Capítulo 14

2 1 0
                                    

MARTA

Nos primeiros dias, depois do sequestro, ficava apenas na sala ao lado do telefone e implorava para tocar, mas ninguém nunca ligou pedindo resgate. Depois de quatro anos a esperança foi embora completamente. Eu sofria, doía, quanto mais o tempo passava mais tinha certeza que não iria encontrá-la.

No dia do aniversário de quatro anos da Angel, pensei em fazer uma cerimônia fúnebre para não deixar sua memória morrer, mas Jonny teve a ideia melhor. Criar um baile beneficente para ajudar o orfanato HOPE. A ideia foi perfeita, assim poderia ajudar crianças e manter a memória da Angel viva em mim.

No ano seguinte, no dia 26 de junho de 1998 fizemos o primeiro baile beneficente. Planejamos durante um ano inteiro. Fizemos muitas parcerias com empresários importantes. Jhon Dimy – dono da marca de chocolates PARIS FLAVOR – foi o primeiro a ajudar, doou €1.000.000 de euros. Cassio também ajudou com dinheiro e ideias.

Assim foi nosso primeiro baile, ele ia durar o dia inteiro e no final todo valor arrecadado iria ser doado para o orfanato. Alugamos o maior salão de festas da cidade. Basicamente o que fizemos foi convidar pessoas para dançar – essa foi a ideia inicial. A atração principal do dia foi as apresentações mirins – meninas e meninos se juntaram e formaram um coral – todos se fantasiaram de anjo. Cantaram a música SOMEWHERE OVER THE RAINBOW versão de Judy Garland – a música passa no filme O MÁGICO DE OZ de 1939. Depois disso essa se tornou a música tema.

O dinheiro doado e arrecadado foi entregue ao orfanato. A Sr. Bruna, dona do orfanato, agradeceu imensamente a boa ação. A situação financeira não estava nada boa, a ajuda foi em boa hora. Aquilo não traria minha filha de volta, mas ver o sorriso no rosto daquelas crianças me deixava alegre.

MARGARETE

Depois do conselho da minha amiga, pensei em fazer o que disse. Realmente não estava sendo uma boa mãe, desde que a babá foi contratada não prestei muita atenção nele.

Despedi a babá e comecei a dedicar todo meu tempo para Edu. Adquiri um amor tão imenso que me tornei incapaz de dizer não a ele, ver aqueles olhinhos brilhando de felicidade a cada presente novo era gratificante, sensação de dever cumprido. Alguém pode falar que isso é mimar, mas não é. Isso é amor, o mais puro e sincero amor de uma mãe apaixonada loucamente pelo filho.

Tinha pena da minha amiga por ter perdido sua filha ainda tão nova, não cheguei nem a conhecer a menina nem saber o nome dela.

Não querendo ser egoísta, mas, pelo menos, em uma coisa venci a Marta, eu tinha um filho. Lindo, forte e fofo. A Marta vencia de mim sempre, tudo dela era melhor. A casa, a vida, as riquezas, até as festas e tem mais... Jonny e eu tivemos um relacionamento amoroso, mas tudo acabou depois que ele ouviu meus interesses. Queria me casar com ele e herdar uma parte do seu patrimônio, não vejo motivo para me dispensar, seriamos o casal mais rico da cidade, mas infelizmente ele conheceu Marta e se casou.

Era triste sim ver o sofrimento dela, mas saber que venci pelo menos uma vez me alegrava. Sempre que podia mostrava para ela como meu filho era feliz.

ANGELOnde histórias criam vida. Descubra agora