A Montanha

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Luiza gritava enquanto segurava o corpo da irmã que sangrava, se sujando de sangue.

Algumas ciganas choravam junto. A tribo estava em silencio.

Carmensita tocou no corpo da jovem cigana: "Vamos, Afonso! Pegue Eurielle! Ainda há vida!"

E logo os ciganos arrumaram rapidamente as suas coisas para ir para a próxima cidade, pois lá tinha um medico que não se recusava atender ciganos desde que pagassem muito bem. Enquanto isso Carmensita e Luiza tentavam cuidar dos vários ferimentos da cigana.

Eurielle foi atendida pelo medico e lutava pela vida. Após dias inconsciente, sem sinal de melhora o medico explicou que o corpo dela provavelmente não suportaria e deveriam se prepara para o pior.

...

Mundo espiritual

O espírito de Eurielle foi levado por Pedro para o mundo espiritual e compreendendo o que acontecia e tendo a consciência de suas outras vidas, ela conversava com seu amigo.

Eurielle chorava: "E agora? O que será de mim? Eu falhei mais uma vez! Meu orgulho, minha culpa, minha vergonha me cegaram e não pude dá a Ofun todo o amor que ele merece. Meu coração sofre porque o dele também sofre. Imagino que acha que eu o abandonei. O que fiz? Devia ter ido com ele!" – soluçava – "Eu falhei em não conquistar o amor de meu pai, eu mereci aquele golpe porque eu o provoquei, ele era meu soldado, eu o treinei e eu o matei!"

Pedro: "Se acalme, minha pequena! Nosso Pai é perfeito, não é através da vingança, da dor que evoluímos. É através do amor! Aquele irmão que foi seu pai nessa vida teve a escolha, a oportunidade de cuidar, de amar você, mas infelizmente não conseguiu. Devemos orar por ele e compreender que ele apenas deu o que tinha para dá naquele momento, mas amanhã ele poderá dá mais. Por isso não devemos julgar. Hoje você não teria tal atitude, pois como um aluno que avança de série, você já a aprendeu, já progrediu. Assim é a escola da vida, são muito alunos em graus diferentes. Mas não se culpe pela atitude dele, lembre-se que a culpa não é algo bom. E assim como ele, você tem motivos para odia-lo agora, mas não o odeia, então não traga para você responsabilidades que não te pertencem"

Eurielle estava mais calma, a energia do mundo espiritual e de Pedro a reconfortava.

P: "Não há com o que se preocupar, minha querida! Deite-se, durma e pense na bondade imensa do nosso Criador!"

Eurielle adormeceu e Pedro beijou sua testa, a envolvendo com uma intensa luz branca.

P: "Volte! Volte com a certeza que não há caminho errado, todo caminho contem um aprendizado e agora você não é mais responsável só por você!"

....

.........

Um mês se passou e Eurielle acordou não se lembrava de Pedro ou do mundo espiritual, aos poucos ia se recuperando na clinica clandestina do medico. Luiza não saia de seu lado e às vezes Afonso e Carmensita a visitavam. O medico ficou surpreso com tamanho milagre, achou que fosse alguma bruxaria daquele povo que via como inferior.

Eurielle sabia que não podia voltar à tribo, pois havia sido renegada na frente de todos por seu pai. Luiza chorava enquanto abraçava a irmã mais nova.

Eurielle secava as lagrimas da irmã: "Não chore! Eu ficarei bem!"

Luiza: "Não, Eurielle! O que será de você, sozinha, nessas terras que não gostam da gente?"

E: "Eu voltarei para a outra cidade e encontrarei Ofun!'

L: "Tem certeza que ficará bem, minha irmã?"

Eurielle a olhou firme recitou o lema cigana: "O Céu é meu teto, a Terra é minha pátria e a Liberdade é minha religião" – sorriu – "Não há o que temer!"

Luiza pegou uma pequena sacola e entregou nas mãos de Eurielle: "Tome! Aqui têm algumas moedas de ouro, algumas joias. Eu, Carmensita e outras ciganas juntamos para que você não passe necessidade até encontrar Ofun!"

Eurielle estava muito emocionada: "Obrigada! Obrigada! Eu não sei como agradecer a vocês! Sei como trabalharam para conseguir esse dinheiro e só aceito porque sei que é de coração!"

As duas irmãs se abraçaram.

E Eurielle seguiu seu caminho, seguiu seu coração.

....

Notas Finais


*A Montanha - a carta 21 do Baralho Cigano traz a mensagem de que é um momento em que você precisa de muita firmeza e convicção em suas crenças para vencer os desafios.
Pode ser uma carta de desafio que assusta afinal uma montanha parece inicialmente algo impossível de se ultrapassar. Ainda mais quando estamos com nossos sonhos do outro lado deste desafio temos a impressão de que eles serão de fato inalcançáveis. Este pensamento pode ser mais pesado do que a própria montanha, aprenda a enxergá-la com outros olhos, afinal sabia que é no topo da montanha onde estamos mais perto do Divino? O seu pico é o principal ponto entre o encontro do céu e da terra.
Portanto tenha o topo da montanha como o objetivo, de lá você verá com clareza todo o horizonte, os desafios e as saídas. Foque no resultado final, não fique medindo o que enfrentará pelo caminho, a recompensa será muito melhor.

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