Eurielle acordou e ficou intimidada pela presença de Augustos que vestia seu uniforme.A cigana mostrou o papel molhado pela chuva e falou que Flavio a mandou procura-lo. O comandante sabia que era a cara de Flavio fazer boas ações, e a enviou para sua casa porque ele morava sozinho e Flavio morava com a mãe uma pessoa cheia de preconceitos e jamais aceitaria uma cigana em sua casa.
Augustos permitiu que Eurielle ficasse em sua casa e trabalhasse para ele.
A velha governanta não gostava da atenção que o comandante oferecia a jovem cigana.
G: "Sei que já faz alguns meses que a cigana, digo, Eurielle trabalha para o senhor. Mas acho que ela não esta feliz aqui!"
Augustos ficou surpreso, pois Eurielle parecia gostar dali e principalmente da biblioteca que ele lhe deu passe livre.
A: "Por que acha isso?"
G: "Quando ela não esta aqui, esta andando pelas outras casas pedindo trabalho. Sei que lava roupas e coisas assim para as outras casas. Isso porque o senhor paga bem, mas claro que ela não deve comentar isso por ai"
Augustus sentiu o veneno da senhora e já tinha percebido que ela se incomodava com Eurielle.
Augustos investigou se era verdade e ficou surpreso em descobrir que realmente a cigana estava trabalhando muito alem do que deveria em outras casas e ganhando muito pouco. Não compreendeu.
Eurielle chegou tarde da noite, estava cansada, em seus horários vagos trabalhava para fora para poder juntar e poder ter uma casa, moveis para buscar Lucas.
Entrou pela cozinha e encontrou Augustos em pé a esperando.
Augustos sério: "Venha!" – caminhou ate o escritório – "Esta te faltando algo aqui? Acha que o que te pago não é justo?"
Eurielle calma respondeu: "Não senhor! O que me paga creio ser alem do que outros ganham!"
A: "Então por que anda implorando trabalho em outras casas?"
E: "Apesar de o senhor me pagar muito bem e amar a sua casa, eu preciso ter a minha!"
Augustos ficou triste, gostava da companhia, de conversar, do belo canto dela e apenas com ela e Flavio ele conseguia sorrir: "Por que quer ir embora, Eurielle?"
E: "Eu não quero mais preciso! Há uma parte da minha historia que o senhor desconhece!"
A: "Qual?"
E: "Eu tenho um filho!"
A: "Mas você é muito nova!"
E a cigana contou a historia do dia que Flavio a levou ao convento, os meses que passou lá e a imensa tristeza de deixar Lucas. O experiente comandante ouvia tudo calado e não gostou quando ela chorou.
A: "Não chore! Você é tão bela! Diz que Flavio é um anjo, mas quando penso em um anjo acho que devem ter a sua beleza!" – falou tão espontaneamente e se repreendeu – "Desculpe, acho que foram muitas emoções aqui. Agora vá dormir e amanha não saia de casa, não quero que a sua necessidade seja explorada por essa gente" – ordenou.
....
O dia amanheceu e o convento ficava em silencio com a autoridade que passava por seus corredores e ele entrou no escritório da madre.
M: "Comandante Augustus quanta honra recebê-lo! O senhor e o general Flavio são queridos amigos de nossa casa, suas doações mensais evitam que fechamos as portas"
A: "Que bom! Mas quero falar sobre a cigana que enviou para minha casa"
A madre sorriu sabia que era o endereço dele quando Flavio deu o papel.
M: "Eurielle... ela esta bem? Sentimos muita a falta dela, principalmente de suas canções!"
A: "Ah... sim! Ela adora cantar!" – sorriu com a lembrança e logo ficou serio de novo – "Cadê o filho dela?"
A madre ficou insegura: "Ele esta bem, mas não esta disponível para adoção, me perdoe senhor!"
A: "Eu sei, ela me contou. Que triste saber que um dos meus soldados a desgraçou e a largou. Mas deixamos isso para os acertos de Deus. Eu quero o menino, o traga agora que vou leva-lo para ela!"
Os olhos da madre encheram de água sabiam que o comandante apesar de toda a sua frieza tinha um bom coração e feliz pegou Lucas.
A madre entregou o menino no colo de Augustos.
O comandante ficou sem jeito não tinha tido filhos: "Não sei segura-lo! Peça alguém para me ajudar a carregar o menino! Ele é grande! Pensei que fosse mais novo"
M: "Ele é apenas grande e muito forte, mas ainda é um bebe! Era o maior do berçário"
Augustos o olhou: "Engraçado. O rosto dele me lembra alguém. Não é o de sua mãe. Será que conheço seu pai?" – olhou pensativo - "Bem... vamos..."
........
Eurielle preparava o almoço quando escutou um choro vindo da sala, seu coração que adormecia nos últimos meses começava a bater, correspondendo aquele som que lhe trazia a vida mais uma vez, deixou a colher cair no chão, chamando a atenção da governante e sem ouvir as reclamações da velha senhora caminhou até a sala quase não acreditava que escutava aquele choro. Quando entrou na enorme sala, correu e abraçou Lucas, havia meses que não o via e ele estava tão lindo! Lagrimas felizes desciam pelos seus olhos e até a governanta chorou com aquela comovente cena de amor. O coração da cigana estava feliz novamente.
Eurielle o abraçava, beijava, beijava seus dedinhos, cheirava seus cabelos e o menino que chorava, agora sorria em seu colo.
Eurielle soluçava: "Augustos... eu..." – com Lucas em seu colo abraçou o comandante que estava emocionado e feliz.
A: "Não precisa agradecer! Flavio sempre fala que o que fazemos de coração não exige reconhecimento. Agora venha, vamos conversar!"
Eurielle segurava Lucas que em seu colo estava tranquilo, feliz.
A: "Eurielle, como sabe não tenho filhos, sou sozinho. Eu gosto de você, da sua companhia, da sua voz. Sei que sou bem mais velho que você e não pense bobagens, mas gostaria que tivesse em mim um amigo, que não fosse embora. Não sei o que aconteceu com o pai do seu filho, mas sei que o destino de um filho sem pai é cruel. Fique aqui e me deixe assumir o menino, caso o pai apareça coisa que não acredito, eu não me oporei a irem embora. Mas gostaria que você e esse belo menino ficassem aqui comigo alegrando meus dias e sob minha proteção. Não quero que trabalhe mais, sei que gosta dos livros, de ajudar os outros com essas ervas mágicas. Pode fazer o que quiser, confio em você."
Eurielle estava surpresa.
A: "Pense a respeito! Agora vá ficar com seu filho, imagino que estejam com saudades. E não pense besteiras eu não a quero como mulher!!"
Eurielle beijou a testa do comandante que estava sentado e saiu com Lucas. Augustos estava feliz.
Eurielle e o pequeno menino passaram o dia matando a imensa saudade.
A noite olhou para o filho que dormia tranquilo em sua cama e orou, agradeceu por tamanha bondade e amor de Deus com eles e pediu para que protegesse aqueles que amava e em seu coração a imagem de Ofun apareceu.
Pedro orava ao seu lado e logo desapareceu.
Notas Finais*A carta A Âncora do Baralho Cigano significa algo firme e seguro em que se pode confiar e contar. Felicidade, estabilidade, segurança material, autoconfiança e êxito.
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Maktub
RomanceA palavra Maktub, do árabe, significa "destino", e pode ser interpretado como "estava escrito" ou melhor, "tinha que acontecer". Eurielle ainda carrega muitas cicatrizes em sua alma, será que dessa vez com a benção do véu do esquecimento ela saberá...