A Árvore

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Eurielle andava no meio da densa floresta e entrou na velha cabana, ficou espantada a cabana estava bonita, bem cuidada.

E: "Nossa! Ela esta muito bonita!" – falava enquanto olhava o trabalho que ele tinha feito.

Ofun a aguardava: "Eu nem sempre fui soldado! Eu trouxe algumas coisas para gente comer perto do rio"

E: "Isso é loucura!"

O: "É... mas é uma loucura boa! E você mesma falou que os outros ciganos não andam por aqui por superstição ou algo assim. E se tem algo que percebi é que vocês são muito supersticiosos"

Os dois caminharam ate o rio que passava por ali, estava um bonito dia e eles comiam algumas frutas enquanto conversavam.

E: "Logo levantaremos nossas tendas e cairemos na estrada. Ansioso para ir pra sua casa?"

O: "Na verdade eu não tenho casa! Eu não tenho pais, família, então desde que entrei no exercito estou sempre morando nas cidades aonde me mandam. Como vocês falam 'O céu é meu teto, a terra é minha pátria e a liberdade é minha religião'".

Eurielle sorriu: "Não fale nosso lema assim! Seu sotaque é horrível!"

O: "Sua culpa! Você que não é uma boa professora então..." – sorriram, Eurielle estava ensinando o romani para ele.

O: "Posso fazer uma pergunta pessoal, Eurielle?"

E: "Não!"

O: "Por que você não quer se casar?"

Eurielle suspirou nervosa: "Já escutou os cochichos dessas linguarudas!"

Ofun negou com a cabeça, mas sim.

E: "Sei... Eu sei o que falam sobre mim, sobre meus sonhos! Mas eu realmente não ligo para o que falam!"

Ofun falou sério: "Queria ser assim!"

Eurielle perguntou surpresa: "Você liga para o que falam, pensam de você?!"

Ofun a olhou: "Sim... eu me preocupo com o que você pensa sobre mim"

E: "Por que virou soldado?"

O: "Na verdade eu não sou um soldado, já passei dessa fase. Mas eu entrei no exército porque eu não tinha família, não tinha para onde ir e realmente acreditava que poderia fazer diferença, defender os mais fracos, essas coisas..." – olhou para o rio com um olhar triste.

E: "Não acredita mais?"

O: "Eu não sei! Não usava um uniforme para ser olhado do jeito que você me olhou" – lembrou – "Você me olhou com medo, repulsa e os outros me olham com desprezo. Nunca pensei que meu uniforme pudesse ser visto assim por alguém que não fosse meu inimigo"

E: "É muito simples querer separar o bem do mal e achar que estamos do lado certo!"

Ofun suspirou enquanto olhava para o rio: "Sim..."

Ele era tão bonito e o reflexo do sol nas águas do rio, parecia iluminar-lo mais.

Eurielle segurou a mão dele e ele voltou a olhar para ela.

E: "Você não é meu inimigo! Sabe Ofun nos meus sonhos... eu vejo uma mulher, na verdade acho que sou eu e ela é um soldado, uma líder, algo assim. Eu a vejo matando pessoas indefesas: adultos, crianças, velhos... eu sinto a indiferença e depois eu sinto uma dor muito grande como um arrependimento e ele é tão forte que quando acordo me dói fisicamente. Talvez você não seja o único a querer separara o bem do mal e achar que esta do lado certo"

Eles não percebiam, mas o espírito de Pedro estava ali enviando luzes de amor, de paz, de cura.

Eles se olhavam e sorriam.

O: "Você é incrível! Eu nunca conheci alguém como você, Eurielle!"

Eurielle sentia uma paz e puxou a mão de Ofun para mais perto, fazendo com que ele que estava sentando perto se aproximasse mais, Ofun percebeu o que ela queria e a beijou, um beijo calmo. Separaram-se para recuperar o fôlego e sorriam enquanto se olhavam.

Notas Finais


"Eu não quero ser uma árvore. Eu quero ser o seu significado." Pamuk, Orhan.

*A Árvore - Carta 05 - representa a estabilidade de quem tem os pés no chão, mas os braços voltados para o Céu.
É nela própria que as modificações acontecem, sem cessar, num processo evolutivo que antes, começa em seu interior, e se reflete em seu exterior.

Assim, uma pequena semente, transforma-se em uma frondosa Árvore. Não é do dia para a noite.

É um processo evolutivo que requer tempo, amadurecimento e resistência às intempéries.

A Árvore representa então o indivíduo em sua evolução, se expandindo, produzindo flores, folhas e frutos, cada vez mais, e melhor, de forma estável, mas crescente.

Aponta assim, para a união dos planos, e dos elementos, em si mesma, em perfeita harmonia.

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