A: "Sim. Tenho um assunto para tratar com você e é urgente"
Ofun percebeu que o comandante estava preocupado, mas a duvida que brotou em sua mente era mais urgente e não podia esperar.
O general olhou sério para seu comandante.
O: "Lucas é seu filho?"
...
Augustus ficou surpreso, após conversar com Flavio, assumiu seu erro, sua consciência já pesava há muito tempo e decidiu voltar para o norte para falar a verdade.
O comandante respirou fundo estava sentando de frente para Ofun e sua imensa mesa os separava.
A: "Após a nossa primeira batalha no sul, eu precisei retornar para cá e quando voltei encontrei uma moça desmaiada no portão de minha casa, chovia muito e ela estava muito quente, percebi que era uma cigana pelas roupas. Ela ficou aqui ate se recuperar e ela me contou que Flavio havia dado o meu endereço alguns meses antes, antes dele nos encontrar no sul, quando vocês se conheceram. Ela foi ate o quartel e ficou voltando lá por dias ficou sem dinheiro e Flavio a levou para o convento e ficou por lá quando a mandaram embora, ela me procurou. Depois que se recuperou começou a trabalhar para mim e eu me apeguei a doçura, beleza, a voz, a amizade dela. Acho que ela leu todos esses livros, depois de um tempo soube que ela trabalhava em outras casas alem da minha, não entendi o porquê, naquele tempo ela estava exausta e eu não entendia para quê trabalhar tanto se ela tinha tudo aqui. Então a coitada começou a chorar, acho que estava com medo de eu manda-la embora e me contou melhor sobre como conheceu Flavio"
Ofun ouvia tudo com aparente calma, mas seu coração se apertava, explodia, em sua mente aquelas cenas se passavam e junto delas o sofrimento, a solidão da cigana.
A: "Ela ia todo dia ao quartel procurar um soldado Ofun, Flavio tentou ajuda-la de verdade, mas ela não tinha muita informação. Um dia passou mal e Flavio a levou a enfermaria do quartel e descobriu que estava grávida"
Ofun se levantou e sua respiração ficou irregular, perguntou atônico ao comandate.
O: "Grávida? Ela estava grávida!" – lágrimas escorreram pelo seu rost
Ofun saiu do escritório, puxou um pouco a gola do uniforme para respirar melhor, passou pela sala e subiu as escadas para o segundo andar da casa e uma voz que tanto conhecia o atraia como anos antes.
Caminhou com os pensamentos, lembranças passando por ele enquanto atravessa o longo corredor e parou na porta do quarto de onde via o som.
E lá estava ela, mesmo com o rosto um pouco abatido pelo recente susto, ela ainda era a mulher mais linda que já viu, a cigana cantava para o pequeno menino que dormia em sua cama.
Ofun derramava lágrimas silenciosas enquanto os olhava e começou a notar as semelhanças, Lucas o lembrava.
Pensou em quando era criança, um órfão e sonhava em ter a sua família e diante de seus olhos tinha a família mais linda e doce, a sua família.
Secou as lágrimas, o tempo delas havia passado.
Eurielle estava tão feliz com a volta de Lucas que demorou a perceber que era observada.
A cigana se virou para Ofun que estava sorrindo.
Eurielle sorria e falava baixo enquanto fazia carinho nos cabelos de Lucas: "Ele dormiu!"
Ofun estava muito emocionado em sua frente estavam à mulher amada e o filho que tanto desejou. Eram lindos, eram seus!
Ofun ainda parado na porta sussurrou para não atrapalhar o sono do filho.
O: "Eurielle, precisamos conversar!"
Eurielle olhava para Lucas estava tão feliz.
E: "Pode ser depois? Eu gostaria de ficar mais com Lucas!"
Ofun compreendeu que seu filho não poderia ter uma mãe melhor e andou ate ela.
A cigana estava sentada na cama olhando o filho e Ofun se sentou atrás dela, a abraçando pelas costas, cheirando os cabelos delas, ele amava aquele cheiro.
Eurielle estranhou o gesto carinhoso dele. Ofun deu um beijo em seus cabelos e segurou a mão dela que segurava a pequena mão de Lucas e assim as três mãos ficaram unidas por alguns minutos.
Eurielle estava emocionada com aquele gesto, com a volta de Lucas que não percebeu que lágrimas escorriam pelos olhos do general.
Após alguns minutos ele saiu do quarto e ela deitou abraçada com Lucas.
...
Pedro e Ana sorriam.
Notas Finais*Carpe diem é uma expressão em latim que significa "aproveite o dia". Essa é a tradução literal, e não significa aproveitar um dia específico, mas tem o sentido de aproveitar ao máximo o agora, apreciar o presente. Uma tradução possível para a frase seria "...colha o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã".
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Maktub
RomansA palavra Maktub, do árabe, significa "destino", e pode ser interpretado como "estava escrito" ou melhor, "tinha que acontecer". Eurielle ainda carrega muitas cicatrizes em sua alma, será que dessa vez com a benção do véu do esquecimento ela saberá...