Optchá

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No escritório do convento Eurielle segurava carinhosamente a mão de uma menina que devia ter por volta de uns quinze anos. A pequena menina soluçava enquanto chorava segurando a mão da cigana.

Madre: "Calma, minha menina! Esta entre amigos!"

Eurielle falou calma: "Olhe nos meus olhos, respire!"

E: "Qual é o seu nome?"

Moça: "Missandei."

Com o carinho da cigana a mocinha se acalmava, mas não largava sua mão como se pedisse coragem.

Eurielle sorriu tentando reconfortá-la: "Tudo ficará bem! Uma vida é sagrada e ser mãe é algo lindo! Não precisa ter vergonha, não precisa ter medo! Você não esta sozinha!" – olhou com dor para os machucados no rosto da mocinha – "Quem fez isso com você?

Missandei: "Meu pai!"

E: "Por que você engravidou?"

A mocinha voltou a chora.

Missandei: "Não. Meu pai é o pai do meu filho"

A madre se sentou triste e Eurielle sentiu o coração apertar, abraçou a pequena com todo o seu amor.

.........

Alguns meses depois.

Eurielle chegava ao convento com Lucas que adorava brinca com as outras crianças. A madre correu quando a viu.

M: "Deus a enviou!"

Eurielle estranhou a agitação que estava no convento e a preocupação no rosto da gentil madre.

E: "O que foi?"

M: "O pai de Missandei esteve aqui, fez um escândalo, invadiu o convento e a levou, arrastando-a. Pobrezinha! Ela chorava tanto! Por favor, peça ajuda ao general Stuart"

E: "Flavio esta muito ocupado no quartel e não temos tempo. Temos que tira-la agora das mãos daquele monstro"

Eurielle caminhou ate os estábulos e pegou um cavalo mesmo a madre Manuela protestando.

A cigana com seus cabelos ao vento corria pela estrada empoeirada e chegou na distante e abandonada fazenda que o pai Missandei morava.

Bateu na porta com força e a chamou.

Logo um homem gordo com barba apareceu.

O homem a olhou de cima em baixo: "O que faz aqui, cigana?" – falou com desprezo.

Eurielle falou firme: "Vim buscar Missandei!"

O homem sorriu com desdém e passou a língua nos lábios cobiçando a cigana.

Eurielle não demonstrou nada, continuou com seu olhar desafiador.

Homem: "Então você é a famosa cigana que se deita com dois homens, hein! Um não te satisfaz? Não adianta usar essas roupas chiques porque todos sabem que você é uma cigana!" – cuspiu no chão.

Eurielle o olhava com sua cabeça erguida.

E: "Cadê Missandei?"

O homem olhou ao redor e viu que a cigana estava sozinha, a puxou para dentro de casa de forma brusca e a colocou contra a parede, apertando seu corpo contra o dela.

Homem: "Acho que entendo porque o velho comandante não dá conta! Agora eu vou te mostrar o que é um homem de verdade!"

O homem ia colocar a mão no seio da cigana, mas congelou ao sentir algo gelado espetar sua barriga.

A cigana não demonstrava medo, nojo, não demonstrava nada.

Os olhos da cigana o sugavam, eram frios ela falou calmamente: "Levante sua mão pra mim e cortarei seu braço! Tire suas mãos imundas de mim agora e me escute" – ela o olhava de um jeito frio que o assustou, sua voz e respiração estavam calma demais – "Eu tenho muitos medos, mas nenhum deles inclui um covarde igual você! Eu vou levá-la e você nunca mais a procurará!" – apertou seu punhal contra a barriga do homem que se afastou para trás com a dor, deu um sorriso sádico (sua alma lembrava) – " Doeu, né? Acredite! Irá doer muito mais quando eu atravessa-lo!" "Você deixará Missandei em paz, entendeu?" - deu um passo a frente apertando mais o punhal que começava a fazer uma ferida na barriga do homem - "Lembrem-se EU sou cigana e sempre ando com meu punhal!"

Missandei apareceu e Eurielle apontando seu punhal para o homem saiu com a menina que tremia.

Quando chegaram a uma parte segura da cidade. Missandei a abraçou e chorou, Eurielle beijou em seus cabelos a acalmando.

E: "Ele nunca mais fará mal a você!"

As duas se abraçavam quando a grande tropa começou atravessar a cidade.

Missandei viu que a cigana ficou com o olhar perdido olhando os vários soldados que passavam.

Missandei: "Tudo bem?"

Eurielle sentiu uma brisa fresca passar por ela enquanto olhava aqueles uniformes, mesmo que dia após dia alimentasse a sua fé que encontraria seu amado de volta, a falta dele ainda doía.

Eurielle sorriu para a menina: "Sim, querida! Apenas lembranças. Agora vamos!"

Chegaram ao convento um nervoso Flavio com algum soldados estavam la.

O general caminhou ansioso para a cigana e abraçou.

F: "Eurielle, a madre me enviou um recado e assim que recebi, corri para cá! Meu Deus! Por que se arriscou assim? Ele encostou em você?"

E: "Está tudo bem! Ele não a machucará mais!"

F: "Não fará mesmo. Ele invadiu um convento, que covarde! Irei enviar alguns homens para prende-lo, estupros não serão admitidos aqui enquanto eu comandar a cidade" – mais calmo – "Por favor, não faça isso novamente! Sabe que pode contar comigo e se algo te acontecesse acho que Augustus me mataria! Agora que esta bem, vou voltar ao quartel, o general Castle esta chegando e vou passar algumas informações para ele. Chegarei tarde hoje, minha querida!" – deu um beijo na testa dela e se retirou.

Notas Finais


*Optcha é uma palavra romani ou romane, lingua cigana e significa "Salve". É uma saudação cigana.

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