Ventos de areia

35 6 0
                                    

Ofun revirava em sua cama não conseguia dormir, olhava para o anel que segurava em sua mão perto da cicatriz, o anel que anos antes tinha comprado para ela.

O general andou ate a janela viu a lua cheia e quando percebeu estava no acampamento cigano. Tantas pessoas, ciganos, moradores da cidade, soldados... todos juntos.

Tudo era tão bonito, as lembranças o consumiam, decidiu beber algo e escutou dois rapazes conversando.

Rapaz 1: "Cadê ela?"

Rapaz 2: "Tá demorando hoje!"

Ofun caminhou e parou em frente a grande fogueira, havia ciganas dançando, ciganos com seus violões cantando, e ele olhava para as chamas quando uma voz surgiu cantando em romani.

E então aquela voz chamou a atenção de todos, ele olhou para trás e o tempo voltava, através de véus, com uma bela rosa vermelha nos cabelos que balançavam ao vento, um belo vestido amarelo que contrastava com sua cor e marcava suas curvas. Ela com certeza era a cigana mais linda dali e todos a olhavam, Ofun percebeu que esperavam por ela e seu ciúme doeu.

Eurielle estava feliz, amava quando as caravanas ciganas paravam ali e ela podia confraternizar com seu povo, vestir suas roupas ciganas, falar em sua língua.

A felicidade dela era visível através de sua voz.

Ofun estava no meio da multidão que começa a se reunir para observa-la .

Como era bonito escutar ela falando em romani.

A saudade começava apertar seu coração através de doces lembranças, a imensa vontade de senti-la em braços ardia.

O corpo dela se movia suavemente como o vento.

As lembranças o envolviam...

Senti seu corpo estremecer quando beijei sua boca pela primeira vez;

Entre gemidos e sussurros: tantas promessas;

Eu nunca fiz promessas passageiras, mas o tempo não me permitiu concretiza-las;

Entre seus véus, suas pernas, ela jurava que seria pra sempre minha;

Muitos anos se passaram desde aqueles dias de paixão;

Tocar todas as curvas daquele corpo e me perder nelas;

Percorrendo suas curvas, preenchendo suas lacunas, eu sendo seu e ela sendo minha;

Possuindo aquele corpo docemente, possuindo aquele corpo ardentemente;

Amando de todas as formas através de gestos e afetos;

Há uma diferença entre a beleza e sensualidade e nunca conheci alguém que possuísse as duas com tanta perfeição;

Perfeição seria a melhor palavra para descrevê-la;

Fundir meu corpo ao dela, sentir suas mãos inquietas;

Beijos doces, quentes, sensuais como a pele dela;

Ela dançava e me atraia como um imã;

Eu não conseguia me manter longe, não podia evitar, eu simplesmente pertencia a ela;

Eu lutava e lutar contra seu coração é uma das mais cruéis batalhas. Eu sabia que perderia, que cederia;

E ali ela me dominava, meu orgulho caia como as areias que encontrava em seu pés;

Meu orgulho e minha dignidade abriam feridas, mas eu não podia parar de contemplar aquela visão;

Lembranças me partiam, aqueles olhos me enfeitiçavam, o jeito intenso que ela me olhava enquanto eu sugava o seu mel;

Amava domar aquele corpo e despir sua alma;

E quando seu corpo ficava cansado de prazer repousando em meu peito, o meu coração enfim descansava;

Eurielle possuía infinitas formas, sons, cores;

Quando me despia não despia apenas minha pele;

Quando eu a possuía, não possuía apenas meu corpo;

A nossa dança era única.

O vento provocado pelos seus véus, me traziam os sons dos teus gemidos, teus sussurros;

A vendo dançar, eu percebia que nunca dançaria de novo, pés machucados não tem ritmo;

Embora seja fácil fingir, esconder, eu nunca vou dançar novamente da maneira que eu dancei com você, minha cigana;

Falam que a verdade é a melhor resposta, mas eu não encontrei conforto na verdade, apenas dor.

A musica estava tão alta e não via nada alem dela, não escutava a multidão.
Poderíamos ter sido tão felizes juntos.
Poderíamos ter vivido esta dança para sempre.

E então ela parou de dançar e foi conversar com algumas ciganas, ela não me viu.

Ofun a observava de longe quando reconheceu dois soldados bêbados, mas eles não viram seu general.

Soldado 1: "Ah... eu com uma cigana dessa!"

Soldado 2: "Maldade só olhar! Afinal ela é a esposa do comandante!"

Soldado 1: " Mas sabemos que não é! Ela não faz o tipo dele!"- gargalhavam maliciosamente.

Soldado 2: "Desperdício!"

Ofun saiu de perto estava prestes a perder o controle, mas não entendeu o venenoso comentário.

O general voltava para casa e pensava que talvez se tivesse a encontrado antes, ela não tivesse se perdido, talvez fosse o único culpado pela desgraça dela.

MaktubOnde histórias criam vida. Descubra agora