Os Pássaros

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E após alguns dias todos estavam muito ocupados com os preparativos de viagem, Eurielle e Ofun desde o desmaio dela não conseguiam se encontrar, estavam cheios de trabalho e o pai de Eurielle mal a deixava respirar.

Ofun chegou a sua tenda e havia um bilhete.

...

Era madrugada e um ansioso Ofun estava na velha cabana com algumas velas acessas.

A porta abriu e lá estava ela.

Ofun a olhou surpreso ela estava enrolada em uma capa e seus olhos estavam pintados.

Ele a beijou.

O: "Como você conseguiu chegar aqui nesse escuro?"

Eurielle sorriu: "Sou cigana!"

Ele percebeu que tinha algo diferente no olhar, no jeito dela.

O: "Não esta se arriscando demais? Não entendi o porquê de querer me encontrar nesse horário aqui. Esta tudo bem?"

Ela o beijou e o afastou: "Ficará!"

E deixou sua capa cair, ele ficou admirado, ela estava linda com um vestido vermelho com uma grande fenda nas pernas, argolas, pulseiras, cordões dourados. Naquele vermelho ela era o próprio pecado, tentadora demais.

Ela o empurrou delicadamente ate a parede da velha barraca e se afastou, soltou os longos cabelos e começou a dançar, dançava apenas para ele, não havia música, alem do som da floresta e da respiração dele que estava muito irregular.

Ofun não sabia o que fazer, ela era perfeita, seu coração, seu corpo a queriam mais que tudo.

Ela dançava e mexia seus quadris, seus cabelos, suas mãos, suas pernas... o olhar dela parecia o desafiar, ela era segura em sua dança, em seus movimentos.

Ela puxou o véu que estava amarrado em sua saia e dançou.

O véu era negro como a noite e os cabelos dela.

Ela o provocava, quando fechava os olhos e os abria o olhando fixamente ele tinha certeza que seus batimentos podiam ser escutados por ela.

Ela se aproximou dele e encostou seu véu negro no rosto dele, ele nada viu alem do escuro do véu e logo o véu caiu e era o negro dos intensos olhos dela que ele via.

Ele a beijou com todo o desejo, paixão e saudade que sentia.

E ali eles se entregavam, aqueles corpos queimavam, já se conheciam por eras e com essa saudade se amaram repetidas vezes naquela noite sem luar.

...

Ofun

Aquele corpo nu parecia ter sido esculpido pelos anjos em seus menores detalhes, algo próximo ao divino.

Eu não esperava mais nada da vida, fui agraciado com uma segunda chance e achei que seria o maior presente do destino.

Mesmo sem saber estava perdido, buscando algo que não sabia o que era.

Então aqueles olhos, parecendo uma miragem chegaram e todas as tempestades do meu deserto caíram aos seus pés.

Eu logo soube que nós dois nos tornaríamos um. Eu vi o fogo, a vida dentro dos seus olhos.

Essa noite ela me mostrou que eu não conhecia nada sobre amor

Quando nossos corpos começaram a dançar

Eu pude estar em lugares que nunca estive antes

E percebi que ali... dentro dela era o meu lugar

O lugar que eu buscava pra me encontrar e me perder

Através dos seus gestos suaves e gemidos... ela me levou, ela me mostrou

Com os seus véus me envolveu... dois corpos virando um

E então a sua dança ficou mais lenta e eu que sempre fui o guia, passei a ser guiado, eu apenas a acompanhei

Fui o seu primeiro homem e ela o meu único amor

Quando eu estive naqueles braços tive certeza que ali era meu lugar

Eu nunca dancei em tantos ritmos, sons e mesmo cansados, suados de prazer, ela me acompanhou em todos eles

Eu não poderia viver sem o sabor daquele corpo, o sabor doce dela alimentava a minha alma

Eu a fiz mulher, rompi seu selo sagrado e ela rompeu a minha alma, nunca mais seria o mesmo sem ela

Não há duvidas... Eurielle nasceu para ser minha e eu dela!

Notas FinaisNotas Finais

* Os Pássaros - A carta de número 12 do Baralho Cigano aparece em uma tirada para te lembrar do bem que é a liberdade. Os pássaros só são belos e entoam seus lindos cantos quando estão livres para irem na direção que desejarem.
Os Pássaros no Baralho Cigano é um aviso, um conselho, onde ela pede que você seja como um pássaro livre, que siga sua vida com muita fé e sem se limitar ao enxergar belos horizontes.

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