27 DE JUNHO DE 1993
MARTA
Em um dia tranquilo, com algumas nuvens densas se formando no céu, estava eu no jardim da minha casa com a mão esquerda acariciando a barriga e com a outra segurava um crisântemo branco que levei ao nariz para sentir o aroma. Senti meu bebê mexendo dentro de mim, aquilo me deixava feliz.
Faltava menos de dois meses para eu fazer vinte e três anos, o dia do meu aniversário era treze de agosto. Alguns podem pensar "ela engravidou muito cedo", mas eu namorava desde os dezessete anos com o mesmo homem, nos casamos quando completei dezoito e também sempre quis ser mãe. A idade pouca importava, queria meu bebê nos meus braços, acariciar e mostrar todo meu amor.
Como um ser minúsculo e sensível causar tantas emoções diferentes em alguém. Meus sentimentos eram amor, paz e medo. Eu tinha uma saúde de ferro – como muitos descrevem uma boa saúde – mas ainda assim temia pela vida do bebê. Como disse, era apenas um bebezinho. Daria todo meu amor.
Usava naquele dia um vestido de musseline verde de flores azuis com a barra lilás, cabelos ao vento e óculos de grau encostado no rosto – descobri que tinha miopia aos quinze anos. Estava descalço com os pés tocando a grama macia e úmida. Na noite passada choveu durante algumas horas.
Nossa casa era uma mansão. Tinha muitos quartos – alguns ficavam vazios – cozinha para comportar uma família inteira, piscina grande e meu local favorito era o jardim da frente. Nele, eu passava horas e mais horas lendo livros e comendo frutas saborosas.
Alexia era a ajudante de cozinha e sempre me servia quando estava no jardim – muitas vezes pedia para me fazer companhia e nós tomávamos chá juntas, ela era minha amiga, não muito próxima, mas era. Havia dois balanços, estátuas brancas de garças espalhadas, gramado verdinho e uma mesa para tomar chá – nela que eu e meu marido costumávamos tomar o chá das cinco.
Costumava ler depois das cinco da tarde, era quando o sol já estava se pondo e os raios de sol enfeitava o jardim naturalmente – meu amigo fotografo, Alex, pedia permissão para tirar fotos de paisagem no meu jardim, uma das fotos foi colocada como papel de parede no estúdio.
Meu estilo favorito de livro era o romance, o melhor era DIÁRIO DE UMA PAIXÃO do autor Nicholas Sparks.
Meu marido não foi trabalhar aquele dia, disse que queria ficar comigo mais tempo, claro que não acreditei, o que queria era ver o nascimento da nossa filha. Sim! Estava esperando uma linda menina. Ficava imaginando como ela seria quando acariciava minha barriga, pensava em cabelos castanhos, parda e olhos escuros, queria que se parecesse comigo.
Não falo assim porque meu marido é feio, pelo contrário, ele é o homem mais lindo do mundo, por isso, me casei com ele. Queria que parecesse comigo para alguém ver na rua e dizer aquela frase icônica "meu Deus, ela é a sua cara".
Costumava conversar com minha filha ainda na barriga, às vezes, ela se mexia e era a maior alegria do mundo, saber que mesmo dentro de mim ela conhecia minha voz e respondia – da forma dela.
Minhas unhas estavam pintadas de preto e não costumava usar maquiagem, porém aquele dia usei base nude, batom rosado e olhos levemente destacados. Naquela época eu era bonita – hoje em dia também, mas o tempo vem para todos. Tenho pele clara, rosto fino, cabelos castanhos claros que ficavam cor de mel na luz do sol e em fotos, olhos castanhos escuros, lábios carnudos, nariz caucasiano e o corpo em boa forma.
Tenho temperamento calmo, às vezes, era tão calma que chegava a ser chata – isso que me marido dizia. Sabia à hora certa de agir. Dificilmente ficava zangada a ponto de estourar.
Certa vez, nosso vizinho saiu tão rápido de sua garagem que acabou batendo no nosso portão. Os seguranças foram imediatamente ver o que aconteceu, nosso vizinho se chamava Marcony. Ele pediu desculpas e explicou que confundiu os pedais de freio com acelerador. Entendi a situação e pedi para ficar tranquilo que nós pagaríamos todo o dano causado, mas ele pagaria o conserto do seu carro. Jonny quase surtou de raiva, enquanto eu fiquei completamente calma.
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ANGEL
RomanceO amor de uma mãe é mais forte do que qualquer coisa no mundo A esperança é forte e ela foi a única que se manteve viva durante 19 anos O amor, pode ser doloroso