ofun estava muito baixa e não conseguia se aproximar
P: "Por que esta fazendo isso?"
"Por que eles merecem! Aquela maldita me matou, tirou a minha chance de ver meus filhos crescerem, de voltar para a minha esposa! Agora me lembro de tudo!"
P: "Não acha que já sofreu demais? Eu posso levá-lo para um bom lugar para se curar dessas feridas" - o espírito tinha vários machucados purulentos – "Não ver que Ofun também sofre!"
"Não me importo! Eu não consigo chegar perto dela, ela ora e uma luz surge envolta dela e me afasta. Mas eu consigo chegar nele e agora eles me pagarão! Ela me matou para salvá-lo, não foi? Vou alimentar esse ciúme, o orgulho dele!"
P: "Meu irmão não desperdice o precioso tempo em vingança. Mas se é isso que busca não acha que já alcançou quando a feriu com seu punhal?"
O pai de Eurielle olhou para o chão pensativo.
"Mas ela não morreu! Eu sim!"
P: " Nessa vida você tinha um corpo e tirou a propria vida! Eurielle não estava lá! Nessa vida ela te amou e agradeceu pela sua vida em suas oraçoes. Voce dentro das suas limitações foi um bom pai."
"Não quero me lembrar!"
Pedro o envolvia em luz branca e orava em silencio.
P: "Lembre, meu irmão. Lembre daquela menina que corria pelo acampamento sorrindo. Lembrem-se de como a ensinou usar o punhal, a se defender. Como sentia orgulho dela, da filha que um dia amou!"
O espírito atormentado chorava.
"Não posso perdoa-la! Ela me tirou tudo que eu amava!"
P: "Sim, mas se arrependeu e veio nessa vida para amá-lo, para dá o amor que tirou de você"
O espírito chorava e lembrava-se de Eurielle menina segurando o punhal com maestria, de suas observações inteligentes e quando pequena acordava gritando corria para sua cama buscando proteção.
P: "Deixe a semente plantada florescer!"
Pedro o envolveu com sua luz e o espírito adormeceu. Os dois saíram de perto de Ofun que chorava.
....
Ofun se levantou e percebeu que já era madrugada, foi para casa.
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Maktub
RomanceA palavra Maktub, do árabe, significa "destino", e pode ser interpretado como "estava escrito" ou melhor, "tinha que acontecer". Eurielle ainda carrega muitas cicatrizes em sua alma, será que dessa vez com a benção do véu do esquecimento ela saberá...